Percorrer a Estrada Nacional 2 foi algo mágico e indescritível. Conhecemos várias zonas do nosso país que desconhecíamos e que provavelmente se manteriam no anonimato para nós, se não tivéssemos escolhido pôr o pé na estrada. Percorrer o EN2 é encontrar uma rota histórica e é fazer parte do património português. Portugal é mesmo um país cheio de riqueza e diversidade. Riqueza de histórias, de valores, de tradições, de paisagens, de trilhos, de memórias. Começamos esta aventura nas terras altas, nas montanhas, nas termas, passamos a maravilhosa vista das vinhas em socalcos, que de repente se transformou numa outra montanha, com outra vegetação, que lentamente se transformou novamente e suavizou até entrar nas planícies para nos voltar a surpreender com outra serra, antes do merecido banho de mar.
Quinto dia – Penacova, Vila Nova de Poiares, Góis, Pedrogão Grande, Vila de Rei, Sardoal, Abrantes
O nosso quinto dia de viagem começou em Penacova, local onde chegamos já de noite e que nos pareceu um presépio encantado. Ficamos no topo, junto de uma pequena igreja, sentíamos a promessa de uma grande vista quando despertássemos. E assim foi! Acordar entre montanhas com o rio a serpentear o vale e assistir ao nascer do sol foi simplesmente mágico e indescritível. Confesso que para mim foi uma grande surpresa esta linda vila. Todos nós conhecemos o nome Penacova. Mas, fazemos alguma ideia onde é, como é? Eu não fazia. E descobri uma terra encantada de rios e ribeiras, miradouros charmosos, de moinhos e azenhas, de vento e água. Descobri uma terra que nos faz sonhar. Passeamos na vila e sentimo-la despertar, as ruas a ficarem movimentadas e a vida a acontecer. Passaríamos aqui mais tempo, mas o espírito da viagem começou a chamar e pusemos de novo o pé na estrada.
A primeira paragem foi Vila Nova de Poiares. Atraídos por um mural gigante e por uma cerveja artesanal local, quis a vida que nos encontrássemos com o Sr. Rogério, que nos brindou com muitas histórias e carimbou o nosso passaporte EN2.
A estrada continuou percorrendo vales e montanhas deixando-nos completamente deslumbrados. Góis foi o destino que escolhemos para nos refrescarmos nas suas águas cristalinas. Desconhecia também este destino e posso dizer que encontrei uma vila muito simpática e acolhedora. Fiz o almoço, na nossa “Zeninha” [a carrinha da Daniela e do Luís], como sempre biológica, consciente e natural. O cenário junto ao rio foi o local perfeito para nos deliciarmos com esta bela refeição, uma vez que Góis é “rasgado” pelo Vale do Rio Ceira. É sem dúvida um local a visitar, parar e relaxar.
Por muito que estivéssemos relaxados a viagem tinha de continuar. O ponto seguinte foi Pedrogão Grande. Esta vila apesar de ser relativamente próximo do local onde agora resido, nunca foi um local que tivesse escolhido visitar. Talvez por isso quis mesmo parar e conhecer um pouco melhor. A vila é simpática embora todas as atrações estejam um pouco dispersas. Aqui encontrei o posto de turismo mais bonito que conheço em Portugal. Um edifício em Pedra, reconstruído a partir de uma ruína que nos revela uma simbiose perfeita entre o moderno e o antigo. Fiquei mesmo apaixonada por ela. Se passarem perto façam uma visita. Uma das principais riquezas deste concelho é o seu património natural. A melhor forma de a descobrir é através dos percursos ao lado do Rio Zêzere ou os que acompanham a Ribeira da Pena. Diz quem fez que são de uma beleza ímpar. Eu acredito, pois Portugal é um país cheio de relíquias naturais escondidas, que só se revelam aos mais atrevidos que as procuram.
Os Passadiços da Ribeira das Quelhas, são outro ponto de referência desta zona. Estão localizados junto à aldeia do Coentral Grande, no concelho de Castanheira de Pera, e seguem pela margem direita da Ribeira das Quelhas.
Apesar de preferirmos caminhar, a proposta desta viagem é fazer a Nacional 2 de fio a pavio, pelo que a nossa opção foi o miradouro da Barragem do Cabril que nos permitiu ver o enorme lago e, no lado contrário, o vale profundo do Zêzere onde se encontram duas pontes. Uma dessas pontes foi classificada como monumento nacional por ter sido construída no início do século XVII e de seu nome Ponte Filipina. Os Passadiços da Ribeira das Quelhas, são outro ponto de referência desta zona. Estão localizados junto à aldeia do Coentral Grande, no concelho de Castanheira de Pera, e seguem pela margem direita da Ribeira das Quelhas ao longo de aproximadamente 1,2km (sensivelmente 2,5km, contando ida e volta). É um percurso curto, mas de uma beleza quase indescritível! Desde a nascente, todo o percurso da Ribeira das Quelhas é feito por entre quelhas rochosas e penhascos de xisto e granito, resultando em cascatas idílicas, cada uma com um poço de água fresca e cristalina, super convidativa nestes dias quentes.
À medida que continuamos a percorrer a EN2 começamos a sentir que estávamos em casa. Esta zona é realmente muito familiar para nós. Talvez porque fica realmente perto de casa. Nós estamos a viver no centro do país, em Mação, há um ano, e ao passar por aqui sentimos essa familiaridade. Não chegamos a passar em Mação, mas passamos nos concelhos vizinhos da Sertã, Vila do Rei, Sardoal e Abrantes.
Poderia falar imenso sobre esta zona, pois conheço muito bem, não o vou fazer pois nesta viagem quase que foi só de passagem embora tenhamos parado em alguns pontos imperdíveis e estratégicos. Deixo aqui uma dica para quem quiser percorrer na Nacional 2, nesta zona. Em Vila do Rei é possível fazer uma variante da EN2. E vale mesmo a pena, pois esta rota alternativa leva-nos ao Penedo furado, um local de cortar a respiração. Parem e percorram os seus passadiços, que nos fazem caminhar entre montanha, rochedos e cascatas ao longo do rio. É mesmo uma pérola do nosso Portugal imperdível. Não se esqueçam de parar também no Centro Geodésico de Portugal, o “umbigo” do nosso país como gosto de chamar e que assinala aquele que é o ponto central. O local tem uma vista magnifica e uma energia muito tranquila.
Em Vila do Rei é possível fazer uma variante da EN2. E vale mesmo a pena, pois esta rota alternativa leva-nos ao Penedo furado, um local de cortar a respiração. Parem e percorram os seus passadiços.
Continuando caminho passamos no Sardoal, faz parte do roteiro, embora a vila não fique propriamente na EN2, mas vale a pena o desvio. Assistimos aqui a um lindo pôr do sol, no adro da igreja, que fica num ponto mais alto. É uma vila muito típica que nos começa a transportar para o Alentejo, por percorrermos ruas de casas brancas com faixas amarelas nas janelas e portas.
A pernoita foi em Abrantes, com cheirinho a casa, mas ainda assim apenas no conforto da nossa “Zeninha”, o nosso furgão transformado hippie chic. Sentimos que estávamos perto, mas simultaneamente longe. A alma de viajante não nos permitiu fugir da rota.
Sexto dia – Abrantes, Ponte de Sor, Montargil, Mora, Montemor o Novo, Alcácer do Sal
Das montanhas às planícies alentejanas. É magico poder sentir como a paisagem se transforma à medida que vamos percorrendo a EN2. Parece que estamos no cinema e que a imagem da tela vai mudando, como se de um filme se tratasse.
Pernoitamos em Abrantes, junto ao Tejo, a última localidade a norte do rio. Aqui aconselho subirem ao castelo, construído pelos Cavaleiros Templários e que foi fundamental para defesa quando os Mouros tentaram reaver a cidade. No planalto que o alberga, a 200 metros de altitude é possível admirar a paisagem vasta que abrange grande parte do rio e se estende pela Beira Baixa, Alentejo e Ribatejo. Dentro das muralhas do castelo esta a Igreja de Santa Maria do Castelo, que é de estilo gótico e já não funciona como local de culto. O centro histórico também é uma zona que merece ser visitada, como é exemplo o antigo mercado de palha, hoje conhecido como Praça Barão da Batalha. Só vos dei dicas da cidade em si, mas Abrantes é um concelho grande cheio de surpresas agradáveis como é a Aldeia de Mato e a sua praia fluvial. Confesso que não exploramos muito Abrantes, nesta viagem, pois conhecemos muito bem e decidimos privilegiar destinos que não nos fossem familiares.
A viagem continuou, agora a sul do Tejo. Em Ponte de Sor destacamos a zona ribeirinha, que tem como pano de fundo a Ribeira de Sor e que fica muito perto da zona histórica. O que mais gosto é do percurso pedestre que também começa nesta zona ribeirinha e passa por moinhos de água de rodízio oitocentistas e atravessa montados de sobro em diferentes fases de crescimento.
Ainda neste concelho com um pouco mais de caminho na EN2 encontramos a Albufeira de Montargil. Repleta de uma beleza inigualável devido à suas águas bem azuis, esta magnífica albufeira foi lugar ideal para fazer uma pausa, relaxar e fazer o nosso almoço. São diversas as atividades que aqui se podem fazer, muitas delas relacionadas com desportos náuticos.
Esta foi para nós sentida como uma região de transição entre o norte e o sul de Portugal, assim como entre o litoral e o interior. Passamos para o Alentejo, região de planícies a perder de vista e tradições marcadas, algumas das quais elevadas à categoria de património da humanidade como o Cante alentejano ou a manufatura de chocalhos.
Passamos para o Alentejo, região de planícies a perder de vista e tradições marcadas, algumas das quais elevadas à categoria de património da humanidade como o Cante alentejano ou a manufatura de chocalhos.
Passamos em Mora. Foi uma passagem breve e fugaz, mas com tempo suficiente para ver o Museu Interativo do Megalitismo, que tem como missão valorizar e divulgar o património megalítico do Concelho de Mora e manter a memória histórica e cultural das suas gentes. Aqui a arqueologia é quase sinónimo de megalitismo, onde antas, menires e conjuntos de menires fazem parte da identidade paisagística desta zona.
Montemor-o-Novo, foi para mim uma paragem obrigatória. Eu que adoro histórias, contos e lendas, tinha de visitar o Castelo de Montemor. Reza a lenda de que terá sido nesta fortaleza que se delineou a Travessia Marítima para a Índia de Vasco da Gama. Hoje, já não temos o castelo na integra, nas o que resta dele faz-nos viajar no tempo. Ainda das muralhas destaco o Paço do Alcaide – agora uma mera sombra do que foi – era o sítio donde se instalavam os Reis de Portugal quando vinham a Montemor-o-Novo, e amais antiga igreja da cidade, a Igreja de São Tiago (século XIV) que alberga o Centro Interpretativo do Castelo – o local ideal para conhecer melhor a história e evolução da povoação.
Montemor-o-Novo é também palco de vestígios da ocupação paleolítica e neolítica. Não fomos revisitar a Gruta Escoural pois tínhamos outros planos. Mas se puderem façam-no. As Grutas do Escoural são um sistema de cavernas descobertas em 1963 parecem indicar que foram usadas como habitação humana nos últimos 50 mil anos.
O nosso plano foi, uma vez que íamos passar o concelho de Alcácer, fazer um desvio de 20 minutos para conhecermos uma herdade 100% biológica, sustentável e com ecoturismo de um grande amigo do Luís. Fizemos o desvio porque estes amigos não se viam há 30 anos e porque este projeto está super alinhado com os nossos princípios de vida. Depois de a conhecermos, a herdade Cucumbi passou a fazer parte do nosso roteiro imperdível. Aproveitamos para relaxar, assistir a um lindo pôr do sol e refrescar numa linda charca, no meio desta natureza. Ficamos por aqui a usufruir da natureza, com a nossa “Zeninha” feliz por estar entre chaparros e ovelhas... jantamos uma bela biorefeição, junto com os hóspedes e a família cucumbi a partilhar histórias. Pernoitamos por aqui, no meio da natureza, na nossa “Zeninha”, embalados pelo som dos badalos e o canto dos grilos.
Sétimo dia - Alcácer do Sal, Aljustrel, Almodôvar, São Brás de Alportel
Acordamos no paraíso, no meio do rebanho das ovelhas, com os galos a “cantar a alvorada”. Antes de voltar à estrada, tivemos ainda tempo de conhecer um pouco mais desta herdade e do seu funcionamento. Continuamos fascinados! O momento alto foi dar de comer às burrinhas Beringela e Courgette, que ao ouvirem o badalo de chamamento “trotearam” até nós.
Bem na rota da Nacional 2 está Ferreira do Alentejo conhecida como a capital do Azeite. Um dos pontos atrativos desta vila é a gastronomia, entre muitas destacam-se para nós, a açorda de alho, a açorda de beldroegas, a açorda de carrasquinhas, as migas e o gaspacho. Nesta paragem vale a pena visitar aquele que de todos os templos religiosos de Ferreira do Alentejo é o mais conhecido e ícone da vila - a Capela do Calvário ou de Santa Maria Madalena. A dúvida do nome tem a ver com a interpretação que é feita das pedras de granito que estão incrustadas nas paredes redondas e caiadas de branco, com uma faixa amarela, uma arquitetura religiosa muito singular. Na região só há uma capela semelhante, em Peroguarda e é um pouco mais pequena. Curiosamente também é designada por dois nomes: Capela de Santa Maria Madalena ou Calvário das Pedras Negras.
Acordamos no paraíso, no meio do rebanho das ovelhas, com os galos a ´cantar a alvorada`.
Já no distrito de Aljustrel, ergue-se Ervidel, com a sua paisagem sobre a albufeira do Roxo a perder de vista e a presença desta enorme e majestosa e bela massa de água quase nos faz esquecer que nos encontramos em pleno Baixo Alentejo, onde tradicionalmente o clima é quente e seco. Esta é uma povoação muito antiga e é atualmente indissociável da barragem que abastece o perímetro de rega do Roxo. Desde sempre, foi terra de vinho, azeite e cereais como nos dizem as gentes destas paragens. A paisagem de Ervidel tem uma forte presença de vinhedo. E maravilhoso poder observaras extensões de retorcidas cepas das várias castas de uva que fazem os seus afamados vinhos. Entre muitas, chamou-nos a atenção a adega Moreira, onde as talhas de barro remontam ao século passado, estando a mais antiga datada de 1843. É nestas talhas que a uva esmagada fermenta, até se tornar em vinho novo, que segundo os populares se prova pelo S. Martinho. Passamos cedo demais, ainda estavam a fazer a vindima, pelo que não conseguimos provar um pouco de vinho destas talhas centenárias.
Em Aljustrel, encontramos o maior percurso mineiro urbano de Portugal, ideal para “amantes” de caminhadas, como nós. Neste percurso, de nome “Aljustrel tem uma mina” podemos visitar e desvendar “segredos e riquezas” dos principais locais de interesse desta vila mineira alentejana. Este é considerado o maior percurso mineiro urbano do país”, com 12 quilómetros de extensão. Passa por caminhos urbanos e rurais e passadiços de madeira e demora entre três e quatro horas a ser percorrido. Ainda em Aljustrel, chamou-nos a atenção o Moinho das Maralhas. Os moinhos são um testemunho vivo dos antigos processos de moagem, pelo que é sempre uma visita interessante. Não conseguimos a desejada visita, mas o Museu Municipal de Aljustrel promove visitas guiadas ao Moinho do Maralhas, mediante marcação prévia.
Ainda antes de rumar à região algarvia, fizemos uma paragem em Almodôvar, uma tradicional vila alentejana, onde reinam as típicas casas caiadas, rica em património histórico e que possui diversos edifícios seculares, como a Ponte Medieval sobre a Ribeira de Cobres.
A paragem final foi mesmo São Brás de Alportel. Para tal tivemos de passar a imponente Serra do Caldeirão.
Em Aljustrel, encontramos o maior percurso mineiro urbano de Portugal, ideal para ´amantes` de caminhadas, como nós.
Oitavo dia - São Brás de Alportel, Loulé (Serra do Caldeirão)
Pernoitamos no ambiente tranquilo e histórico de São Brás de Alportel. Passeamos pelas ruas da vila e ficamos deslumbrados com as descobertas de cada cantinho. Uma das surpresas foi encontrar a Casa Museu da EN2. Este museu, muito recente (foi aberto ao publico há pouco mais de 1 mês) é um lindo tributo aos canteiros, os trabalhadores que tornaram a EN2 uma realidade. Tivemos a sorte de nos cruzar com a Carla, que com paixão explicou a dedicação que cada canteiro tinha na sua obra prima, que cada um era responsável por um cantão (cerca de 8 km) e que havia material devidamente identificado para cada canteiro. A casa que alberga o museu, está também ela ligada à história e construção da EN2. Esta era a casa da 8. a secção e servia de apoio aos canteiros. Não serviu de habitação, como muitas que podemos ver ao longo da estrada, porque estava já dentro de um grande centro populacional e os canteiros podiam ficar nas suas próprias casas. Servia como local para guardar as ferramentas e onde estava o escritório do chefe. Foi uma visita muito interessante. Aconselho a todos.
Daqui resolvemos andar um pouco para trás. Regressamos à Serra do Caldeirão, que tínhamos atravessado no dia anterior, uma parte já de noite, e fomos ter com uma amiga, que agora explora um monte como turismo, em plena serra. Fiz o almoço e almoçamos todos juntos no meio desta serra ainda muito "selvagem". Mais para o final do dia, fomos surpreendidos com a maravilhosa energia e vista do Stupa Budista Tibetano que fica em plena Serra do Caldeirão. Adorei! A energia é incrível neste local.
A noite caiu, descemos, embrenhamos os nossos passos na Serra e dormimos no monte da Sílvia, com a natureza a proteger-nos, na nossa “Zeninha”.
Nono dia – Loulé (Serra do Caldeirão), Faro
Depois de atravessar 11 distritos e 35 concelhos (11 cidades e 24 vilas), dez serras, 13 rios e sete linhas de comboio, a Estrada Nacional 2 chega ao fim em Faro, com vista para o mar. Ao fim de 738 km pela Nacional 2, com mais outros tantos de desvios e nove dias de viagem, chegamos a Faro.
Chegamos ao fim da Nacional 2. Mas, como o fim de algo é sempre o início de outro algo, a aventura continua.
Faro é a capital do Algarve, junto à Ria Formosa, uma cidade que seduz pela sua riqueza histórica e o epílogo perfeito para esta estrada que atravessa tantas histórias. É uma cidade tradicional onde se encontram alguns artefactos medievais e um monumental arco neoclássico, o Arco da Vila. Nesta região podemos desfrutar das magníficas praias da costa Algarvia, como a Praia da Ilha de Faro.
Reservamos para explorar Faro e seus arredores. Foi o que fizemos. Deixamos a “Zeninha”, a nossa carrinha, a contemplar o mar por Faro e fomos circular nas nossas “binas” pela zona histórica. O entusiasmo a andar de bicicleta foi tanto que fomos até Olhão. Sentimos a vida do mercado e fomos conhecer o Manuel Mestre, mais conhecido como Manuel da Culatra. Este um verdadeiro Culatrense que tem o sal e a areia a correr-lhe nas veias. Foi um privilégio poder conhecer a Ria Formosa e a ilha da Culatra aos olhos de um local, que nos fez apaixonar pela ilha e pelas suas gentes. Tudo foi mostrado e explicado com alma e coração, pelo que a autenticidade e dedicação do Manel nos cativou e prendeu com cada palavra e em cada sorriso. Descobri que nestas águas temos viveiros de ameijoas e ostras, como todo o processo e feito. Algo que me tinha escapado completamente. Descobri que na Culatra só podem ter casa descendentes de pescadores da Culatra (para as demais pessoas existem outras ilhas) e talvez por isto esta seja uma ilha cheia de alma e carisma. Quem quiser fazer uma visita cheia de alma, com Manel da Culatra, só precisa de contratar os seus serviços no Culatra Tours. Ele está lá para isso e o mar e a ilha são mesmo a sua casa.
Regressamos a Faro nas nossas muito felizes e de coração cheio.
O final do dia, já longe da Rota da EN2, fomos até à praia verde brindar e celebrar com uma amiga, a Patrícia, que é uma Enfermeira parteira muito especial. Ela estava tão entusiasmada que nos aguardou com a sua "tribo".
Saímos já de noite, com um sorriso gigante e o coração a transbordar de alegria e amor. Pernoitamos em Cancela Velha, uma aldeia localizada numa elevação arenítica em frente à Ria Formosa e ao mar, de onde se descortina uma das mais belas panorâmicas do sotavento algarvio. A nossa aventura pela Nacional 2 acabou oficialmente aqui. Ainda vamos regressar a Casa e com certeza muitas paragens e aventuras nos esperam.
Fizemos sem dúvida uma viagem com alma, que nos desvendou em muitos locais a alma da nossa cultura, a alma das gentes, a alma do nosso Portugal mais profundo e mais puro.
Foi um privilégio participar nesta aventura.
Obrigada por nos acompanharem e apoiarem. Sinto que estivemos todos juntos por este Portugal.
Daniela Ricardo
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