Tem nome de país e o sossego de uma pacata vila mas, na verdade, é uma elegante cidade, que se divide em duas. A parte velha é Património Mundial da Humanidade decretado pela UNESCO e a parte nova acolhe as mais altas estâncias europeias. De um lado, mais de mil anos de história, do outro nem um século. Pequena de tamanho mas com uma história que conta já 1.050 anos, a cidade de Luxemburgo tem o charme próprio das urbes do centro da Europa e a vantagem de poder ser percorrida sem pressas e de nela termos sempre um pé no passado e outro no presente. Comecemos pelo passado, que lhe dá uma atmosfera elegante e um ar medieval.
Os edifícios históricos (muralhas, igrejas, palácios, museus e pontes) e os tons pastel que predominam. A Catedral de Notre Dame, o palácio dos grãos-duques, a Câmara dos Deputados, a Igreja de São Miguel e a Igreja Protestante são alguns dos edifícios emblemáticos que podemos admirar a caminho da Corniche, uma das varandas mais bonitas da Europa. Lá em baixo vê-se o rio Alzette, o Rham Plateau e o pitoresco bairro de Grund. A Place Guillaume II (onde há um mercado de produtos alimentares e flores, à quarta e ao sábado) e a Place d’Armes são dois pontos de encontro dos habitantes da cidade.
A próxima paragem é, no entanto, no Museu da História da Cidade, construído onde outrora foram casas de habitação, ligadas por estruturas de vidro. O expoente máximo desse encontro entre o antigo e o moderno é o elevador panorâmico, com 18 metros quadrados. Leva-nos até ao último andar para observar a cidade e, na viagem para os pisos inferiores, faz-nos atravessar paredes de pedra que lembram que debaixo da cidade há uma outra, as labirínticas Casemates, abertas de junho a outubro. Ainda dentro do museu voltamos à rua, numa sala tridimensional que nos transporta para a rua Du Marché-aux-Herbes, onde se situa o palácio dos grãos-duques, em pleno século VXVII.
Terra de lojas e de chocolatarias
É já com a história da cidade na ponta da língua que descobrimos o comércio local. Sobressaem as encantadoras chocolatarias, como a Chocolate House com 60 variedades de chocolate quente e os cafés, com destaque para o acolhedor Konrad, que à noite é um clube de comédia. O teatral Arte Café é outro dos pontos de passagem recomendados, tal como as pastelarias, como a Oberweiss ou Léa Linster Délicatessen com as suas famosas madalenas. Mas a cidade também não desilude quem quer fazer compras, o que pode fazer no final deste primeiro dia na cidade.
Na Retrovolver, encontramos roupa e acessórios vintage e na Smets Luxury Outlets grandes marcas com descontos. Na Fabienne Belnou, outra das nossas sugestões, encontra deslumbrantes joias luxemburguesas. Para provar os pratos típicos do Luxemburgo, a opção é o Mercado do Peixe, local onde existem diferentes restaurantes, entre os quais o Caves Gourmandes mas, se tiver saudades de comida portuguesa, não hesite em ir ao Lisboa II para provar o leitão da Bairrada e as francesinhas. No segundo dia na cidade, uma nova visita.
Do outro lado do rio Alzette situa-se a parte nova da cidade, Kirchberg onde se pode chegar a pé, de bicicleta ou de autocarro (um bilhete para um dia custa cerca de 4 € e dá para ir a qualquer ponto do país). Nesta margem, reina a arquitetura contemporânea, bem como as instituições europeias, entre as quais o Banco Europeu de Investimento e o Tribunal de Contas. É também neste moderno bairro que está situado o maior cinema da cidade, o único centro comercial, o Teatro Nacional e a Ópera, bem como dois importantes museus, o Dräi Eechelen e o Museu de Arte Moderna Grão-Duque Jean, também conhecido como MUDAM.
O primeiro está localizado onde antigamente estava uma das fortalezas da cidade, como testemunham as torres que sobreviveram. Este mostra-nos a história bélica do Grão-Ducado, que foi ocupado por austríacos, franceses, holandeses e espanhois. Ao sair do museu Dräi Eechelen, há que olhar para o vale, onde está situada a cidade velha e desfrutar da vista. Já o MUDAM, apesar do nome, não é um museu de arte moderna mas contemporânea. Construído em forma de seta, tem um hall com muita luz natural, agora decorado com peças de Lee Bul, uma artista coreana, onde se pode desfrutar da atmosfera cool deste museu sentado numa instalação de madeira.
Veja na página seguinte: O brunch imperdível e as localidades mais pitorescas
O brunch de produtos biológicos da cafetaria do MUDAM é imperdível pela comida e pelo espaço. E, como no Luxemburgo tudo é perto, pode sair da cidade rumo ao norte do grão-ducado para visitar as pequenas e pitorescas localidades de Vianden e Clervaux. A primeira é conhecida por ter um dos castelos do período românico e gótico mais bonito da Europa e a segunda por o seu castelo albergar uma famosa exposição de fotografias, «Family of Man», que integra a lista de Registo da Memória do Mundo da UNESCO. Desta exposição fazem parte 503 fotografias, algumas de nomes famosos da fotografia como Robert Capa, Henri Cartier-Bresson e Ansel Admas.
A ideia desta exposição partiu de um luxemburguês, Edward Steichen, que foi diretor do departamento de fotografia do MOMA, em Nova Iorque, onde esta exposição se estreou em 1955. O objetivo era retratar a humanidade e isso acontece de forma exemplar, quer em momentos de profunda tristeza quer de alegria desregrada, de pobreza ou de riqueza, de paz ou guerra. E assim se passam dois dias por terras luxemburguesas, que podem ser o ponto de partida para explorar os países vizinhos, Bélgica, França e Alemanha.
Um dos pontos fortes do Luxemburgo é a sua centralidade e a sua pequena dimensão que nos permite chegar depressa a qualquer lado e até passar as fronteiras quase sem darmos por isso. Para dormir, sugerimos o Hotel Meliá Luxemburg. Situa-se em Kirchberg, mesmo ao lado do MUDAM e perto do centro de exposições e da ópera. O design é vanguardista e os quartos têm uma vista deslumbrante para a cidade velha. Preços a partir de 165 €.
Texto: Rita Caetano
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