Praia, campo ou montanha? Escolher o destino de férias não é tarefa fácil, ainda mais perante tanta variedade.

Pensa-se num local, nos preços, nas horas de  viagem e, depois de tudo isto, pesam-se os pós e os contras e a decisão está tomada.

Se esse é o seu caso, ponha mais um peso na balança, a sua saúde e o seu bem-estar.

As férias, «de uma forma geral, são benéficas para a saúde, nem que seja só pelo facto das pessoas saírem das cidades e de ambientes poluídos», sublinha Pedro Martins, imunoalergologista. Mas as vantagens não se ficam por aqui. «Passa-se mais tempo ao ar livre e as pessoas correm, caminham e nadam mais nesta altura», acrescenta.

No entanto, cada destino tem particularidades distintas, umas mais benéficas para o seu caso específico do que outras mas, como afirma Jorge Atouguia, infecciologista, o importante é escolher um destino que goste. «Ir contrariado é a primeira contraindicação», afirma.

Praia

Este é o destino preferido dos portugueses quando se fala de férias de verão. «Uma ida à praia é sempre bem-vinda»,  afirma Pedro Martins. Este especialista não encontra contraindicações neste destino mas aponta cuidados acrescidos para as pessoas que tenham urticária solar ou ao frio.

«A primeira é provocada pelo sol e manifesta-se durante os primeiros dias de praia através do aparecimento de borbulhas, enquanto a segunda é provocada, neste caso, pelas baixas temperaturas da água do mar ou da piscina e pode manifestar-se através de babas mas também desmaios e falta de ar.

A nível geral, as pessoas só devem apanhar sol no horário mais adequado e proteger a pele com protetor solar», explica. Jorge Atouguia acrescenta ainda que «os idosos, as crianças e quem tem doenças debilitantes deve ter mais cuidados na praia, sendo que a hidratação constante é essencial».

Campo

É sinónimo de ar puro e de tranquilidade, só pontos positivos para a sua saúde e até mesmo quem sofre de alergias  respiratórias pode beneficiar do ambiente campestre. «Nesta altura do ano os níveis de pólen diminuem, logo, as crises de alergia são raras», acrescenta o imunoalergologista.

«No campo, há menos exposição ao sol mas mais riscos de picadas de insetos, como mosquitos, abelhas, carraças»,  assegura Jorge Atouguia.

Neste caso, como refere Pedro Martins, «quem tem uma reação sistémica às picadas deve ter  special atenção». Essas pessoas devem evitar piqueniques, não usar roupas  coloridas, dar preferência às calças e mangas compridas e  evitar perfumes e cosméticos muito ativos. Jorge Atouguia  alerta também para o facto de em alguns destinos campestres poder não haver água potável, o que traz consigo riscos de variadas doenças. Por fim, o infecciologista refere ainda que «no campo, mas também na praia, há tendência para se cometer excessos  alimentares» que podem ser prejudiciais.

Montanha

É o local ideal para quem quer passar umas férias rodeada pela natureza, com a vantagem de, nesta altura do ano, haver  menos gente nas estâncias turísticas. Tem é de ter em conta  que, em altitude, há menos quantidade de oxigénio no ar, e que a quantidade daquele gás que é transportada pela hemoglobina também decresce e, como tal, o organismo passa por um  processo de adaptação.

Durante os primeiros dias, a frequência cardíaca aumenta, o que pressupõe um grande esforço por parte do coração. «É o destino mais exigente do ponto de vista físico, sobretudo acima dos dois mil metros de altitude», afirma Jorge Atouguia.

Por este motivo, «quem tem problemas cardíacos e  pulmonares deverá ter especial atenção», aconselha o  infecciologista. Se esse for o seu caso, faça uma avaliação  clínica antes de partir para férias, pois poderá haver necessidade de ajustar a medicação.

«Como os ácaros não se adaptam muito bem à altitude devido à temperatura e à humidade, as pessoas que sofrem de alergias podem ir para a montanha, mas convém lembrar que, como o ar é mais seco, as vias respiratórias podem ficar desidratadas, o que pode desencadear algumas queixas, por isso, é importante que estejam atentas aos sinais de alerta», refere Pedro Martins.

Texto: Rita Caetano com Jorge Atouguia (infecciologista) e Pedro Martins (imunoalergologista)