13 de novembro de 2023
O único aspeto maior positivo da lunação é o trígono a Neptuno.
Pela negativa reforça o brilho de um verniz que estala depressa; dá mais gás às ilusões Escorpiónicas de poder, controlo, que legitimam os conflitos, guerras, usurpações e escravaturas. Mesmo e sobretudo, aquelas onde nós próprios nos mantemos reféns - como na carta do Tarot do Diabo, acorrentados às nossas dimensões mais inferiores – pelo pescoço, o calcanhar de Aquiles do Touro hedonista e servo da matéria, e pelos genitais, órgão do Escorpião.
Um Júpiter sem aspetos pode dificultar, à primeira vista, o acesso à Verdade que Liberta, à sabedoria que pode fazer a diferença nas decisões individuais e nas relações internacionais, mas com tanta Água no mapa, o Céu pede que recebamos, que nos tornemos mais recetivos, abertos a essa intuição veículo do conhecimento que não virá tanto do hemisfério esquerdo, analítico, diferenciador – até porque Mercúrio está “bloqueado” e temeroso, pela quadratura de Saturno – mas das sínteses do hemisfério direito, o holístico, não verbal, nessa interioridade profunda a que a Lua Nova convida.
E ainda esse Júpiter, está regido pela Vénus poderosa em Balança, que pode pender para o polo que quer manter as aparências a qualquer preço, nas alianças e diplomacias mundiais. Está realmente poderosa, e dia 16 novembro, encontra-se com o nó sul do destino, fazendo um ajuste de contas cármico com todas as coisas da Balança desequilibrada, com as preguiças que não nos deixaram fazer/ser melhor, com as codependências em que nos abandonámos, por termos traído as feridas de abandono e rejeição da nossa criança interior.
Esperançosamente, a Vénus - em cada um de nós - pode, ao invés, aproximar-nos do Caminho do Meio, o fiel da sua Balança, pela capacidade de ativar um diálogo justo, elevado (Sagitário) e positivamente transformador (trígono a Plutão). Assim seja.
Dei o título a esta Lua Nova de “Iniciação ou Perdição?”, porque este Mapa me parece verdadeiramente iniciático, nas provas que nos propõe e no muito que podemos evoluir em face disso. Os dois luminares mais Marte, o Deus da Morte e Guerra, opostos a Urano, o Senhor da disrupção, o trovão, ou o vulcão que irrompe da Terra-Touro – a carta do Tarot, da Torre – pode ativar a violência, os choques, pode manter toda a dor que tragicamente já explodiu. Neste eixo que os eclipses desde novembro de 2021 dinamizaram, a economia e a finanças podem (continuar) a tremer.
Atenção que Marte no coração do Sol interioriza a energia, cuidado para não implodir também (é natural que nos dias antes desta Lua Nova, nos tivéssemos sentido mais exauridos, desgastados, ou sem energia). Marte ainda vai enfrentar uma quadratura a Saturno (exata a 25 de novembro), logo, é para usar a energia para nos transformar a nós primeiro. Para nos pormos primeiro em causa.
Para nossa purificação e transformação, ao melhor da nossa capacidade. Esse é o uso mais elevado, consciente, da energia do Guerreiro ao serviço da Vida, do Coração, como nos foi proposto trabalhar durante os quatro meses em que a Vénus esteve em Leão.
Falei tanto sobre este trânsito neste passado Verão de 2023, em que ela esteve “anormalmente” quatro meses no mesmo signo, o do Leão.
Não foi por acaso que o Céu colocou a Deusa do Amor e da Vida, incentivadora das corretas relações humanas, tanto tempo a trabalhar no signo do Amor, do Coração.
É que agora - com o preço que pagámos nesse processo - já sabemos com muito mais clareza - ou a clareza total, o que o nosso coração/alma realmente quer; o que podemos oferecer ao mundo pelo honrar da nossa individuação.
Com esse enraizamento no coração, essa verdade sentida nos ossos, já podemos usar a energia poderosa do Marte em Escorpião, para honrar, proteger e cuidar esse nosso Caminhar. Seja nas relações, na carreira, na saúde, na comunidade. Usemos a energia desta lunação para o foco, o verdadeiro compromisso com o que nos faz bem, a ação que confirma o sentir do coração.
A cabeça do Dragão em Carneiro - já falei várias vezes sobre ela – pede toda a coragem mencionada atrás, e nesta lunação, é um novo patamar onde se semeiam por mais seis meses as sementes de novas formas de uso dos recursos, de se fazer finanças/economia, de se ser comunidade. Oposta a Urano, que rege a Era do Aquário, para onde Plutão irá viver por 20 anos(!) já em 2024, diz que é preciso denunciar as dores (pandémicas) da nossa civilização.
O narcisismo, solipsismo, individualismo (mesmo com 8 bilhões de almas por aqui) precisam ser encarados, a partir de cada um, para sanação, e Urano pode chamar-nos a refazer comunidade, revalorizar recursos - incluindo os que nós podemos criar pelos nossos próprios talento, iniciativa, singularidade.
Diz-se que é preciso uma aldeia inteira, para educar uma criança. Pois eu acrescento que é preciso uma aldeia/tribo/comunidade inteira para reabilitar/regenerar, um adulto. Um adulto dilacerado pela perda de entes queridos, vergado pela solidão, levado ao chão pela doença, pelo desemprego, pela desilusão com um ideal, pela ausência de amor por si mesmo…
Esta oposição tem poder de nos ajudar a perder o medo da (verdadeira) liberdade, a fazer algo criativo, construtivo, com ela. Plutão em Aquário aprofundará este trabalho, mas, aproveitemos os ensinamentos destas lunações, para que os dois anos e meio de Saturno em Peixes, (até 2026) não sejam mais dolorosos, com uma tremenda pobreza de espírito, sentimento geral de estar-se perdido, dissociado da realidade de várias formas, desesperado, louco…
Dizia no início deste texto, que o maior aspeto benéfico desta lunação é o trígono a Neptuno. Façamos da solidão benigna, aquela onde somos recetivos à nossa Alma, o nosso Altar, onde fazemos as preces e meditações. E que nesse altar vivo, seja sacrificado o que nos impede de aderir, de ser o processo de realizar a consciência crística que Neptuno em Peixes ensina e a que exorta.
Onde temos Escorpião no nosso Mapa Astral, somos agora chamados a “morrer”, transmutar, a usar positivamente a força de Marte, comandada pela ordem do Sol, para que na casa onde temos Touro, possamos realizar Urano e Júpiter.
A Verdade (que primeiro é interna) que Liberta! Resgatando e manifestando o nosso verdadeiro valor e autenticidade, para a real paz interna. Escorpião é regido, exotérica (personalidade) e exotericamente (alma) por Marte. O Guerreiro (consciência espiritual aplicada de forma ativa) atravessa o conflito (dualidade), e na sua luta (experiência), está inscrito o gérmen do triunfo (a Conquista da Unidade ou Consciência da Alma).
Uau. Esta Lua Nova iniciática de Escorpião é um chamamento à coragem do Guerreiro, ao serviço da Alma.
Isto faz-me lembrar as palavras de Carl Jung: “Sou responsável não apenas pela moralidade do meu ego, mas também e em igual medida, por essa segunda vontade. A encarnação, significa exatamente isto: a vontade de Deus ocorre através de mim. In “Reflections on the Life and Dreams of C.G. Jung, Page 190”.
Que a Vontade do Divino, ocorra através de nós. Feliz e abençoada Lunação.
Com amor,
Vera Leal FemininoConsciente EViagens
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