Depois de ter lançado o livro 'As Minhas Raízes', Carlos Areia esteve esta tarde, dia 4 e jullho, no programa 'Júlia', da TVI. Inicialmente, o ator começou por recordar a infância, memórias que estão presentes na obra.

Carlos começou com uma grande perda quando tinha dois anos. A mãe do artista morreu, vítima de meningite. Da progenitora, Carlos "não tem memórias nenhumas".

No entanto, foi criado pela avó, tias e pelo pai. A infânica não foi vivida sempre com o progenitor porque este passou uma fase muito difícil quando perdeu a companheira, mãe do ator. "Com a morte da minha mãe - ele era completamente apaixonado pela minha mãe - e desapareceu, meteu-se com os copos, o vinho, perdia empregos. Andou desorientado durante muitos anos", lembrou.

A avó foi um grande apoio e Carlos só tem a agradecer-lhe. Aliás, confessa, hoje sente que "não foi um bom neto". "Acho que falhei porque não tinha formação, não me educaram. Fui violentado e depois não tinha formação para dizer que gostava dela, que podia ter feito muito mais por ela, não fui um bom neto, não retribuí. Ela deu-me a vida", admitiu.

Na altura, vivia com a avó num quarto sem luz, apenas com a luz de um candeeiro. O Natal era sempre um dia marcante, memórias que ficaram. "Ainda hoje não gosto do Natal porque quando chegava aquele dia do Natal, os putos de rua, que eram a minha família, piravam-se todos. Tinham que ir para o pai, para as festas e eu ficava ali, sem ter com quem brincar. Ficava muito triste e ainda hoje não gosto, mas acho graça e curto quando posso com a minha família, com os meus netos", acrescentou.

A primeira vez que recebeu um brinquedo foi aos sete anos, oferecido pela tia Regina. Mas mesmo com todas as dificuldades, afirma: "Não era triste". "Era alegre naquela tristeza. Adorava aquilo e não me apercebia como estava a ser maltratado pela vida", assegurou.

Entretanto, a dada altura foi viver com o pai, mas acabou por fugir de casa e esteve durante 20 anos sem ver o progenitor. A relação voltou a reatar após as duas décadas, quando Carlos já era pai de Cristina, filha mais velha.

Uma conversa muito emotiva, com muitas recordações e que contou com muitas surpresas. Durante a entrevista, o ator foi surpreendido com a presença das irmãs, Júlia e Elisa. Sobre Júlia, Carlos contou que esta também não tem uma vida fácil, uma vez que o marido está em coma desde 1993. "Ela é que trata dele. Se ele tivesse ido para o hospital já tinha morrido aos anos", patilha.

Através de um vídeo, recebeu uma mensagem das filhas e dos netos e a última surpresa foi a entrada da atual companheira, Rosa Bela, nos estúdios.

Carlos e Rosa estão juntos há quase 12 anos. "É estranho [ela adorar-me]. Até de manhã quando eu acordo 'lindo', ela diz: 'Gosto tanto de ti'. Ela deve estar bêbeda", disse o ator na brincadeira, referindo-se à namorada. "Ela gosta muito de mim e eu gosto muito dela, e cada vez a admiro mais. Pela idade que tem, pela força que me tem dado, pelo abre olhos que tem sido na minha vida", continuou.

Apesar de confessar que não diz muitas vezes "amo-te" à companheira, Carlos aproveitou o momento para se declarar a Rosa quando esta entrou no direto: "Ela sabe, eu amo-te muito. Mas ela merece que eu diga mais vezes".

Sobre a relação, a atriz acrescentou: "Aturamo-nos um ao outro. Ele se calhar mais facilmente porque já teve a minha idade e eu é que se calhar tenho que fazer um esforço maior porque ainda não tive a idade dele, espero vir a ter, portanto, é um esforço redobrado, mas consegue-se, é possível".

Mesmo nos momento menos bons, o casal manteve-se unido e, confessa Carlos, foi a namorada que lhe deu força para continuar.

"A situação em si era nova, ele nunca tinha passado por estas dificuldades todas, não sabia muito bem lidar com aquilo e para mim era mau, mas um bocado normal porque eu também não vim de uma família rica, passei por algumas dificuldades familiares. Para mim não era não [era nada que não se pudesse resolver]. E resolve-se sempre. Eu levo as coisas muito assim. Ele vai muito ao fundo. O problema ainda não chegou e ele já está a sofrer por antecipação. Eu disse que quando chegar estamos cá e vamos resolver como sempre resolvemos", explicou Rosa.

Carlos casou-se pela primeira vez com a mãe de Cristina, mas depois não voltou a trocar as alianças. Esteve 30 anos ao lado da mãe de Dulce, a sua segunda filha, e não tem planos para dar o nó com Rosa.

"Não é que tenha pensado nisso, mas pensei mais nela. Eu tenho 75 anos, de hoje para amanhã não sei, esta rapariga vai casar e ficar presa a um casamento de papel? É que não interessa nada", partilhou Carlos Areia.