Apesar da crise que assola o país, há quem não os dispense na sua alimentação, nem que seja apenas em confecções especiais ou em momentos de convívio à mesa mais requintados.

São cinco diamantes gastronómicos apontados pelo chef José Avillez e são os verdadeiros tesouros
que deve ter à mão se deseja entrar no grupo
restrito e exclusivo dos gourmets.

Perceba o que
os torna estes ingredientes tão especiais (e caros) e saiba como podem ser
degustados:

Açafrão

É a especiaria mais cara do mundo. E é fácil
perceber porquê. Para obter 500 gramas de
açafrão são necessárias mais de 250 mil flores.
A dosagem tem de ser perfeita. Por exemplo,
José Avillez utiliza o açafrão num prato de
robalo escalfado.

«Cada peça de robalo, com
cerca de 160 gramas, leva dois filamentos de
açafrão, ou seja, para quatro pessoas devem ser
utilizados oito filamentos». Como é muito caro
existem falsificações, por isso o melhor é comprá-lo numa loja de absoluta confiança.

1 g de açafrão custa em média cerca de 6,10 €.

Vagem de baunilha

Um condimento, na opinião de José Avillez,
«simplesmente maravilhoso». Provém das vagens
de uma orquídea mexicana e são os cristais
brancos da vanilina, que se agarram à vagem,
que lhe dão o seu sabor e aroma considerados
tão especiais.

O chef destaca o créme brulée para
melhor apreciar a baunilha. «Abre-se a vagem
ao meio, com a ajuda de uma faca fininha, e
tiram-se as sementes que são usadas na infusão
do créme brulée.» Um quilo pode chegar aos 500
euros, mas para uso doméstico basta comprar
alguns gramas.

3 g de vagem de baunilha custam em média cerca de 2,50 €.

Foie gras de ganso trufado

Em francês significa fígado gordo. É o fígado
de um ganso super alimentado e, neste caso,
enriquecido com trufas. Considerado uma das
maiores iguarias da culinária francesa, possui
uma consistência amanteigada e sabor mais
suave em relação ao fígado normal de pato.
Normalmente é barrado em tostas e servido
como entrada.

210 g de foie gras de ganso trufado custam em média cerca de 37 €.

Trufa branca

É um fungo raro e subterrâneo leiloado e vendido
a preços exorbitantes. O que o torna especial
é o facto de a sua cor, sabor e perfume serem
determinados pela árvore junto à qual se desenvolveu,
normalmente choupos, carvalhos e
tílias.

O seu perfume é uma mistura de alho,
parmesão, musgo e gás. A trufa branca é utilizada
quase exclusivamente
crua e laminada fina e
directamente sobre o prato, sendo empregue em
doses mínimas. Cada prato leva, no máximo, 20
gramas. José Avillez destaca os ovos estrelados
ou mexidos para melhor apreciar esta iguaria.


Veja na página seguinte: O ingrediente que custa três mil euros... o quilo!

O preço do
quilo de trufa branca pode chegar
aos três mil euros.
No espaço comercial El Corte Inglés
pode comprar 20
gramas
por 70 euros, mas
terá de encomendar.

Caviar beluga

O caviar de esturjão Beluga é o mais apreciado
mas também o mais caro de todos, principalmente
agora que está em vias de extinção.

Produz ovos
maiores (podem atingir o tamanho de uma ervilha)
e a cor varia do azul claro ao preto.

Os mais
valiosos são os mais claros porque são produzidos
por peixes mais velhos, que demoram cerca de
20 anos a atingir a maturidade. O caviar deve ser
servido sobre gelo e comido com blinis (pequenas
tostas fofas e com furos). «Também se pode acompanhar
o caviar com crême fraiche», sugere ainda o chef.
Na Rússia Imperial, onde era muito apreciado, o caviar beluga era utilizado
para revitalizar o organismo cansado.

100 g deste caviar custam em média cerca de 560 €.

Texto: Raquel Amaral com José Avillez (chef)