Antes de começar a cantar, Ana Bacalhau, a voz dos Lupanar e dos Tricotismo, os grupos que integrou antes de ficar conhecida como a voz dos Deolinda, pôs a hipótese de ser escritora e também ambicionou ser professora. Em entrevista à última edição da revista Lisboa, a cantora de 40 anos, que cresceu em Benfica e atualmente reside no Areeiro, fala da paixão que sempre teve pela escrita antes da música lhe trocar as voltas.

"Uma das melhores prendas que recebi foi uma máquina de escrever. Foi oferecida pelos meus pais. Tinha oito anos. Nesse mesmo dia, desatei a escrever uma série de coisas", confidencia a intérprete de êxitos como "Parva que sou" e "Fon-Fon-Fon". Na hora de eleger um curso, com a ideia de ser professora de português e de inglês, acabou por tirar o de línguas e literaturas modernas na Faculdade de Letras de Lisboa.

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Enquanto se prepara para gravar um novo disco, o segundo álbum a solo, depois de "Nome próprio" em 2017, Ana Bacalhau mantém-se fiel à cidade que a viu nascer. "Vivi em Benfica até aos meus 27 anos", recorda. "Agora, moro na zona do Areeiro e faço muito vida de bairro. Também gosto de andar a pé até Alvalade e de passear com a minha filha", revela a cantora. Para se deslocar, nunca opta pelo automóvel. "Ando sempre de transportes públicos. Vou de metro para todo o lado", assegura a intérprete de "O erro mais bonito", single que conta com a participação do cantor e compositor Diogo Piçarra.

"Só não uso bicicleta, como o meu marido, que é fã das ciclovias, porque ainda estou a aprender a andar", desabafa Ana Bacalhau, uma alfacinha de gema, "da parte do pai, há várias gerações", que se inspira na capital para dar continuidade à vida que escolheu. "A minha cidade é o fundo de tudo o que fiz e faço. Mas em Lisboa mora também o país e o mundo inteiro e isso é um estímulo à criação artística", afirma a cantora lisboeta.

Ainda assim, Ana Bacalhau olha para o futuro com alguma apreensão. "Lisboa é uma cidade muito apetecível para viver mas é preciso saber conseguir equilibrar a pressão turística e a oferta de habitação para os residentes locais", adverte. "Hoje, os centros das cidades de todo o mundo são todos iguais e isso é algo que não quero que aconteça na minha cidade", critica. O charme de Lisboa são os costumes de quem a habita", elogia.