Recinto de corridas de touros, desde a sua inauguração a 19 de agosto de 1892, mas também de concertos, feiras, exposições ou qualquer outro tipo de eventos, é um Imóvel de Interesse Público desde janeiro de 1983. O Campo Pequeno é um ex-libris lisboeta e um espaço multiusos que dá uma identidade à cidade graças à sua arquitetura Neoárabe. Uma obra da responsabilidade do arquiteto Dias da Silva.

Este “Campo” até pode ser “Pequeno”, mas não se deixe enganar pelo nome
Este “Campo” até pode ser “Pequeno”, mas não se deixe enganar pelo nome créditos: Campo Pequeno

Mas é acima de tudo um espaço multidisciplinar e que oferece uma grande diversidade cultural. Só em 2017, o Campo Pequeno tanto foi o palco de Luís Fonsi e do seu êxito “Despacito” como vai receber em outubro o festival Africa Dance, com Bonga como cabeça de cartaz. Em novembro nomes como Gal Costa, D.A.M.A ou Kodaline vão subir a palco e dezembro vai dar lugar ao espetáculo de Panda e os Caricas, um espetáculo claramente virado para os mais pequenos.

É também o espaço do já tradicional Mercado de Natal ou do Mercado de Chocolate mas também vai receber um evento da WWE que vai passar por Portugal, em novembro.

Já foi palco de musicais de renome internacional como Cats ou Mamma Mia e já recebeu artistas de peso como Katy Perry, James, Muse, Massive Attack ou Interpol.

E há também a tradição taurina que faz parte do ADN desta praça. “O Campo Pequeno tem uma mística para quem assiste e para quem pratica a arte de tourear - seja a cavalo, a pé, ou a arte de pegar toiros –, uma mística muito particular. Todo o público está muito em cima do que está a acontecer na arena. Os toureiros têm a particularidade de ter uma praça com uma arquitectura que é estimulante e motivante para pôr em prática aquilo que é a vertente artística que o toureio tem”, explicou Rui Bento Vasques, Diretor da Área Tauromáquica do Campo Pequeno, em entrevista ao SAPO Lifestyle.

Este “Campo” até pode ser “Pequeno”, mas não se deixe enganar pelo nome
Este “Campo” até pode ser “Pequeno”, mas não se deixe enganar pelo nome créditos: Campo Pequeno

Resumindo, é “um monumento que salta à vista de qualquer pessoa que passe na rua e que não é indiferente a ninguém. Aparte de ser um monumento, é a primeira praça do país como praça de toiros, mas é muito mais do que isso. É uma sala de espetáculos única, emblemática, que pode num dia realizar um espetáculo tauromáquico, amanhã realizar um concerto como noutro dia fazer uma exposição”, salientou.

Esta nova vida do Campo Pequeno começou em 2006, depois do seu encerramento em 2000 para a realização de obras de restauro e requalificação, com um investimento total de 80 milhões de euros, de acordo com a Lusa. A grande novidade foi a colocação de uma cobertura, composta por uma parte fixa sobre as bancadas e uma outra retrátil, em vidro, sobre a arena, parcialmente amovível, que permite a realização de qualquer tipo de evento neste espaço.

A requalificação deu ainda lugar a um centro comercial com 60 lojas, um estacionamento para 1250 viaturas, oito salas de cinemas, 20 restaurantes e um supermercado, distribuídos por uma área comercial de 7.000 metros.

A renovação traduz-se em números. Nos últimos 11 anos, o Campo Pequeno já recebeu 876 espetáculos com um total de perto de três milhões de espectadores. Desde que foi reinaugurado, esteve ocupado durante 978 dias, segundo informações da agência Lusa. E de acordo com Paulo Pereira, relações públicas do Campo Pequeno, estima-se que o “número de visitantes [do centro comercial] ultrapassa os três milhões anuais”, cerca de 40 milhões de pessoas, desde 2006.

“Nos últimos anos temos tido entre os 12 e os 15 espetáculos tauromáquicos”, apontou Paulo Pereira, em declarações à Lusa, sublinhando que “sempre que há grandes cartéis, [o Campo Pequeno] ou fica quase cheio, ou esgota”. Desde 2006 foram realizados nesta praça 197 espetáculos tauromáquicos, aos quais acorreram perto de 900 mil espectadores.

“Na altura foi feita uma concessão por 99 anos com o objetivo claro de fazerem a extraordinária obra que fizeram e com os objetivos claro de, com o investimento que estavam a fazer, poder recuperar o investimento”, explicou Rui Bento Vasques. Tudo isto se traduz numa exposição a nível internacional, como nunca antes tinha tido.

O ano de 2015 foi ano de aposta na abertura do Museu do Campo Pequeno, dedicado à tradição tauromáquica. Em dois anos já acolheu cerca de 42 mil visitantes, originários de 95 países. Aqui, os visitantes podem encontrar “a história tauromáquica da Praça do Campo Pequeno, de Portugal, mas também internacional”, afirmou Rui Bento, onde estão disponíveis visitas guiadas ao museu, à arena e à própria praça.

Este “Campo” até pode ser “Pequeno”, mas não se deixe enganar pelo nome
Este “Campo” até pode ser “Pequeno”, mas não se deixe enganar pelo nome Museu do Campo Pequeno inaugurado em 2015. créditos: Campo Pequeno

A festa faz-se no dia 19 de agosto com uma corrida de toiros. A partir das 21:00, os espetadores vão poder assistir à Charanga a Cavalo do Regimento de Cavalaria da Guarda Nacional Republicana, seguida de uma entrega simbólica de uma mensagem à Administração do Campo Pequeno com a apresentação de um selo comemorativo dos 125 anos, edição dos CTT.

Os fadistas Nathalie e Camané farão uma pequena apresentação musical que antecederá a corrida de toiros com a participação dos cavaleiros João Moura, António Ribeiro Telles e Luís Rouxinol e dos forcados amadores de Montemor e de Lisboa.

Um espaço de histórias e de memórias. "Há 35 anos quis ser toureiro. E a primeira vez que me vesti foi a 30 de junho de 1982, no Campo Pequeno", recordou Rui Bento.