Há vinte anos, ninguém iria acreditar na ideia de que o autocaravanismo seria hoje uma das principais tendências do turismo em Portugal. A onda de adeptos do famoso “turismo sobre rodas” está a ganhar força e esse crescimento tem uma explicação.
Viajar de autocaravana é sinónimo de liberdade. Os viajantes, ao poderem definir todo o itinerário durante o percurso e com a diminuição das restrições face à COVID-19, usufruem de uma flexibilidade a 100% no seu plano, além da privacidade e segurança que a atividade acarreta.
A par desta versatilidade, o contacto com a natureza é extremamente valorizado pelos autocaravanistas. Portugal é um país com um clima invejável durante todo o ano, o que funciona como um excelente cartão de visita, tanto para estrangeiros como para portugueses que pretendem descobrir melhor a riqueza tão diversa do país. Aliás, foi este o aspeto que mais me marcou nas viagens que fiz por Portugal, quando já tinha descoberto tantos países pelo mundo fora.
Engana-se quem acha que o turismo itinerante apenas se destina aos aventureiros mais ousados ou a uma faixa mais avançada que desfruta calmamente os seus dias. Por norma, o perfil são casais e famílias com um ou dois filhos, que rondam a faixa etária dos trinta aos cinquenta anos, seguidos de jovens casais e grupos de amigos. Viajar desta forma é uma oportunidade de ouro para pais e filhos usufruírem de tempo de qualidade, das melhores vistas para o pôr do sol e para construírem memórias inolvidáveis.
Segundo a Associação Automóvel de Portugal, a venda de autocaravanas registou um crescimento de quase 25% em 2021, o que é extremamente positivo. Este número é representativo da importância que os viajantes atribuem a umas férias personalizáveis.
Embora não utilizem o ano todo o seu veículo, os proprietários podem alugar entre particulares e rentabilizar o investimento. Com uma estrutura de uso partilhado, o melhor de dois mundos passa de ilusão a realidade. É possível que os viajantes aluguem uma autocaravana perto de casa ou do destino de férias, contando ainda com conselhos dos proprietários e, simultaneamente, que estes mesmos proprietários rentabilizem o
seu investimento e diminuam os custos de manutenção do seu veículo, podendo, na maioria dos casos, usufruir da segurança de um contrato e seguro de aluguer. Com a partilha, todos ganham.
A pandemia deixou marcas na forma como se desfruta umas férias. O contacto com a natureza, o tempo de qualidade em família ou a autonomia em viagem são fatores com cada vez mais peso e que se encontram facilmente no universo do “slow tourism”. Por essa razão, acredito que serão poucos aqueles que nas próximas duas décadas não tenham vontade em aderir a esta prática.
Assim, que tendências prevejo para o futuro deste setor? Conto com o retorno à normalidade sem restrições, mais viagens no interior do país e mais visitas a praias fluviais. Conto também com o crescimento da “sharing economy”, tanto no turismo itinerante como noutras áreas.
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