Alexandra Lencastre contou no 'Alta Definição', da SIC, que na segunda gravidez estava à espera de gémeos, um menino e uma menina. No entanto, o rapaz "não evolui" e só viu nascer a filha, Catarina.

Um assunto que "nunca partilhou com ninguém, especialmente em público", como referiu em conversa com Daniel Oliveira.

"Quando estava grávida da minha filha Catarina, segunda filha, estava grávida de gémeos. E um dos gémeos, que era rapaz, não evoluiu. Portanto, soubemos muito cedo que a outra criança não iria nascer e vivemos uma gravidez de risco, com medo que a Catarina também não sobrevivesse", recordou.

"A minha médica dizia-me que eu não podia andar, que não podia correr, que não podia pegar na Margarida ao colo… Mas também não podia ficar deprimida porque se não a criança que ia nascer seria uma criança triste. 'Tem que amar essa criança que vem aí'", lembrou ao falar das palavras da médica.

"E eu disse: 'Então como é que a doutora sugere que eu faça esse equilíbrio?'. E ela baixou os olhos e disse: 'Minha querida, esse equilíbrio é a vida'. E é! Como é que podemos viver, rir, amar, chorar, trabalhar, ter desilusões, continuar, ter alegrias, vencer, ter prémios, sabendo que um dia vamos morrer…? É mantendo o equilíbrio", acrescentou, referindo depois que acabou por "fazer um luto um bocadinho sozinha".

"Porque as outras pessoas, como foi muito cedo, optaram rapidamente por querer apagar um bocadinho da memória essa questão e concentrar-se na bebé que aí vinha, e que nos ia trazer felicidade. Mas eu vivi esse luto muito sozinha, e ainda vivo porque gostava muito de ter três filhos. Costumo dizer sempre que três é a conta que Deus fez, e gostava muito de ter tido esse filho. E faz-me falta esse filho, essa energia masculina. Fez-me falta toda a vida não ter tido esse rapaz, mas é a vida e temos que aceitar", confessou.

"Por alguma razão ele não veio, virá noutra vida ou será filho de uma das minhas filhas. Mas houve uma fase que foi complicada e que eu talvez não soubesse, nos primeiros dias, ser tão fofinha com a minha filha que tinha acabado de nascer. Depois tudo se recupera e hoje dou-lhe tantos beijos que ela até fica enjoada", rematou.

Ainda em conversa com Daniel Oliveira, desabafou que "dói deixar as filhas voarem", partilhando também que se "arrepende" de algumas coisas como mãe, destacando o quanto foi "dura" para as filhas quando eram crianças.

A atriz recorda que preparava as filhas e que era "exigente" na postura de um almoço, por exemplo. "Elas foram crianças menos felizes e menos espontâneas por causa disso. E eu não me lembrava que tinha sido assim tão dura com elas. Aí falhei muito como mãe, portanto, peço desculpa às minhas filhas, Margarida e Catarina", disse.

Além disso, destacou o apoio das filhas quando decidiu deixar a TVI e mudar-se para a SIC.

As grandes paixões na vida de Alexandra Lencastre

O curto casamento com Virgílio Castelo foi também destacado durante a entrevista. "Vivi uma paixão arrebatadora pelo Virgílio Castelo, coitado. Eu fazia-lhe a vida num inferno. Ele estava numa fase da vida de libertação, tinha-se divorciado, tinha uma filha pequenina, queria sair, dançar, viajar, e eu queria casar, ter filhos. Portanto, ele já não me podia ver à frente, mas eu estava tão apaixonada que não largava. E casei com ele. Mas separámo-nos um ano depois e ficamos grandes amigos. Hoje somos grandes amigos", salientou.

Ao falar do casamento com Piet-Hein Bakker, destacou que o produtor de televisão foi "o grande amor da sua vida". "Foi um amor muito abençoado e por isso é que nasceram a Margarida e a Catarina".

O desejo de voltar a dar o nó e a marca dos 50 anos

Alexandra confessa que, se pudesse, voltava a ser mãe e gostava de casar de novo. "Mas, se calhar, não vou voltar a casar, a conseguir dividir o espaço".

Ao longo da entrevista, realçou também que "aprendeu a agradecer e já não volta a ser a Alexandra que não sabia agradecer".

E como é ser Alexandra Lencastre? "É uma pessoa difícil. Mudo de humor rapidamente, facilmente, isso pode ser incómodo. Talvez me tenha isolado um pouco por causa disso".

"Estabeleci as minhas prioridades e os quatro pilares, a profissão, família, o dinheiro (é preciso pagar as contas, portanto, é importante ter essa parte estabilizada também), a vida pessoal que não tenho neste momento uma vida amorosa, mas tenho amizades. E estes pilares são, de facto, muito importantes. E eu ao querer manter estes pilares completamente sólidos, se calhar não crio muito mais espaço para voltar a ser aquela Alexandra dos 20 tal e dos 30 anos que saía muito, que ria muito, que brincava muito, que era mais disparatada. Há pessoas que têm saudades dessa Alexandra, mas também era um bocadinho cansativa", respondeu.

A atriz, de 56 anos, admitiu também que "foi-se abaixo com a idade". "Acho que os 60 marcam mais os homens, os 50 mais as mulheres. É a partir dos 50 que se dá uma grande revolução na nossa cabeça. Começamos a ver muito bem a finitude, quanto tempo é que me falta", disse.

"Começamos a perceber que já estalamos por todos os lados e que o corpo já não responde com a mesma energia, a mesma vitalidade. Ficamos danadas porque perdemos imenso tempo a queixar-nos quando podíamos fazer as coisas e éramos mais felizes, e agora queremos fazer e às vezes já não temos força", acrescentou.

E como é a vida de Alexandra Lencastre quando a porta se fecha? "Às vezes não é nada fácil. Às vezes não me apetece nada ir para casa. Mas não quer dizer que esteja deprimida, quer dizer que neste momento talvez me faltem alguns estímulos e que esteja um bocadinho preguiçosa".

"Chego a casa e a casa está vazia. Preparei esta casa para ser uma casa de família e os quartos das minhas filhas estão vazios, o quarto dos meus pais está vazio, o quarto do meu irmão está vazio, o meu quarto está vazio e a casa está sem ninguém. E não falo mais a não ser que fale ao telefone. E às vezes odeio a casa e não tenho energia para voltar a sair de casa", partilhou.

Nas noites em que fica acordada, confessa, "às vezes passa-lhe pela cabeça desistir, outras vezes passa-lhe pela cabeça apresentar imensos projeto [a Daniel Oliveira]". "Passa-me pela cabeça muita coisa. Passa-me pela cabeça dizer imensas coisas que ainda tenho por dizer a tanta gente", desabafou.

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