A Moda Lisboa arrancou esta quinta-feira, dia 10, no Pátio da Galé, no Terreiro do Paço, 20 anos depois da primeira edição. No rescaldo do primeiro dia (a Moda Lisboa termina no domingo, dia 13), Eduarda Abbondanza, directora do evento, conta em entrevista ao Sapo Mulher como tudo começou e o que mudou em Portugal nas duas últimas décadas.
Foi um bom arranque, mas ainda não consigo fazer o balanço, pois não criei a distância suficiente. Depois de ver as colecções, preciso de ir à sala de imprensa e ver as imagens todas. Só aí terei uma percepção mais exacta.
De repente fazemos 20 anos e nem estávamos a dar conta. Escolhemos o tema “Love” precisamente pelo amor de uma vida dedicada à moda. Também porque o amor é criação, é criatividade. As minhas expectativas, até à última colecção, é ver como os criadores portugueses estão a evoluir, quais são as propostas deles e deslumbrar-me com aquilo que fazem, porque sou uma amante de moda.
É por isso que estou na primeira fila. Não é para estar a fazer companhia a ninguém (risos), é mesmo para ver as colecções e surpreender-me.
Esta edição da Moda Lisboa arrancou só com a comunicação do tema e da parte gráfica das comemorações dos 20 anos. Aqui, não vai haver mais comemorações e a Moda Lisboa não vai tirar o foco da Lisboa Fashion Week, que é a apresentação das colecções. As comemorações vão ocorrer ao longo do ano através de uma série de eventos que ainda não estão fechados. Tivemos que canalizar todo o nosso foco de captação económica para esta edição, pois sabemos que está tudo muito complicado por causa da crise. Tivemos cortes da Câmara, subidas do IVA e tudo isso tem incidências muito grandes no nosso orçamento. Mas vamos retomar o “Sangue Novo”, fazer a festa dos 20 anos algures em Abril, editar um livro e publicar uma colecção sobre moda. Vamos ter ainda uma exposição retrospectiva de toda a parte gráfica, quando for o ‘Experimenta Design’, em Setembro, e outros eventos que não posso divulgar, porque ainda não estão financiados.
Quando começámos, em 1991, havia uma agência de manequins, uma revista de moda e um conjunto de designers que trabalhava sobre estação, isto é, para arrancar com a Moda Lisboa tiveram que começar a trabalhar com seis meses de antecedência. Isto tudo exceptuando sempre a Ana Salazar.
Neste momento, temos ensino de moda a vários níveis, do técnico-profissional, a licenciaturas, mestrados e doutoramentos, temos investigação, centros tecnológicos, “50 mil” agências, muitas revistas de moda e jornalismo. Na altura não havia sequer fotógrafos de moda, não havia nada.
Sim. Fomos um motor. É óbvio que não fizemos tudo, mas abrimos caminho.
(Texto: Inês Costa)
(Foto: Joaquim Gromicho)
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