A Astrologia e a Astronomia têm em comum o estudo dos corpos celestes e os seus movimentos. Existe, no entanto, uma diferença fundamental entre ambas: enquanto a Astronomia estuda os aspectos físicos, objectivos e materiais dos corpos celestes, a Astrologia estuda o seu aspecto simbólico e mitológico.
Apesar da base em comum, tem sido bastante difícil chegar a acordo entre astrónomos e astrólogos.
Os primeiros acusam os astrólogos de serem supersticiosos, não-científicos e limitados, enquanto estes acusam os astrónomos de “frios” e “mentais”, incapazes de intuição ou de pensamento simbólico.
Haverá algum sentido nestas mútuas acusações?
A verdade é que, na grande maioria dos casos, nem uns nem outros conhecem bem aquilo que estão a criticar.
A maioria dos astrónomos limitou-se a passar os olhos pelos chamados “horóscopos de revista” ou pelos “livros de signos”. Aí, leram sobre as características pretensamente atribuídas aos “nativos” de cada um dos doze signos e sobre as supostas “previsões” do que fatalmente lhes acontecerá, apenas por “pertencerem” a um dado signo.
Depois de semelhante experiência, é mais do que compreensível que tenham posto de parte a Astrologia, passando a considerá-la um conjunto de superstições fatalistas, redutoras e, ainda para mais, cientificamente incorrectas. (Estas publicações, que pouco ou nada contribuem para divulgar o verdadeiro conhecimento astrológico são, infelizmente, as mais divulgadas).
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Quanto aos astrólogos, muito são os que se escudam numa suposta “intuição”. Esta, ao que parece, limita os seus interesses a assuntos “de carácter espiritual”, deixando-os sem vontade e sem curiosidade pelos números e cálculos matemáticos – como se estes não fossem, também, expressões de uma realidade transcendente.
Esta atitude, cuja verdadeira motivação é, muitas vezes, o medo de não conseguir compreender, vem negar liminarmente toda a possibilidade diálogo, compreensão e partilha de conhecimento com os astrónomos. Ficam, por isso, sem resposta quando os estudiosos de Astronomia lhes apontam alguns aspectos técnicos, que do ponto de vista científico parecem incongruentes.
A verdade é que tanto a Astrologia como a Astromonia são fascinantes. Ambas têm linhas de abordagem muito específicas e ambas contribuem, largamente, para o conhecimento humano. Não há nada de frio e seco nos números, tal como não há nada de errado ou pouco científico em estudar o simbolismo atribuído aos corpos celestes. Muitos cientistas reputados tiveram, aliás, a coragem de fazê-lo, sem prejudicar em nada o seu espírito científico, antes alargando e enriquecendo a sua visão do Universo.
O que não tem cabimento é querer impôr um destes referenciais como verdade absoluta e teimar em aplicá-lo a todas as situações. Assim, não faz sentido procurar explicar tudo pela Ciência, rejeitando o que parece não se enquadrar nesse referencial. Isso seria rejeitar todos aqueles aspectos da natureza humana que não são mensuráveis nem redutíveis a razões lineares de causa e efeito; os sentimentos, a música, a poesia... Seria também esquecer o que a Ciência realmente é (ou deveria ser): um caminho de descoberta, percorrido por viajantes interessados, ávidos de compreender, dispostos a expandir referenciais e a reformular métodos de abordagem. Reduzir a Ciência a um papel de “polícia”, sempre pronto a excluir e a condenar, é fazer-lhe uma grande injustiça.
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Por outro lado, também não faz sentido remeter tudo para as grandes questões metafísicas e recusar explicações objectivas. As grandes verdades intemporais – por exemplo: “tudo é energia” – são, sem dúvida, fontes de inspiração, mas não serão nunca desculpas para a falta de conhecimentos técnicos. Em vez de fugir aos cálculos e aos números, importa compreender que estes constituem um aspecto fundamental e incontornável da Astrologia.
Em suma, tanto a Astrologia como a Astronomia dispõem de referencias diferentes mas, em certa medida, complementares.
Assim, em vez de se manterem de costas voltadas, tanto os astrólogos como os astrónomos ganhariam muito se pudessem trocar ideias e conhecimentos, numa atitude de descoberta e respeito mútuos.
No futuro, talvez venha a ser possível reunir as perspectivas física, simbólica, mitológica e histórica, numa abordagem integrada. Talvez venha a ser possível trocar ideias sobre azimutes e efeitos gravitacionais, signos ascendentes e quadraturas, sem que ninguém se sinta ofendido nem compelido a demonstrar à outra parte o quanto está “errada”. Talvez astrónomos e astrólogos descubram que há mais pontos que os unem do que divergências que os separam.
Ambos partilham, afinal, a mesma paixão pelo Universo.
por Helena Avelar
Espaço Astrologia
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