O apresentador de TV Carlos Cruz está a viver horas de expectativa dentro do sentimento geral de ansiedade que o tem acompanhado ao longo do julgamento do processo de alegada pedofilia na Casa Pia de Lisboa.
Tudo porque é já amanhã, sexta-feira, 19, que o colectivo de juízes, presidido pela magistrada Ana Peres, decide se aceita, ou não, ouvir as mais de 300 testemunhas arroladas pelas defesas dos arguidos, em resposta à aceitação pela juíza da alteração de alguns factos e datas, apresentada por João Aibéu, procurador do Ministério Público.
"Estou, naturalmente, muito ansioso. Trata-se de um dia muito importante neste longo julgamento e espero que a juíza aceite as nossas pretensões, pois seria um escândalo se tal não sucedesse. Era a mesma coisa que dizerem que a juíza no dia ‘x' estava a trabalhar no Algarve e, mais tarde, acusarem-na de estar a trabalhar no Porto nesse mesmo dia e hora, sem lhe darem hipótese de demonstrar onde é que, efectivamente, estava", exemplificou Carlos Cruz a SapoFama.
O "Senhor Televisão" concretizou: "Já não bastava termos de nos defender de acusações falsas desde o início do processo, como ainda temos de provar que não estávamos no primeiro sítio e nem no segundo que agora inventaram".
As alterações de datas, locais e da própria natureza dos crimes, aceites pela juíza, não afectam directamente Carlos Cruz, mas envolvem Carlos Silvino ("Bibi"), ex-motorista da Casa Pia de Lisboa e alegado "fornecedor" de menores para encontros sexuais, sendo, por isso, uma figura comum a todos os arguidos.
O embaixador Jorge Ritto, o médico Ferreira Diniz e o ex-provedor da Casa Pia, Manuel Abrantes - estes directamente afectados - apresentaram, cada um deles, mais de uma centena de novas testemunhas, enquanto Cruz se limitou a uma dezena e todas elas residentes junto a um prédio da Avenida das Forças Armadas, em Lisboa, onde o apresentador está acusado de, alegadamente, ter abusado de menores.
"Todos nós queremos que este pesadelo acabe depressa, mas não podemos abdicar da nossa defesa", salientou Carlos Cruz, que passou o Carnaval em Madrid junto de "uns amigos também ligados ao mundo da televisão", embora admita que a audição das novas testemunhas possa arrastar o julgamento por "mais algum tempo".(Texto: Carlos Tomás)
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