Esta iniciativa pretende ser uma referência no que diz respeito às figuras ancestrais dos mascarados dos rituais do Solstício de Inverno e Carnaval na zona transfronteiriça de Portugal e Espanha, a qual tem vindo a crescer de ano para ano.
“Esta iniciativa tem vindo a crescer de ano para ano no número de participantes. Com este encontro, pretendemos reavivar algumas das tradições ancestrais do território de fronteira que estavam ameaçadas. Há quatro anos foi-nos lançado o desafio de fazermos este encontro em Bemposta, visto que é terra de chocalheiros e de tradições de tempo de solstício que se perdem na memória dos tempos”, explicou Miguel Fernandes, membro da Associação Maschocalheiro.
De acordo com o dirigente associativo, o que se pretende é colocar em destaque “o incalculável valor destas tradições ancestrais de vários territórios ibéricos e outros pontos da Europa e mostrar ao mundo todo o seu potencial cultural e etnográfico, para que seja conhecido este património e para ajudar no desenvolvimento dos seus locais de origem”.
“O interesse por estas figuras tem vindo a aumentar através desses encontros e a prová-lo está o elevado número de fotógrafos e investigadores que se deslocam ao território raiano”, observou.
No IV Encontro de Rituais Ancestrais participaram grupos de caretos, chocalheiros, sécias, diabos, farândulos, velhos e outras figuras do Nordeste Transmontano e outras semelhantes dos distritos de Viseu, Viana dos Castelo, Coimbra e Aveiro. Do outro lado da fronteira, as províncias espanholas de Castela e Leão, Andaluzia, Castilha la Mancha, Cantábria, também marcaram presença em Bemposta, no distrito de Bragança.
O anfitrião deste encontro é uma das figuras mais enigmáticas e antigas da Península Ibérica, conhecida por chocalheiro de Bemposta.
“Outro dos objetivos do desfile passa por ajudar a potenciar as atividades económicas e sociais dos territórios de baixa densidade populacional e trazer o colorido e a folia a localidades que na sua maioria têm uma população envelhecida”, reconhece Miguel Fernandes.
Já a vereadora do pelouro da Cultura do município de Mogadouro, Márcia Barros, disse que o evento ganhou desde o ano passado uma projeção internacional e que traz dinamismo e dividendos económicos para o território.
Márcia Barros acrescentou ainda que o Encontro de Rituais Ancestrais “é vincadamente um encontro da cultura raiana”
O dia do desfile, sábado, também não é escolhido ao acaso, visando reunir o maior número de grupos possíveis, após as festas do Solstício de Inverno e do Carnaval.
Para o presidente da Junta de Freguesia de Bemposta, António Martins, este encontro de rituais está a crescer de ano para ano, trazendo a esta localidade fronteiriça muita gente, o que faz mexer a economia local e uma grande logística na organização.
"As ruas da aldeia enchem-se de gente e muito colorido", referiu.
Colaboram na organização do Encontro de Rituais Ancestrais o município de Mogadouro, a Junta de Freguesia de Bemposta e o Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial (AECT) Duero/Douro, entre outras entidades públicas e privadas.
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