"Cuidar da casa é cuidarmos de nós mesmos". As palavras são de Anne-Sophie Tellier, Feng Shui Designer e fundadora do SLO Feng Shui, um projeto recém lançado em Portugal erguido sob a abordagem mais terapêutica e espiritual do Feng Shui.
Certa de que os nossos espaços de vida contam a nossa história de uma forma muito clara e nítida, Anne-Sophie Tellier propõe uma análise Feng Shui que ajuda as pessoas a ganharem consciência dos seus bloqueios, para que consigam, em casa e fora de quatro paredes, retomar uma nova dinâmica de vida, mais leve.
Anne-Sophie Tellier nasceu em França, já morou em Paris e na Cidade do México e desde 2014 que vive em Lisboa.
Falámos com designer para perceber melhor o que traz de novo a esta corrente milenar, e quais os maiores erros que ainda se cometem dentro de casa e que bloqueiam as boas energias, tão basilares do Feng Shui.
O que é este projeto traz de novo ao já tradicional e milenar Feng Shui? Qual é a vossa abordagem?
Acho que a minha abordagem é mais atual e moderna, e mais responsável pelo consumo. Ou seja, escolher objetos de decoração que façam realmente sentido para a casa e para as pessoas.
Também tenho uma abordagem mais terapêutica e espiritual. A ideia é realmente ajudar as pessoas a sentirem-se melhor, mas alinhadas com a sua vida.
Costumo dizer que somos uma espécie de “médicos das casas”.
O que é que esta “médica das casas” faz?
Bem não é, claramente, um papel de médico como o conhecemos tradicionalmente (risos). Eu vou me aproximando, conhecendo cada família e vou mais além do que apenas uma perceção da decoração e estética. A ideia é realmente abrir a nossa consciência sobre uma situação atual, de algumas dificuldades, tensões e bloqueios e poder, juntos, modificar e alterar as sinergias da casa. Ajudar as pessoas a sentirem-se melhores.
Com a pandemia e com o facto de termos ficado tanto tempo em casa, acha que o Feng Shui renasceu, por assim dizer? Ganhou uma nova força?
Acho que sim! Passamos tanto tempo em casa que aconteceram duas coisas. Uma foi que tomamos consciência que é importante ter uma casa harmoniosa, cuidarmos dela. E a outra é que o Feng Shui passou a fazer mais sentido, podermos fazer uma “limpeza” às nossas casas.
Sente, então, que este projeto surgiu na altura certa?
Sim, sem dúvida. A pandemia acabou por atrasar um pouco o projeto, porque queria tê-lo lançado antes. Mas acabou por surgir num bom momento e foi uma oportunidade para todos perceberem que temos mesmo de cuidar da nossa casa. O princípio básico do Feng Shui é realmente entender que a nossa casa é o reflexo de quem somos. Há uma ligação muito forte entre nós e a nossa casa.
Como é que a sua experiência pessoal e profissional a ajudaram a iniciar este projeto? Que influências traz da sua carreira?
De facto, eu tive diferentes experiências. Trabalhei no marketing e comunicação de marcas de luxo e essa parte da minha vida ajudou-me a desenvolver a minha sensibilidade com a estética. Tenho um olhar muito mais preciso para as coisas bonitas. E foi também aqui que comecei a interessar-me pelo mundo da decoração e das casas. Quando deixei o mundo empresarial, tirei um curso de Design de Interiores e iniciei diferentes projetos na área da decoração e lojas. Mas sempre fiquei com a sensação de que faltava algo. Queria algo com mais profundidade, com mais sentido. Trabalhar a ligação entre as casas e as pessoas era o que queria fazer, e foi assim que cheguei lá.
Cada experiência da minha vida foi como que um percurso até ao Feng Shui. Acho que, no final, tudo fez sentido. Com este projeto também quero desmistificar um pouco o Feng Shui, aquela ideia de que é chinês e milenar. Podemos ter uma casa super alinhada com esta corrente e ao mesmo tempo atual.
Qual o perfil da pessoa que procura os seus serviços?
Apesar de termos começado há pouco tempo, acho que é uma pessoa que, acima de tudo, valoriza o bem-estar em casa e tem alguma sensibilidade para este tema de uma forma geral. A curiosidade de adaptar o seu bem-estar à casa. Compram objetos de decoração de forma mais consciente, porque quando escolhes determinado tipo de objetos para a tua casa e que fazem sentido, logo têm um propósito, uma razão de ser.
Também ajuda, então, a escolher objetos de decoração para a casa?
Sim, é uma opção que temos. Posso propor uma ajuda no shopping desses objetos. Por vezes, são objetos mais especiais e específicos, ou difíceis de encontrar. Também ajudo na inspiração ou dar ideias aos nossos clientes.
De acordo com a sua experiência e daquilo que já viu, quais são os maiores erros que as pessoas fazem nas suas casas em termos de Feng Shui?
A base do Feng Shui é ter uma casa arrumada. E há sempre nas casas uma divisão que está sempre desarrumada e, para resolver, fechamos a porta! E isso bloqueia a energia. Por isso, aconselho sempre a que se arrume essa divisão, deixando espaço livre.
Outro erro bastante frequente que tenho visto, especialmente desde que as pessoas começaram a trabalhar a partir de casa, é colocarem a sua mesa de trabalho e/ou secretária de frente para uma parede. O simbolismo que isso transmite é que bloqueia a criatividade. Aconselhamos sempre a fazer o contrário, ou seja, de frente para uma janela. Para ter uma maior visão e liberdade.
As flores secas ou de plástico estão muito na moda, mas não é bom para ter dentro de casa. No Feng Shui queremos celebrar a vida, por isso a opção é sempre para pormos flores frescas. Plantas com folhas arredondadas, suaves e, sobretudo, frescas. As secas simbolizam flores mortas, então não é bom em termos de energia. Catos, plantas que picam, também são desaconselhadas, porque transmitem agressividade.
Tudo isto depois faz sentido, porque no Feng Shui trabalhamos com símbolos. E tudo o que não tenha um simbolismo positivo, é de evitar.
O que é que a atraiu em Portugal?
Cheguei a Lisboa há sete anos e foi para iniciar uma nova aventura de vida. Foi quando deixei o mundo empresarial e iniciei uma experiência no mundo da decoração.
Acho que Portugal tem uma qualidade de vida excepcional. Tenho crianças pequenas e esta cidade é, de facto, boa para elas. Já tinha vivido em Paris, na Cidade do México, e adorei. Mas são cidades muito grandes e mais agressivas. Aqui é uma suavidade de vida, eu acho.
A luz da cidade de Lisboa é super positiva. Estou numa fase da minha vida em que é bom viver neste ambiente.
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