Apesar da pandemia global de COVID-19 ter obrigado o mundo ao confinamento, as emissões de CO2 não dão sinais de abrandar. De acordo com o Observatório de Mauna Loa, no Havai, nos EUA, o volume de dióxido de carbono na atmosfera atingiu um novo número recorde. Os cientistas que monitizaram os valores registaram, em maio do ano passado, uma concentração de 415,26 partes por milhão, um valor nunca antes alcançado na história da humanidade.
Na última medição anual, realizada nos últimos dias, foram surpreendidos com uma subida para as 416,21 partes por milhão. Recorrendo aos índices dos núcleos do gelo que usam para aferir as concentrações de CO2 ao longo dos milénios, os investigadores do Global Monitoring Laboratory, laboratório da organização científica National Oceanic and Atmospheric Association, conhecida pela sigla NOAA, confirmam que estes números nunca foram atingidos em 800.000 anos.
De acordo com a média mensal, obtida a partir de dados atualizados no passado dia 5 de maio, as emissões de CO2 registadas em abril de 2019 foram de 413,33 partes por milhão. Em abril de 2020, esse valor tinha subido para 416,21. Apesar da redução dos níveis de poluição gerados pelo surto pandémico do novo coronavírus, o volume de dióxido de carbono emitido para a atmosferta não diminuiu, muito pelo contrário, como confirmam os últimos números oficiais. A divulgação dos novos dados da NOAA está a preocupar os dirigentes e os colaboradores do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).
"O COVID-19 dá-nos a oportunidade de podermos fazer um balanço da relação insustentável que temos tido com o meio ambiente. Temos de a saber aproveitar para reconstruir as nossas economias de formas ambientalmente mais responsáveis", apela Niklas Hagelberg, especialista em alterações climáticas do PNUMA. As emissões de CO2 geradas pela combustão de combustíveis fósseis diminuíram 4,3% na União Europeia em 2019. Em Portugal, baixaram o dobro, 8,7%.
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