O realizador norte-americano David Lynch reparou nele e convidou-o para decorar Silencio, o clube noturno parisiense inspirado no que surge no filme "Mulholland Drive", com Naomi Watts e Laura Harring. O proprietário do Hôtel National des Arts et Métiers seguiu-lhe o exemplo e convidou-o para aquele que seria apenas o segundo trabalho de um dos novos decoradores de interiores em voga em território francês.
Localizado entre os bairros de Montorgueil e do Marais, um dos mais trendy de Paris, a 600 metros do Centre Georges Pompidou, o famoso complexo museológico de arte moderna, este novo hotel parisiense concebido por Raphaël Navot seduz quem lá entra, como foi o nosso caso, desde o primeiro minuto. O nome deve-o ao antigo instituto de engenharia e manufatura que, em tempos, existiu ali mesmo ao lado.
Foi lá que o designer de interiores, que gosta de respeitar os códigos arquitetónicos mais marcantes de cada época, foi procurar inspiração quando renovou o edifício do número 243 da Rue Saint-Martin que o abriga, um prédio com a traça que Georges-Eugène Haussmann imprimiu à capital francesa quando a revolucionou, entre 1853 e 1870, com a criação de grandes avenidas, os famosos grands boulevards.
Na hora de decidir o conceito estético a dar ao Hôtel National des Arts et Métiers, Raphaël Navot não teve dúvidas. Além da pedra natural, influenciado pelo traçado dos telhados parisienses, apostou no ferro forjado, na madeira de carvalho e no metal oxidado, criando uma unidade hoteleira de cinco estrelas moderna e atraente, eclética e sedutora, mais escura do que a maioria, onde os cinzentos predominam.
"Este singular design hotel oferece uma experiência parisiense completamente nova", garante o magnata da indústria da moda Samy Marciano, o proprietário do empreendimento, que também possui o conceituado Hotel Bachaumont. Com 66 quartos e suites, um spa, um ginásio, um restaurante e um bar que atrai todas as noites uma clientela jovem e urbana, ávida de espaços vibrantes, abriu em meados de 2017.
Sofisticação francesa num ambiente descontraído
As paredes dos quartos são de betão mas exibem um acabamento acetinado. Combinadas com o chão de madeira de carvalho, as cabeceiras da cama texturadas da reputada marca Kvadrat, as cortinas leves em tons suaves e neutros, as camas confortáveis e um mobiliário com um design moderno e urbano, conferem-lhes um estilo industrial chic, como alguns dos que já lá pernoitaram o definiram.
"Independentemente da categoria, todos os quartos possuem generosas casas de banho revestidas a tijoleira, um elegante bar no quarto e todos os confortos modernos que os viajantes de hoje ambicionam", pode ler-se no site do hotel. A promessa não defrauda as expetativas. Os mais exigentes podem ainda contar com uma máquina de café Nespresso no interior da habitação, um dos muitos pequenos luxos.
Além de quartos e suites com e sem varanda ou acesso a um terraço, com preços a partir dos 184 €, o Hôtel National des Arts et Métiers disponibiliza ainda, no último andar, um estúdio de 26 metros quadrados e um ateliê com uma área de descanso e uma área de trabalho com 33 metros quadrados com vista para os telhados de paris. Os dois espaços podem ser unidos, convertendo-se numa habitação de 60 metros quadrados.
A luxuosa penthouse, que ocupa uma área de 100 metros quadrados e tem um terraço privativo de 10 metros quadrados, a mais exclusiva, custa um mínimo de 1.300 € por dia. Um verdadeiro apartamento parisiense que também ocupa o topo do edifício. Nos andares mais baixos, Raphaël Navot também pôde dar largas à sua criatividade, criando uma galeria de 250 metros quadrados com o mesmo espírito do hotel.
Espírito vintage com um twist moderno
O estilo vintage com um twist moderno é um traço distintivo, como constatámos in loco quando lá pernoitámos. As icónicas cadeiras Tatra, os sofás em veludo, os apontamentos em cabedal e a própria seleção dos objetos que o decoram fogem, muitas das vezes, ao estilo francês mais típico, conferindo a esta unidade hoteleira um aspeto nova-iorquino. Uma opção estética surpreendente num lugar que se quer de fusão.
Fusão de estilos e fusão gastronómica. Apesar da cozinha francesa ser uma das mais elogiadas do mundo, o restaurante do Hôtel National des Arts et Métiers, o Ristorante National, uma trattoria chic, aposta na cuccina italiana, para além da sua chichetteria, um pequeno espaço de restauração adicional que serve tapas e snacks. A ementa tem o cunho de Julien Cohen e da prestigiada dupla Jean-Pierre Lopes/Thomas Delafon.
O pequeno-almoço, uma das experiências favoritas de quem pernoita num hotel, como não podia deixar de ser, não deixa nada a desejar. Além dos típicos croissants, das famosas baguetes e dos ovos preparados na perfeição, há panetone italiano, muesli orgânico, iogurte grego e muitas outras propostas tentadoras para começar o dia de barriga cheia. À noite, é imperdoável não desfrutar do Herbarium.
Neste bar, muito frequentado a partir do final da tarde, as bebidas, muitas delas coquetels com a assinatura do mixologista Oscar Quagliarini, são preparadas com provetas de perfume de vidro com um formato vintage e servidas no cenário de floresta selvagem que marca a decoração do espaço. Alguns deles usam mesmo fragrâncias de rosa, bergamota ou vetiver, habituais nos perfumantes, na sua composição.
Este espaço é todo ele muito hipster, à semelhança do staff que simpaticamente nos acolhe na receção. Le bar sur le toit, o bar semi-privado localizado no topo do Hôtel National des Arts et Métiers, com capacidade para apenas 30 pessoas, é um dos segredos mais bem guardados desta unidade hoteleira. Para desfrutar de uma vista exclusiva num ambiente selecionado, o melhor é reservar sempre antecipadamente.
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