Lizete Cruz, de 87 anos, faz yoga com a mestre Clô, como é conhecida Clotilde Ferreira, há 27. «Decidi fazer qualquer coisa após aposentar-me», conta, sorridente, enquanto espera pelo início da aula no Ginásio Clube Português, em Lisboa. Descobriu o yoga através de uma amiga e adorou.

O bem-estar que a prática lhe proporciona é tal que Lizete não falha uma aula. Três vezes por semana tem encontro marcado no Ginásio. E explica porquê: «Tenho problemas nas vias respiratórias e o yoga faz-me sentir melhor, ajuda-me com a respiração e os movimentos. Só faço os movimentos que me facilitam a respiração. Aqueles que dificultam já não faço».

Este é precisamente um dos princípios do Kripalu Yoga, praticado e ensinado pela professora Clô, prestes a completar 94 anos: o respeito pelo corpo.

E é o que traz Manuela Palma, de 74 anos, às aulas. «Sou aluna da Clô há 17 anos», revela, acrescentando que praticou ginástica durante anos. «A ginástica era demasiado violenta para mim. Experimentei o yoga e, de facto, é aquilo em que me sinto bem», conta.

Os benefícios para a sua saúde são valiosos. «Tenho rinite alérgica e estou muito melhor. Sou uma pessoa muito mais calma, muito mais relaxada. O yoga ajuda muito a controlar as emoções». Isto porque vir às aulas de Clô melhorou em muito a sua qualidade de vida, congratula-se, sem poupar elogios à professora: «A Clô faz o movimento acompanhado da respiração, e isso é muito importante. Trabalhamos bastante o físico, alongamentos, abdominais, tudo».

Com o tempo, Manuela aprendeu mesmo a utilizar as técnicas das aulas no dia-a-dia. «Até aprendi a respirar, os tipos todos de respiração. Já sei como recorrer e tenho resolvido alguns problemas. Não tenho dores, nada… parece que não tenho corpo!»

Gosta especialmente da energia da professora: «A Clô tem uma energia sem igual», diz, entusiasmada. A opinião é partilhada por Lizete, a seu lado: «É uma energia que nos transmite, uma vibração…».

Mas não se pense que são apenas mulheres a fazer ioga. Clotilde Ferreira tem vários alunos assíduos do sexo masculino. Rogério Guedes, de 71 anos, é um deles. Veio pela primeira vez há 11 anos, trazido pela esposa, Maria Fernanda. Valeu a pena. «É muito gratificante», assevera, bem-disposto, garantindo: «Três vezes por semana, fico em estado zen. Então venho cá para baixo… depois chateio-me, venho ao yoga outra vez. O benefício é esse. E fisicamente também: os alongamentos, articulações, elasticidade, equilíbrio. O yoga não é só a meditação. É tudo isso, e a gente vicia-se».

A esposa, Maria Fernanda Fernandes, de 66 anos, sente o mesmo. Encontrou no yoga uma forma de equilíbrio. «Tenho tendência para depressão. E quando estou muito tempo sem vir, por estar fora do país, por exemplo, sinto imensa falta. Equilibra-me». Também ela refere a energia das aulas de Clotilde. «A Clô trabalha muito a nossa energia, e isso é óptimo para a elasticidade do corpo».

Rogério conclui, peremptório, antes de entrar na sala do 8.º piso, com uma vista soberba sobre Lisboa: «Não vimos para sermos ginastas. É para nos sentirmos bem, ter qualidade de vida. E a Clô ajuda muito».

A professora Clô agradece. «Estou muito satisfeita porque tenho ajudado. Justamente na nossa idade, é muito importante! Porque não é só a parte física, é também a parte mental que trabalha, por causa da concentração».

Ri com o rosto todo, quando se lhe pedem conselhos para quem pretende iniciar-se no yoga, e diz: «Vir assistir e fazer para perceberem o que estão a fazer. Porque a reacção do corpo é diferente, e podemos pensar que não está bem e está. O corpo faz a postura que pode».

Texto de Sónia Balasteiro

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