À recente discussão em França sobre se os floristas são ou não classificados como comércios essenciais para poderem continuar abertos durante os dois períodos de confinamento já vividos no país, este português nascido em terras gaulesas, não hesita.
"Todos os nossos clientes nos disseram que era essencial ter vegetação em casa, ao mesmo nível de saírem para comprar comida. As pessoas podem viver sem os restaurantes, mas não sem flores nem plantas", afirmou Daniel Ribeiro, em entrevista à agência Lusa.
A paixão pelas flores e pela vegetação vem desde criança, com inspiração no Norte de Portugal de onde são originários os pais de Daniel Ribeiro.
"Como eu sou do Norte de Portugal, muito verde, rural e campestre, tento sempre introduzir isso no meu trabalho, um toque campestre chique nas minhas criações e isso tem muita procura, sobretudo em Paris, porque não há muita vegetação", declarou.
O encanto de criança tornou-se profissão e levou Daniel Ribeiro a especializar-se na decoração floral e design de espaços. Atualmente é fornecedor do clube Paris Saint Germain, parceiro da prestigiada empresa de catering Potel et Chabot e realiza decorações florais em casamentos em França e no estrangeiro.
Entre alguns dos eventos mais marcantes da sua carreira está o casamento de Isha Ambani, filha do homem mais rico da Índia, e considerado o casamento mais caro de sempre. Daniel trabalhou com cerca de outros 500 floristas neste evento.
Com a pandemia e sem eventos à vista, foi a sua relação especial com os clientes que o manteve ativo.
"É verdade que tivemos o impacto do fecho dos comércios não essenciais, mas tenho a sorte graças ao contacto com as pessoas, talvez pelo meu lado lusitano, e no primeiro confinamento fiquei fechado três semanas e depois acabei por ter uma atividade muito importante mesmo durante o confinamento", contou.
Assim, além da loja que tem há 12 anos no 10.º bairro, Daniel Ribeiro abriu esta semana uma segunda localização no 9.º bairro de Paris de "alta gama" e "com flores e plantas escolhidas".
Um passo que não assusta o português, mesmo em tempos de pandemia.
"É importante durante esta crise acreditar nas coisas e precisamos continuar a investir, acreditando sempre no comércio de proximidade. As pessoas modificaram a forma como consomem, sendo importante comprarem ao pé de casa", constatou.
Quanto aos eventos, Daniel Ribeiro tem feito alguns casamentos e jantares privados para um máximo de seis pessoas (limite em reuniões privadas em França), mas acredita que as grandes ocasiões só devem voltar em 2022.
"A indústria dos eventos de luxo está muito mal, os eventos desportivos também e temos as medidas do Governo que vão mudando constantemente. Imagino um regresso a alguns eventos em 2022. Este ano acho que, mesmo sendo otimista, é capaz de não acontecer", afirmou o florista, que tem normalmente uma equipa de 12 pessoas apenas para trabalhar em eventos, mas que agora estão em desemprego parcial.
Adiado fica também o projeto de abrir uma loja em Portugal, mas a paixão pelas flores continua mesmo após 20 anos de profissão.
"A natureza oferece-nos coisas maravilhosas que ainda não explorei completamente e tenho um grande amor pelas viagens que me permite explorar flores que não conheço. Após 20 anos nesta profissão, ainda fico surpreendido", concluiu Daniel Ribeiro.
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