São sete os mares apontados desde a antiguidade mas, repartidos pelos cinco oceanos, são atualmente mais de 50 em todo o mundo. Cobrem 71% da superfície territorial do planeta e escondem, nas suas profundidades, um universo que muitos ainda desconhecem, onde cohabitam peixes e outros animais marinhos, seres vivos que desenvolvem luminescência para sobreviver e organismos unicelulares que com eles partilham correntes marítimas, zonas de corais e cavidades obscuras.
A partir dos 1.000 metros de profundidade, deixa de haver luz. As criaturas que lá vivem veem-se obrigadas a ter de viver no escuro. Muitas dessas espécies são cegas e, para conseguirem resistir às limitações com que se confrontam, tiveram de se adaptar. Ultrapassada a barreira dos 2.000 metros, a fisionomia desses seres, muitos deles microscópicos, muda radicalmente. Uma grande parte desenvolveu dentes serrados, muito compridos. Para se alimentarem, observam as movimentações.
Se sentirem as águas paradas a mexer, é porque pode haver comida nas proximidades. Alguns desses predadores iluminam-se para atrair as presas. Nesta profundidade, são muitos os seres que desenvolveram luminescência, em todo o corpo ou apenas numa parte nele. Em todos os mares do mundo, existem corais. Muitos deles estão localizados a 3.000 metros de profundidade, um milhar de metros acima da superfície que o peixe-víbora, o tamboril e o peixe-ogro elegeram para viver, apesar de existirem variedades piscícolas que sobrevivem abaixo dos 8.000 metros, território dos xenófóforos, seres unicelulares. Alguns chegam a medir 20 centímetros e já foram identificados a mais de 10.600 metros.
A partir dos 4.000 metros de profundidade, a pressão da água atinge níveis elevados, chegando a rondar os dois quilos por metro quadrado. Esta situação também está na origem de muitas das mutações registadas. A partir dos 6.000 metros, é 1.100 vezes maior do que a sentida na superfície. Só para ter uma ideia do que isso significa, é como se um ser humano carregasse cinco aviões Boeing 747 às costas. Apesar das explorações científicas que têm vindo a ser desenvolvidas, o mistério ainda é grande.
A ameaça crescente da poluição, essa, em contrapartida, já não é segredo para ninguém. Para além do lixo visível a olho nu, também os satélites que monitorizam a terra continuam a alertar para o aumento do número de resíduos no mar. O aumento da temperatura da água e a acidificação dos oceanos é outra das ameaças, como alertou o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, no discurso que fez no dia dos 50 anos do Dia da Terra, a 22 de abril.
"A mudança climática acelerou na última década e uma temperatura média mundial recorde será produzida novamente nos próximos cinco anos, asseguram as previsões climáticas da Organização Meteorológica Mundial (OMM) publicadas esta quarta-feira", informou, nessa data, a ONU em comunicado de imprensa. O degelo crescente nos dois pólos da Terra também traz novas ameaças e desafios exigentes que, se não forem levados a sério e acautelados, podem comprometer o futuro do planeta.
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