Nuno Markl recorreu à sua página de Instagram para se manifestar sobre o cartaz que foi retirado e que lembrava as vítimas de abusos sexuais na Igreja.

"Não é um cartaz que estraga tão grande festa. Pelo contrário: este cartaz apenas lembra que há um assunto sério, importante, que não pode ser esquecido e que deve ser falado nesta festa. Creio que o próprio Papa Francisco concordará com isto", começou por dizer.

"Este memorial não era 'publicidade ilegal', porque, para começar, não é publicidade a nada. Pelo que sei, foi espaço comprado através de uma recolha de fundos. Democracia é poder lembrar-se que isto existe, nesta altura. Apagar isto não me parece que seja democracia", destacou de seguida.

"Varrer assuntos para debaixo do tapete é prática comum - o problema é que, com este assunto, o tapete fica com um alto de mais de 4800 crianças de altura", acrescentou.

Mas não ficou por aqui e, pouco tempo depois, voltou a recorrer à mesma rede social para comentar a imagem de uma mulher que "imprimiu uma folha A4 com a mensagem que estava no cartaz censurado e plantou-se junto dele com ela nas mãos". "Para mim, é das imagens mais tocantes que por aí andam. Quem se dá a este trabalho é provável que o faça porque a situação lhe é próxima", afirmou.

"Há muitos católicos que compreendem a existência deste cartaz. Outros olham-no como uma ameaça à paz e à harmonia e disparam com o chamado 'whataboutism': dizem que a pedofilia há noutras áreas, porque é que a Igreja há-de ser diferente? Bem, porque é a Igreja. Eu cresci com um pai fortemente ateu, uma mãe que eu diria que tem o seu quê de agnóstico e avós religiosas. Amei a minha vida inteira, por igual, todas estas pessoas, fosse o meu pai a afugentar congregações religiosas dizendo que a Bíblia dele era O Capital de Karl Marx ou a minha avó Maria a oferecer-me imagens de santinhos, a contar-me a história de cada um deles e a ensinar rezas ao Anjo da Guarda", escreveu.

"As crenças ou descrenças destas pessoas não as definiram como melhores ou piores que outras. Portanto nada me move pro ou anti o que quer que seja quando falo disto", continuou.

"Mas sou anti o lado da instituição dos santos protetores e dos anjos da guarda que esconde casos monstruosos e protege criminosos terríveis. Quando se diz 'deixem a justiça tratar do assunto e não chateiem a Igreja', a questão é que - perdoem-me - mas a Igreja tem mesmo de ser chateada sobre isto. Para que não mais se escondam crimes tão sérios e para que a Justiça possa, como todos queremos, agir. Este cartaz é sobre isso. Não é um 'o teu mundo tem mais pedófilos que o meu'. Por isso é importante. Por isso não deveria ser retirado. E por isso é incrível, esta senhora", completou.