Normalmente quando se fala em liderança e em relacionamentos, parece que ambos os assuntos não conjugam. Temos a tendência de achar que liderar é comandar de um modo autoritário, inflexível, e que inevitavelmente englobará a imposição de alguma coisa a alguém. Enfim, relacionamos de modo geral a algo pouco saudável e mesmo nada equilibrado. No entanto, como a própria palavra indica, a auto liderança consiste em aplicar as linhas de orientação relacionadas com liderança - e não de regras ou ordens - não em relação ao outro mas a si próprio.

Auto liderança implica auto consciência e auto responsabilidade, demonstrando consequentemente uma maior integridade e coerência a nível pessoal.

Essa deve ser a primeira premissa de todos aqueles que sonham ter um relacionamento amoroso equilibrado e saudável. A prioridade é o compromisso com o chamado self interno, ou seja, a sua essência. O compromisso consigo próprio.

Este tipo de liderança tem características bastantes fortes:

Auto responsabilidade. Assumir a responsabilidade das suas escolhas. A sua realidade atual advém das decisões que fez no passado. Por isso é importante tomar consciência de que foi você que criou e continua a criar tudo o que se passa de bom e de menos bom na sua vida. Se há alguma coisa que não gosta nalguma área da sua vida, então está na altura de fazer novas escolhas em relação a esse tema.

Ser coerente. Comprometer-se com o que diz, acredita e aplicá-lo na prática.

Ser inspirador e motivador. Dando força e elogios ao outro naquilo que ele mais precisa, não perdendo de vista os limites deste.

Reconhecer os seus pontos fracos. Assumindo-os na integra ao mesmo tempo que faz algo para ser melhor na sua partilha e vivência com o outro.

Ser integro e autêntico. Arriscando ser quem é sem medo dos julgamentos externos, pois conhece o seu potencial, é fiel aos seus valores e acredita piamente na sua verdade sendo esta ecológica - harmoniosa para si, para o outro e para o mundo. Saiba que dar demasiada importância à opinião dos outros é a maior escravidão do mundo.

Ser um exemplo. Principalmente pelo que faz e menos pelo que diz.

Não assumir responsabilidades que não lhe pertencem. Comprometendo-se só com as suas responsabilidades. Reconhecendo os seus limites e necessidades, assim como as dos outros, evitando co-dependências.

A auto liderança não é uma “profissão” fácil, implica determinação, compromisso e uma fé enorme naquilo que se compromete e se decide ser. Eu diria mesmo que é uma profissão de risco pois nem todos nós estamos dispostos a enfrentar certos medos que acarretam exercer este “cargo”! O auto liderado sabe que para ser bem sucedido em qualquer relação que tenha, terá que tomar consciência de certos medos e aceitá-los, pois ele sabe que tudo o que resiste, persiste!

Usar a relação como um indicador de padrões tóxicos. Para nos ajudar a reconhecer em nós partes que ainda não são seguras, aceites e amadas. O auto liderado sabe que cada vez que há um conflito na relação, a atitude a tomar de imediato é ser o mais impessoal possível. Como se passasse a ser apenas um espetador do filme que está a acontecer em vez do ator principal. A ideia é criar distanciamento emocional. Ver o filme de fora permite ganhar consciência de padrões condicionados, julgamentos e medos que ainda possa ter.

Esses medos normalmente são:

Medo de falhar e errar. Tudo o que precisa é tomar consciência de que não há realmente outra forma de crescer. O risco das escolhas faz parte da experiência. Elimine a palavra “falhar” do seu dicionário. Convença-se de que está sempre a fazer o melhor que sabe. E quando sentir que poderia ter feito melhor, em vez de se martirizar, use essa aprendizagem para ser melhor na próxima vez. Fique contente porque já está a evoluir.

Medo do ridículo e do julgamento. “O que é que o outro vai pensar de mim se eu for assim ou fizer assado“? “Será que estou a transmitir uma imagem ridícula?“
Se aprofundarmos isto vemos que antes demais somos nós que nos auto julgamos e nos “limitamos “ no nosso modo de ser. Ficamos agarrados a um papel, estatuto ou imagem que achamos que nos trará o tal valor e credibilidade que tanto ambicionamos.
Com isto pergunto: “Que imagem lhe é ainda difícil deixar perante as pessoas com as quais se relaciona com maior proximidade e intimidade?

Medo da rejeição e do abandono. Estes medos que todos nós temos e trazemos em maior ou menor intensidade são automaticamente vivenciados nos relacionamentos, num modo muito pessoal, fazendo-nos perder o nosso centro e integridade.

A falta de imparcialidade e a identificação com o medo, cria espaço e energia para começarem a surgir a culpa, a dúvida e a ansiedade começando por mecanismos de auto defesa, levam-nos a ter comportamentos reativos. É como se nos sentíssemos ameaçados por um ataque ao qual teremos de sobreviver violentamente.
O auto liderado sabe que se não souber estar sozinho e se não se aceitar tal como é na integra (a sua luz e sombra) esses medos mais tarde ou mais cedo virão bater-lhe à porta.

Logo pergunte-se:
- O que me impede de me comprometer em 1ºlugar comigo?
- O que estou disposto a reconhecer em mim para que este relacionamento se aprofunde?
- O que estou disposto a dar para que este relacionamento se expanda?
- Como posso reconheçer e vivenciar cada vez mais o Amor na minha vida?

- Escolho viver no medo ou no Amor?

Tenha coragem! Enfrente os seus medos. Sacuda-os e seja feliz!

Boa liderança e bem haja,

Filipa Andersen