A exposição na galeria Marlborough Fine Art, "Depression Series" [Série da Depressão], foi organizada para coincidir com um documentário sobre a vida e obra de Paula Rego, realizado pelo filho Nick Willing.
A exposição é composta por 11 grandes quadros de pastel em papel produzidos pela pintora portuguesa entre 2006 e 2007, durante um período de depressão, mas que durante uma década estiveram por mostrar. "Eu estava a tentar escapar da depressão através da pintura. Mas na altura não queria que as pessoas os vissem porque me sentia envergonhada de estar tão deprimida. Por isso escondi-os, com medo que, se os pusesse à vista, a minha depressão voltasse", relatou.
Foi durante as filmagens do documentário, intitulado "Paula Rego: Histórias & Segredos", que o filho lhe pediu para ver os quadros. "Como já tinham passado 10 anos, senti-me suficientemente corajosa para olhar para eles novamente. É engraçado, mas agora não me lembro de os desenhar", comentou.
Autorretratos são raros na obra da pintora portuguesa
Numa entrevista publicada pelo diário britânico The Guardian, Nick Willing revela que ele próprio viu os quadros pela primeira vez durante as filmagens, após perguntar à mãe sobre os seus problemas de depressão.
Agora, os autorretratos, que são raros na obra da pintora portuguesa, vão estar em exposição na galeria que a representa na capital britânica até 01 de abril, devendo depois viajar o para o museu Casa das Histórias Paula Rego, em Cascais. "Concordei em expô-los na Marlborough e na Casa das Histórias para sensibilizar para a doença horrível", afirmou a artista à Lusa.
A apresentação destas telas em público oferece uma perspetiva inédita da vida privada da artista, que é conhecida por proteger a sua intimidade e frequentar poucos eventos públicos.
O documentário, que será mostrado pela primeira vez no canal BBC 2 no dia 25 de março, junta excertos de filmes domésticos e fotografias de família a entrevistas feitas ao longo de 60 anos, produzindo um retrato profundo e abrangente de Paula Rego.
A pintora portuguesa, atualmente com 82 anos, mostrou-se satisfeita com o resultado e adiantou à Lusa: "Faz-me feliz. Eu gosto do filme. É muito bom e sincero".
Quanto às revelações que faz no filme, nomeadamente sobre a sua luta contra a depressão, garante que o que contou não foi a pensar nos espectadores.
"Eu não desabafei ao público, desabafei ao meu filho, em quem eu confio. Ele é meu amigo", enfatizou.
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