Foi há precisamente 74 anos, a 5 de julho de 1946, que Micheline Bernardini, na altura com 18 anos, surgiu, muito sorridente, em público com aquele que é oficialmente o primeiro biquíni a ser apresentado num evento público. Como nenhuma manequim aceitou desfilar com o traje de banho reduzido idealizado por Louis Réard, o criador de moda contratou a bailarina do Casino de Paris, nascida em Colmar, na Alsácia, no norte de França. A dançaria, que ainda é viva, tem atualmente 92 anos.
A criação de duas peças foi apresentada numa concorrida conferência de imprensa na Piscine Molitor, em Paris, hoje convertida em hotel de luxo. Na altura, o escândalo foi grande. As fotografias de Micheline Bernardini em biquíni, que todos queriam ver, correram mundo. Só o jornal International Herald Tribune publicou nove notícias. A dançarina, até aí desconhecida, transformou-se numa celebridade internacional. Só nas semanas seguintes, recebeu mais de 50.000 cartas de fãs.
"É preciso ter em conta que ninguém ia à praia há anos", recordaria, mais tarde, Jamie Samet, que escreveu vários livros sobre moda. A II Guerra Mundial e a ocupação nazi tinham mergulhado a Europa num período conturbado que só agora começava a regressar à normalidade. "As pessoas ansiavam pelos prazeres do mar e do sol. Para as mulheres, vestir um biquíni representava uma segunda libertação. Não existia ali qualquer conotação sexual. Muito pelo contrário. Era a celebração da liberdade e o regresso às alegrias da vida", sublinha Jamie Samet.
Na altura, Micheline Bernardini foi fotografada a segurar uma pequena caixa de cartão. A ideia de Louis Réard era conseguir demonstrar que as duas peças que estava a apresentar podiam ser comercializadas e guardadas numa embalagem muito pequena. Dois anos depois, a bailarina emigrou para a Austrália. Para assinalar os 40 anos da famosa apresentação, a antiga dançarina gaulesa voltou, aos 58 anos, a fazer uma ousada produção fotográfica que, mais uma vez, correu mundo.
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