O terraço da minha casa é muito grande e funciona como uma extensão da sala, pelo que o podemos utilizar sem problemas praticamente durante seis meses por ano. Virado a sul, coberto, tem aquela situação excecional de não ter sol no verão e, por isso, não ser demasiado quente nos meses de junho, julho e agosto, o que acaba por ser uma vantagem. Em compensação, no inverno, o sol mais baixo bate-lhe até pelo menos às três da tarde, provocando o calor suficiente para podermos gozar do ar livre.

Um destes últimos anos, graças ao maldito aquecimento global, tivemos, durante todo mês de novembro, vários improváveis almoços ao ar livre. Com vista para o jardim, o terraço é o sítio mais popular cá de casa, entre habitantes humanos e animais, e, por isso mesmo, está pensado para o conforto, com grandes sofás que convidam à preguiça, à conversa e à leitura. Integra também uma mesa que leva oito comensais, o que é perfeito.

Para ser ainda mais fantástico, precisa de ter sempre flores em vasos e floreiras, que me dão quase tanto trabalho a manter como o resto do jardim. A manutenção de um terraço bonito custa algum dinheiro porque temos que substituir com frequência as plantas que lá pomos. No entanto, para quem tenha jardim, pode amortizar-se este custo se se aproveitarem algumas das plantas colocando-as em canteiros após a floração.

As espécies mais adequadas a cada uma das estações

A minha experiência de mais de uma década nesta casa faz com que haja uma rotatividade já comprovada dos tipos de plantas que se dão bem nas várias estações e que permitem um terraço sempre em flor. No verão, é o reinado das hortênsias, das petúnias e das tagetes, que aguentam muito sol. No outono, avançam as variedades de Chrisanthemum e de Cymbidium. Chegado o inverno, não se pense que o terraço fica menos triste.

Os Cyclamen, as Primula Aurícula e as Viola fazem as honras da casa e enchem o espaço de cor, enquanto os bolbos, de jacintos, narcisos, túlipas e crocus na sua maioria, aguardam a primavera avançando escondidos no seu crescimento discreto. As Viola, embora menos nobres, têm a vantagem de serem pouco exigentes e proporcionarem uma excelente e colorida cobertura. Os Cyclamen são incontestáveis vedetas do tempo mais frio.

Quanto às Primula, que cá em Portugal não muito vulgares, são das minhas flores favoritas pela sua elegância, pelo seu colorido e pela sua delicadeza. Como não suportam o calor, são ideais para o exterior da casa, desde que estejam num local abrigado. As Primula existem em cerca de 400 espécies, e encontram-se sobretudo no hemisfério norte. É um genus muito complexo que se divide em diferentes grupos.

O maior trabalho que as plantas de terraço dão

Por cá, o mais fácil de encontrar é o das Auricula, que, em si, é suficientemente variado para nos oferecer uma paleta de cores. Vendem-se em vasinhos de 10 e, como têm um preço acessível, podem-se comprar à dúzia para encher várias floreiras. Suportam bem algum sol e requerem um substrato sempre húmido e com boa drenagem. O principal trabalho que as plantas de terraço dão, além da rega manual, é o de termos de verificar quase diariamente o estado em que se encontram.

Os vasos, por serem vistos de muito perto, não perdoam o desmazelo de folhas ou de flores secas, mas o trabalho de limpeza é largamente recompensado porque estimulamos a floração e garantimos, simultaneamente, a sua manutenção por largas semanas. E, assim, com uma selecção cuidada e adequada, podemos ter um jardim de inverno decorativo e colorido, para usufruirmos nem que seja através dos vidros, que não desmerece em nada a explosão da primavera.

Texto: Vera Nobre da Costa