“A Verdadeira História de Barbi” volta a cena daqui a menos de um mês: a 11 de abril no Teatro Municipal São Luiz, em Lisboa. Serão duas temporadas: abril a maio e junho a julho. Entretanto, já este sábado, dia 15, a peça é apresentada no Teatro-Cine de Torres Vedras, às 21h30.
Não é a primeira oportunidade em tempos recentes para o público se rir com as três “tias” mais venenosas de Portugal: Tuxa, Kika e Babá, ou seja, os atores Miguel Abreu, Paulo Ferreira e F. Pedro Oliveira. Estiveram em julho do ano passado no Auditório dos Oceanos do Casino Lisboa.
“A reposição em 2013 correu bem, sobretudo junto do público feminino, que gostou, riu e aplaudiu”, observa Miguel Abreu (Tuxa). “Estamos em linha com esse público feminino, algo burguês, que se revê no texto e no trabalho dos atores”, acrescenta.
É um espetáculo histórico, com texto de José Pinto Correia, a partir de Guy Bedos e Jean-Loup Dabadie, e encenação de Alexandre de Sousa. A estreia absoluta, no Teatro Maria Matos em maio de 1993, pôs a país a falar de travestismo. Precisamente: o travestismo como género artístico, e não mero adereço cómico, adquiria pela primeira vez, com as Barbis, uma forma teatral consistente. O espetáculo voltaria à ribalta em anos seguintes e novas versões.
“Sempre gostei da ideia de reposição e de atravessar outras gerações, mexer em memórias e relançar memórias, fixar uma identidade”, diz Miguel Abreu.
O travestismo é um tema que interessa a uma parte do público gay masculino, mas curiosamente, há 21 anos, quando não existia em Portugal uma identidade gay estabelecida e reconhecida em termos sociais, os homossexuais aderiram às “Barbis”. O mesmo não aconteceu no ano passado. “A comunidade LGBT foi menos participativa”, afirma Miguel Abreu. “Gostei muito de compreender o atual paradigma da comunidade gay: muito menos atraída pelo travestismo e muito mais atraída pelo futebol e pelo râguebi, por exemplo. Aliás, estive há pouco tempo em Nova Iorque e por lá passa-se o mesmo. Esta reflexão parece-me interessante”, sublinha o ator.
A versão que vai apresentada em abril no São Luiz incluirá danças de salão e os produtores estão à procura do bailarino que falta para compor o corpo de baile.
Bruno Horta
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