Dolores Ashcroft-Nowicki iluminou dezenas de milhares de alunos sobre os métodos das Tradições Ocidentais de Mistérios nos seus variados papéis de professora, Dolores do palestras e autora. Além de ter escrito dez livros, ela é a fundadora e Directora Pedagógica dos Servants of the Light (SOL), uma das escolas esotéricas mais importantes do mundo. Co-fundada por W. E. Butler, um estu Dolores te da falecida Dion Fortune, SOL ensina métodos práticos de magia, Cabala e ocultismo, através de um curso de estudo pessoal de quatro anos.
Dolores vem de uma longa linhagem de ocultistas e psíquicos treinados. Ambos os pais eram iniciados de terceiro grau. Dolores e sua filha Tamara herdaram sua sensibilidade psíquicos ded ambos os lados da família que se estende por um lado a Gales em por outro a sangue cigano da Andalucia, misturado com um traço de Cabala através de um tetra-avô judeu alemão. Nascida na brumosa, mágica e assombrada ilha de Jersey onde vive ainda, Dolores praticou as sagradas ciências ocultas desde a infância. Uma das suas contribuições mais valiosas ao ocultismo moderno foi focar a atenção no uso de Pathworkings (meditações guiadas) enquanto ferramenta, e é reconhecida como um dos seus exponente máximo. Viaja por todo o mundo constantemente, dando palestras, ensinando e efectuando workshops.
Recentemente Dolores efectuou um workshop mágico num fim de semana aqui em Portugal. Os assuntos foram viagens mentais no tempo, talismãs angélicos, labirintos mágicos, e os significados das letras hebraicas - MEM, NUN & TSADDI.
Sapo: O que é Magia?
Dolores: Essa é uma pergunta feita por muita gente. Magia, quanto a mim, é uma combinação de arte e ciência. É uma arte por causa das parte tradicionais, os gestos graciosos, as invocações sonoras, a utilização da cor, da visão, som, de todas estas coisas que a tornam uma forma de arte. No entanto é também uma ciência porque esperamos resultados a partir do que fazemos. Embora não tenha nenhum tipo de formação científica, estou a chegar muito rapidamente a uma relação lógica com a física. Por isso, se tenho que definir magia, podemos voltar à frase de Dion Fortune, que é a arte de alterar a nossa consciência conforme a nossa vontade. Num certo sentido, isso ainda se aplica. É uma ciência diferente, que contém em si mesma tanto os elementos positivos e construtivos de uma natureza científica como também a imaginação artística. Utilizando e criando estas paisagens internas quase como sonhos nas quais podemos viver, mover-nos e ter o nosso ser.
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Como é que então a magia difere das técnicas psicoterapêuticas de imaginação ou visualização criativas, como as que se fazem na Psicossíntese ou em escolas semelhantes?
Dolores: Não existem muitas diferenças. A divisão é muito ténue. Eu continuo a afirmar que gostaria que tivéssemos uma palavra diferente de magia. Esta está demasiado banalizada. Já não significa o que estamos a fazer ou o que estamos a tentar fazer. Temos que encontrar outra terminologia, esta coisa da PNL começa a oferecer novas maneiras de explicar as coisas, oferece novos termos, mas também a física quântica o faz. Magia é primeiro e antes do mais uma forma de crença. Em magia, eu digo, eu acredito que consigo controlar certos elementos do meu meio ambiente, acredito que posso controlar certos aspectos do meu sistema endócrino, através da imaginação, da visualização, técnicas de respiração, que num certo sentido, tem a ver com os aspectos científicos. Assim, a magia é uma combinação, é uma sopa, uma deliciosa combinação de arte, imaginação, visualização, fantasia, com uma dose saudável e de base sólida, porque é uma ciência. A questão é que perdemos as chaves.
Sapo: O que são as chaves?
Dolores: As chaves são, ou eram, os métodos de treino utilizados pelas antigas escolas de mistérios. Quer dizer, quando pensamos nisso, aos sete anos de idade, no mundo egípcio, todas as crianças eram apresentadas ao sacerdote do templo. Elas eram testadas durante três dias, e os que mostravam alguma forma de talento no sentido oculto eram aceites no templo para serem treinadas. Ora isto para os pais era óptimo, no sentido em que já não tinham que vestir, alimentar nem educar essas crianças. Era óptimo para as crianças no sentido em que lhes era dada uma hipótese que não era dada a muitos outros. Era óptimo para os templos, pois tinham um fluxo contínuo de talento. Mas como é que os treinavam? Temos dicas e pistas, temos bocadinhos nos papiros, temos bocadinhos de ideias que nos chegaram através da sabedoria popular, através da mitologia, e de todas as maneiras possíveis. Mas não temos nas mãos um currículo completo da forma como treinavam estes jovens. A forma como induziam estados alterados de consciência e a projecção da mente.
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Disse que os seus amigos a acham compulsiva em termos de escrever anotações. Eu sei por experiência própria que a maior parte dos magos são notavelmente fracos a transmitir a sua ciência.
Dolores: Não costumava ser assim. Enfiaram-me na cabeça que se fazemos meditações, escrevia-se o que se recebia. Não importava que fosse desleixado, fragmentado, e se parecia que não tinha muita importância. Escrevia-se porque três ou quarto dias mais tarde podia ser que nos fosse dada a chave. Eu estou no meio de um desenvolvimento interior - mentalmente, espiritualmente, e até mesmo no entendimento básico de algumas coisas. Isto tem-se passado de há cerca de 18 meses para cá De vez em quando, alguém me diz alguma coisa e eu penso "Oh! Isto encaixa!" e apresso-me a tomar nota. Estou com algumas pessoas que trouxe para este pequeno pradigma em que estou a trabalhar. As pessoas dizem-me "Leste isto assim-assim?" Está lá uma frase, ou um parágrafo, ou esta pessoa está a falar sobre algo. E tudo se encaixa. Ou tenho um sonho, um sonho lúcido. E estou a descobrir que não sou a única a trabalhar nisto. É como o "Centésimo macaco".". As pessoas escrevem-me a dizer "Tive uma realização muito interessante. É o seguinte," e eu digo "bem vindo ao clube," e escrevo a dizer "olha, toma isto."
Sapo: É como se estivessem todos a cozinhar um bolo, mas têm partes diferentes da receita.
Dolores: Sim, sim. Sabes, estamos a entrar noutro campo onde também sou compulsiva. O que não gosto é a maneira como muitas pessoas escondem o que têm e não o divulgam. Claro que tenho a noção de que algumas coisas não se podem divulgar até termos a maior parte do puzzle. De contrário, os seguidores da New Age, com dois paus de incenso, uma túnica nova e três livors do Aleister Crowley pensando que são um Ipsissimus, chegam ao Inferno em três tempo. Por isso é necessário uma atitude responsável perante isto. Uma vez que cheguemos a uma conclusão, podemos dizer às pessoas, "Olha, tenta isto." Acho q a forma como as pessoas se agarram às coisas, "Não podemos divulgar isso. Isso pertendce ao nosso Terceiro Grau." E eu penso, "Isto é o q eles disseram ao Crowley."
Sapo: Recentemente, formaram-se várias novas organizações, em particular os Philosophers of Nature, porque se achou que muitos alquimistas estavam a partir do princípio, reinventando a roda, porque não havia transmissão de conhecimento. Tantas coisas na Magia, Cabala, e na tradição hermética que se tornaram secretas. No website dos SOL você recomenda Regardie, e nem sequer menciona Crowley.
Dolores: Não, mas quando as pessoas me dizem 'O que pensa do Crowley?' eu tenho uma resposta. Eu respeito-o imenso. Tenho imensa pena da maneira terrível como foi educado, e também penso que ele foi o seu pior inimigo. O seu cinismo foi a sua queda. Mas eu também já notei que as pessoas que mais mal falam dele entram numa Loja e fazem magia do tipo que ele fazia. Não é que nós não o reconheçamos. É que eu acho que ele é perigoso para os novatos. Mas quando as pessoas chegam a um ponto em que eu penso, tu vais dar um bom supervisor, ou mesmo liderar uma Loja. Então, eu digo-lhes que avancem e leiam Crowley, e vejam onde ele se desvia, devido ao seu sentido de humor distorcido. Ele tinha imensos problemas, mas também acertou em imensas coisas.
Entrevista conduzida por Brian Timmins
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