Ao contrário do jardim, o pomar de citrinos encontra-se cheio de cor.

Dizem que estamos a atravessámos o Outono/Inverno mais rigorosos dos últimos 31 anos.

Não sei se assim é, mas aqui pelas bandas do Estoril, parecia que estávamos no Norte da Europa, com chuva, ora miudinha, ora forte, com muita humidade e com muito frio. O nosso terraço, que costuma ser a nossa segunda sala, a dar directamente para o jardim, esteve sem ver os habitantes da casa durante mais de mês e meio.

Durante esse período, o jardim esteve triste, envolto em arremedos de verde, sem outra cor, e, verdade seja, também sem o dramatismo dos climas verdadeiramente frios, em que não há sequer verde, mas há o branco da neve.
A minha relva, essa, coitada,
de qualidade Typhton, vulgo Bermuda, habituada a climas mais amenos, entrou em dormência. Nem lhe tirei o Trevo e a Solerola para termos algum verde à vista.

Enfim, com este panorama cinzento não é muito fácil escrever uma página sobre histórias do meu jardim ou de outros. Bem, espere... não é bem assim. Afinal existiu um recanto esplendoroso no jardim, durante esse período. Em plena glória e cheio de cor está uma parte do meu pomar zen onde se encontram as laranjeiras, os limoeiros e uma tanjerineira.

O citrinos são frutos ácidos, excelentes para a saúde pelo seu elevado teor de ácido ascórbico ou vitamina C e pelas suas propriedades desintoxicantes.
Mas, para além de todo o bem que nos fazem à saúde, são um regalo para os olhos e o nariz, quer na Primavera quando se enchem de belíssimas flores brancas, muito aromáticas,
quer no Inverno quando aparecem os frutos
com o seu vibrante alaranjado e amarelo.

Eu sou grande fã de árvores de fruto nos jardins
porque têm este duplo temporizador de beleza, quando dão flor e quando dão fruto.
Os Citrus são muito fáceis de cultivar no nosso clima das regiões do Centro e do Sul.

Gostam de temperaturas amenas e detestam as temperaturas abaixo de 5 graus. Dêem-lhes sol, pouco vento, bastante água e um solo ácido ou neutro, e aí vão eles todos contentes dar fruta para a nossa mesa, bons sumos, bom tempero e (porque não ?) compotas e licores.

Costumo dar-lhes um tratamento anual de adubo 7-21-21 por alturas de Abril e repetido em Junho e, no fim de Outubro ou em Novembro,
coloco-lhes matéria orgânica dentro de sulcos abertos nas caldeiras das árvores.
Tenho-me dado bem com esta receita e as minhas árvores, que têm cerca de três anos, já têm uma produção razoável e parecem bem implantadas e a crescer a bom ritmo.

Ao contrário de outras árvores de fruto, mais frágeis e caprichosas, os Citrus não requerem
grandes cuidados para além dos atrás indicados. Há que observar-lhes as folhas para que aranhiços, mosca branca ou outros insectos não lhes atormentem a produção e fazer-lhes uma poda de formação anual para que se mantenham bonitos e equilibrados. Esqueci-me de realçar um pormenor importante: os pássaros não lhes comem os frutos!