De início, resistiu. Apesar da (muita) insistência de uns amigos que viviam em Cascais e que descreviam Portugal como "o paraíso", não sentia grande apelo para vir conhecer o país. "Já tinha casas em Veneza, em Cap Ferrat e em Formentera e não via qualquer interesse em ir para outro lado", assume o conceituado arquiteto e designer francês Philippe Starck, nascido há 70 anos em Paris, em entrevista à revista Lisboète Magazine.
Um dia, acabou por vir. E apaixonou-se! "É incrível descobrir um país com a minha idade", confidenciou à publicação. "Fiquei imediatamente rendido ao ambiente amigável que se vive aqui", revela o criativo, que também se encantou com "as grandes ondas, a pequena vila e o pequeno porto" de Cascais. "Tive uma visão, como a quadratura de um círculo. Encontrei o sítio que procurava e que nunca tinha encontrado", desabafa.
Apesar da beleza da zona, o que mais cativou Philippe Starck foram as pessoas que foi encontrando ao longo daquela que rapidamente se transformou numa das maiores viagens de descoberta da sua vida. "Vi-me, de repente, num dos últimos locais do mundo onde as pessoas ainda tinham um sentido de humanidade", elogia. "Eu saio pouco mas, quando o faço, fico feliz por constatar que ainda há pessoas cheias de bondade, generosidade, honestidade e uma profunda amizade. Com o tempo, pude verificar que também se pode juntar a essas qualidades a fidelidade", enaltece o francês.
"Eu não fiquei em Portugal. Eu fiquei com os portugueses", confidencia Philippe Starck. "Os portugueses são como uma doença que se apanha ou como uma droga da qual ficamos aditos", elogia. "Eu dou, em média, uma volta ao mundo por semana e conto os minutos para regressar aqui. Depois de termos conhecido os valores destas pessoas, deixámos de compreender os valores dos outros", assegura o arquiteto e designer.
A paixão pelo país levou Philippe Starck a percorrer Portugal e a interessar-se pela história portuguesa. "Tenho um fascínio enorme pelo infante D. Henrique", assume. Apesar do encanto, ainda não aprendeu a falar português, ao contrário da mulher e da filha, que já dominam a língua com alguma facilidade. "É uma vergonha!", admite. Além de Cascais e de Sintra, gosta de ir até a Ericeira e a Peniche e de se perder no Alentejo.
"Vou lá pouco, mas Lisboa tem um ar formidável. E é muito diferente das outras cidades que eu conheço. Com as suas colinas e as suas pequenas ruas inclinadas, torna-se muito teatral. Não é uma cidade. É uma obra de arte!", descreve o arquiteto e designer, que elegeu Grândola, no Alentejo, para construir uma nova casa. "O que me agrada lá é que ainda nada foi profanado", justifica. "Posso dizer que descobri lá o paraíso", confessa.
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