Nesta janela de 72 horas muitos de nós têm de vestir a sua máscara #3652147 para poder lidar com as suas próprias famílias, para lidar também com as famílias dos cônjuges e, ainda, para lidar com a própria hipocrisia de aceitar vestir a tal máscara, ao invés de ser fiel à sua própria natureza.

As questões familiares não vão deixar de existir, isto é algo que devemos integrar. Contudo, e com esta informação, não seria mais benéfico se comprássemos o desafio dessas questões existirem a par do nosso compromisso com a nossa natureza?

Quantos irmão não se falam? Quantos primos são impedidos de confraternizar pelo orgulho ferido dos pais/tios? Quantos avós são abandonados, porque não dá ‘jeito’ fazer a deslocação? Quantos filhos optam por não estar presentes porque se sentem extraterrestres: seja por estarem solteiros, seja pela sua orientação sexual ou pela sua condição financeira?

Caramba, valerá de facto a pena sobreviver à época com o elefante na sala, onde todos sabem e ninguém assume o esforço que está a ser realizado para simplesmente ‘agradar’ o outro, negligenciando assim o seu coração? Qual é o preço da felicidade? Uma doença? Um desastre? Uma morte repentina? Uma despedida não comunicada?

O elefante na sala existe quando temos coisas para falar, mas optamos por calar a nossa voz. Aliás, a voz até nos falha, pois o pânico da rejeição, da vergonha e/ou do abandono é enorme. Porquê? Qual é a pior coisa que lhe pode acontecer, se exprimir a sua verdade? Se hoje fosse o seu último dia, o que é que teria valido a pena ter sido dito, partilhado, vivido?

Por esta altura, e porque estas palavras lhe chegam nestes dias tão particulares, ainda está a tempo de fazer as refeições em família num registo mais feliz. Reconsidere, por favor, se de facto está onde quer estar. Abrace genuinamente as pessoas que recebe em sua casa, ou o anfitrião que o está a receber. Escolha palavras amorosas, em vez do silêncio cheio de ruído enquanto foge à varanda para fumar um cigarro.

Respire profundamente e considere que este Natal pode eventualmente ser um ponto de viragem na forma como se relaciona. Depende de si transformar, escolher como prefere agir e reenquadrar as situações que vive.

Há sempre um propósito maior, acredite. Nós somos a prova maior do milagre da vida.