Aproveitar as coberturas dos edifícios, terraços, varandas ou mesmo das garagens subterrâneas para criar espaços verdes é extremamente vantajoso a nível lúdico, energético e económico. Com o crescimento das cidades e o respetivo incremento da construção, o espaço público diminuiu na mesma proporção. Os espaços verdes que sobreviveram, sofrem uma grande pressão, pelo aumento dos visitantes e dos habitantes das cidades.

Por sua vez, há um infindável número de espaços completamente desaproveitados, como as coberturas dos edifícios, terraços e varandas, coberturas das garagens subterrâneas, que atualmente ocuparam os interiores dos quarteirões, outrora ajardinados, que se podem transformar em aprazíveis jardins, com todas as vantagens daí inerentes. Existem vantagens ao nível lúdico, energético e económico.

Com o novo paradigma energético, estas soluções estão na ordem do dia e deverão ser incrementadas nas nossas cidades, nos equipamentos públicos e privados, nos prédios e nas moradias em geral. Acresce que no nosso clima, com chuvas torrenciais, ocorridas num curto espaço de tempo, as coberturas plantadas poderiam diminuir os caudais de escorrência resultantes, devido à infiltração destas águas.

Economia e vantagens das novas técnicas

A bondade destas soluções tem sido defendida nos últimos anos. Através de simples técnicas de construção, obtemos jardins, ou espaços simplesmente plantados, que cumprem as funções atrás descritas, nomeadamente ornamentais, estéticas, ambientais e económicas. As vantagens para a comunidade são numerosas, sobretudo ao nível da gestão das águas pluviais, atenuação dos picos climáticos urbanos, promoção da biodiversidade.

O efeito isolante da cobertura, induz uma redução no aquecimento e/ou arrefecimento da construção. Estima-se que a temperatura no interior pode sofrer uma redução de 4 a 5º C, para uma temperatura exterior de 25º C a 30º C. A uma redução das temperaturas interiores de 0.5º C, corresponde uma redução da fatura energética em cerca de 8%. A diminuição é encorajadora.

A aplicação destes conceitos em moradias

Um estudo canadiano revela uma economia de 25% na climatização nos meses de verão, devido a uma cobertura plantada, com uma espessura de terra de apenas 10 centímetros. Em todos estes jardins, do domínio público ao privado, criados artificialmente sobre uma laje de betão, como sucede geralmente com a cobertura de garagens, a qualificação urbana e a mais valia para os utentes é uma evidência.

Tecnicamente falando, o efeito termoregulador ao nível dos pisos inferiores é claro. Poderá existir uma poupança da água da rega, se o projeto for pensado desde o início, para a água excedente ser reaproveitada. Estes conceitos de coberturas plantadas ou de paredes revestidas de plantas, como também lhes chamam, poderão ser no futuro, uma vez que em Portugal ainda têm pouca expressão, largamente utilizados nas moradias unifamiliares.

Quer saber como vão ser os jardins do futuro?

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As vantagens da cobertura plantada

As vantagens da cobertura plantada em relação ao telhado tradicional são várias, nomeadamente o aumento da área verde e de utilização. Existe ainda a possibilidade da criação de relvados, horta, plantação árvores, bem como um efeito termoregulador na habitação e uma maior durabilidade da cobertura. Em projetos urbanos de grandes dimensões, como o Gardens by the Bay (nas imagens), em Singapura, essa materialização já é percetível.

Em Portugal, no entanto, nem tudo seria igual. Para as nossas condições climatéricas, aconselha-se uma profundidade de terra e turfa de 0,30 metros a 0,50 centímetros, para a criação dum espaço verde de utilização mais intensiva. Esta mistura assenta sobre uma base drenante, que assegura o escorrimento das águas excedentárias da chuva e da rega. Uma correcta impermeabilização da cobertura é também uma regra fundamental.

Outras soluções técnicas a adotar em Portugal

Outras soluções de plantação adequadas à realidade nacional, sugerem a utilização de plantas ditas gordas (Sedum) e com menos exigência de profundidade de terra. A sua aplicação poderá ser feita, recorrendo a pequenos reservatórios, com cerca de 0,10 metros de altura. Esta hipótese, não sendo passível de ser vivida, cumpre no entanto todas as funções de poupança de energia e de insonorização, além do efeito estético.

Na minha opinião, as autoridades deveriam criar incentivos e promover regras de construção encorajadoras destas técnicas, com vista a uma melhoria da qualidade de vida e do meio ambiente, nas cidades e vilas portuguesas. Valorize a sua propriedade, transformando a base inerte em vegetal, poupe energia e viva melhor. Se o fizer, além de proteger o meio ambiente, todos viveremos melhor!

Quer saber como vão ser os jardins do futuro?

Texto: Elsa Severino (arquiteta paisagista)