Numa relação, a dificuldade da grande aprendizagem da 'aceitação', reside no aparente mecanismo do ser humano, automaticamente preparado em estabelecer certos limites que impedem de nos reconhecermos abertamente no outro. Essa não aceitação está ligada à imagem que temos de nós mesmos. Com facilidade, acusamos o outro de defeitos ou incapacidades, não percebendo que podemos sofrer do mesmo.
Fundir-nos no outro não é tarefa fácil. Creio que isso não existe nesta dimensão. Quantas vezes já dissemos ou ouvimos dizer isto: 'aceito como ele/a é, mas não o/a quero por perto'. Ou variantes desta frase.
Nos relacionamentos isto fia muito fininho. Querem ver como?
Já te ocorreu estares muito tranquilo/a no teu relacionamento, acreditando que tudo está na paz dos anjos e, quase de súbito, aparecer alguém que te desafia? Não? Pensa bem. Quem te está a desafiar? Aqui, tens que parar um pouco e perceber o que está a acontecer. É um desafio interno, vindo do teu parceiro/a? Ou vem de alguém de fora da relação?
Se esta situação se dá dentro da relação, o casal poderá assumir em conjunto o desafio e darem um brilho especial às questões erótica e amorosa. Se estiveres apto para aproveitares a oportunidade que a vida te está a dar para regenerares a tua própria capacidade em aceitares, amares e produzires transformações internas. Será que estás tão instalado na rotinazinha da tua relação que nem te atreves a seguires por outros ventos? Por outras demandas? Estes são momentos poderosos, onde basicamente tens duas alternativas: ou sucumbes ao teu imobilismo ou aceitas a transformação.
Veja na página seguinte: Os desafios do Exterior
Também acontece que somos desafiados do 'exterior'. Os vínculos eróticos e amorosos que temos na nossa relação estremecem por todos os lados. Se és confrontado com um tsunami que vem de fora da relação, bom… deveria ser o momento adequado para respirares fundo e tomar decisões, mesmo que sejam dolorosas.
O desafio exterior, o que vem de fora do casal, apresenta-se de forma intensa, exercendo uma atracção profunda, quase como aquela velha ideia do ‘amor impossível’, onde abundam a revelação de segredos que inquietam, normalmente bem embrulhados em enganos, desenganos, ilusões e desilusões.
Uma coisa é certa: quem vivência esta experiência erótico-amorosa, vai também enfrentar uma situação onde a capacidade de amar é posta à prova. Em que esta capacidade de amar é profundamente desafiada. Este desafio pode tornar-se obsessivo e confundirmos amor e sexo.
Pode ser uma fase da tua vida em que a palavra 'amor' toma outro significado. Mais ainda, a capacidade de amar. Se és confrontado com culpas e medos, com acusações e coisas afins, como te sentirás? Sentes-te frágil? O teu velho poder desapareceu ou está prestes a cair?
Sentes-te ameaçado? Ou, pelo contrário, o teu único problema é livrares-te do teu actual companheiro/a, para iniciares uma nova relação, mais fogosa, aparentemente mais gostosa que a actual?
Proponho-te que medites sobre estes assuntos e tomes a decisão mais adequada, pois é nesta fase dos relacionamentos que habitualmente tomamos as decisões menos apropriadas para aquele momento. Os vínculos que mencionei acima podem não coincidir. A vivência erótico/sexual e a vivência amorosa podem não coincidir. Ora, isto desvia a nossa atenção do que é fundamental e importante. É o velho binómio entre ‘desejo’ e ‘amor’.
Veja na página seguinte: Vénus em oposição a Plutão
Isto pode acontecer se os teu trânsitos indicarem que a tua Vénus natal está a receber uma oposição de Plutão. E depende muito da tua Lua natal, que não esteja em situação de incompatibilidade com Vénus natal. Isto quer dizer que a tua capacidade de te abrires (Vénus) só será utilizada se as tuas feridas emocionais, os medos que essas feridas provocam e os cálculos defensivos que esses medos geram derem o seu acordo. Aí, sim, ultrapassarás toda essa situação. Caso contrário, a tua capacidade de te abrires (todos possuímos) fica fechada para a vida, encerrando-te num espaço sombrio.
Quando Plutão toca por oposição, esta Vénus tão vulnerável, há uma enorme oportunidade para que a tua Vénus se liberte e se mostre em toda a sua nudez, sem retoques, nem maquilhagens de alma ou de convicções. Assim, Plutão rebenta com as frágeis formas internas que Vénus e o seu simbolismo haviam criado para ti. Ou seja, tu mesmo, as criaste. É isto que entra em contradição com a natureza da tua Lua no teu mapa natal.
Assim, o teu caminho fica aberto para outras relações amorosas mais saudáveis, mais genuinamente amorosas, sem amparos e chapéus de sol a protegerem-te das intempéries da vida. Ficas nuzinho perante a vida. Escolhe.
Outro dia, conversaremos mais sobre estes assuntos.
Termino, perguntando-te: «Tens medo de amar?». Ou, se preferires: «O amor que lhe tens é o da aceitação da pessoa que é?». Ou, melhor ainda: «A tua relação amorosa é saudável?»
António Rosa
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