'As Minhas Escolhas' é o mais recente livro de Helena Sacadura Cabral, que chegou às livrarias no passado dia 23 de outubro.

Uma obra onde a escritora defende as escolhas que fez ao longo do seu percurso e partilha desabafos sobre os mais variados temas, recordando também uma das pessoas mais importantes da sua vida e que partiu em 2012: o filho Miguel Portas.

Presença assídua na televisão, Helena Sacadura Cabral tem participado em vários programas, sendo que recentemente aceitou um desafio diferente. A escritora fez parte da rubrica ‘O Resto é Conversa’, da TVI, e não deixou também de falar da mesma nesta entrevista concedida ao Fama ao Minuto, assim como acerca do seu futuro no pequeno ecrã.

‘As Minhas Escolhas’ é o nome do seu mais recente livro… Das escolhas que fez ao longo da vida, de quais se arrepende e de quais se orgulha?

Arrependimento, diria, que nenhum. Vivi a vida que consenti. Orgulho tenho, sim, nos filhos que Deus me deu!

Notícias ao Minuto

As Minhas Escolhas© As Minhas Escolhas

A experiência de vida leva-a a fazer menos más escolhas?

Todo o ser humano erra. É através desses erros que aprende a viver melhor. Cometi erros, mas foram eles que me ajudaram a ser quem sou. Hoje faço melhores e mais exigentes escolhas!

Nós não somos muito de partilhar dores. Temos um certo recato nisso. Gostamos mais de partilhar alegrias

Na obra diz que seis anos depois da morte de seu filho Miguel terminou o luto. Em que momentos é que mais se sente falta de quem já partiu? A família foi importante para saber gerir a perda ou cada um viveu o seu luto em privado?

Nós não somos muito de partilhar dores. Temos um certo recato nisso. Gostamos mais de partilhar alegrias. A família foi e é um elo importante de suporte mútuo. Mas os amigos e sobretudo a fé, orientada pelo hoje cardeal Tolentino [Mendonça], foram o esteio da aceitação da dor. E também do recomeço de uma vida que tem de velar pelos vivos.

Diz também que fala muito com o Miguel… Que tipo de conversas tem com o seu filho? É o seu conselheiro no silêncio?

Exatamente. Ele é o meu companheiro no silêncio. Mas silêncio pleno de voz, que só ambos sabemos escutar. O Miguel vive de forma permanente comigo.

A partir do momento em que estamos em contacto mais próximo com a morte, alteramos a nossa postura perante a vida?

Não lhe sei responder. Não penso muito na morte. As alterações que tenho feito na minha postura de vida são de forma e não de conteúdo. Basicamente permaneço a mesma pessoa. Só que mais experiente e mais preparada para enfrentar as dificuldades!

O Paulo [Portas] aproveita, agora, mais a minha presença. É sem qualquer dúvida um muito bom filho. Como, aliás, foi o Miguel enquanto vivo

O Paulo Portas começou a ter outra preocupação consigo depois da morte do irmão?

Só ele poderá responder a essa pergunta. Mas creio não errar ao dizer que ele aproveita, agora, mais a minha presença. É sem qualquer dúvida um muito bom filho. Como, aliás, foi o Miguel enquanto vivo.

É uma pessoa de fé e acredita em Deus, aliás, disse recentemente que acredita que a sua mãe, o seu filho, entre outros familiares, estão no céu. Acredita que vai reencontrá-los um dia? Se tiver essa oportunidade, o que lhes dirá?

Acredito piamente, senão nada nesta vida teria significado. E dir-lhes-ei certamente que tinha imensas saudades deles...

Dedicou este livro ao seu pai e confessou que hoje faz certas coisas iguais às que ele fazia e que na altura criticava. Que “coisas” são essas que fez igual ao seu pai?

Ser muito arrumadinha, ter sempre tudo preparado para o que pode surgir, não deixar para amanhã o que devo fazer hoje...

Hoje posso trabalhar em qualquer dos dois privados [SIC e TVI] porque, depois de Daniel Oliveira ter assumido a direção da SIC, os motivos que me afastaram da estação, deixaram de existir. Um desses canais já me sondou!

Neste livro também fala de televisão e elogia alguns rostos do pequeno ecrã. Tem estado presente em alguns formatos, mas recentemente aceitou um desafio diferente, falo da rubrica ‘O Resto é Conversa’. Uma proposta que aceitou pela longa amizade que tem com a Felipa Garnel. Voltaria a participar no formato caso voltasse?

Quando a amizade é incondicional a resposta está dada. O programa se tivesse tido tempo para ser pensado poderia ter tido outro impacto. Mas eu sabia que estava ali a fazer um serviço e, por norma, não falho a compromissos. Tivemos algum grau de loucura, de impreparação, porque preparámos tudo em 5 dias. Mas aquelas pessoas gostavam umas das outras e por isso acabámos por nos divertir.

Agora que a TVI está a sofrer algumas alterações e uma vez que tem uma longa relação de amizade com a Felipa Garnel, há possibilidade de vir a fazer parte de um novo projeto na estação?

Quem sabe? Hoje posso trabalhar em qualquer dos dois privados porque, depois de Daniel Oliveira ter assumido a direção da SIC, os motivos que me afastaram da estação, deixaram de existir. Por outro lado, o facto de a Felipa estar na TVI, também me permite estar à vontade para poder considerar a hipótese. Algo lhe posso dizer: um desses canais já me sondou!

Continua a dizer que não gosta de política, particularmente da partidária. A seu ver, como seria um partido perfeito?

Não há partidos perfeitos. Há apenas aqueles que parecem mais perfeitos e a que eu chamo de mal menor. Foi nesses que fui votando!

Com filhos que estiveram sempre muito ligados à política, um de direita e outro de esquerda, em casa discutia-se política?

Sempre! Mas de modo muito diferente daquele que as televisões nos transmitem. Os meus filhos eram e são pessoas educadas!

Conseguiu sempre distanciar-se do elo familiar? Identificava-se com a visão de algum deles em particular?

Consegui. E mantive sempre os meus pontos de vista pessoais, diferentes da visão que tinha cada um deles.

Gerir financeiramente uma empresa e escrever dois livros por ano, não deixam muito tempo para pensar “no que de mau pode acontecer”!

O feminismo tem adquirido mais destaque nos últimos anos. Qual é para si o próximo passo que mais falta faz nesta conquista das mulheres?

Muito falta ainda fazer, para além do que fica escrito no papel. Mas penso que o Movimento Me Free – o MMF – tem hoje pernas para andar e para conseguir fazer das mulheres seres inteiramente livres.­­

E o que falta conquistar na sua vida? Sente que o passar da idade é um entrave? Assusta-a poder vir a perder alguma autonomia?

Não penso muito nisso, porque trabalho 12 horas por dia. Gerir financeiramente uma empresa e escrever dois livros por ano, não deixam muito tempo para pensar “no que de mau pode acontecer”!

Já está a preparar um próximo livro e continua a destacar-se pelo seu bom humor. É assim que escolhe levar a vida?

É a minha escolha mais importante. E foi aquela que me permitiu perdoar quem me tenha magoado.

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