Nunca se falou tanto de influenciadores (ou criadores de conteúdos digitais) como se fala hoje. Se calhar, nem mesmo há 10 anos quando esta profissão dava os primeiros passos. A verdade é que vemos alguns perfis com imensos trabalhos, a comunicarem marcas a toda a hora, e outros que não conseguem chegar lá.
Mas qual é a razão de isto acontecer? Afinal, o que é necessário para que um influenciador trabalhe com uma marca e o que é que uma marca deve ter para que um influenciador se queira associar a ela?
Antes de mais nada, deve existir uma ligação. O casamento perfeito entre uma marca e um influenciador dá-se através de uma ligação. O influenciador consome a marca e/ou esta faz parte do seu universo e, por outro lado, a marca gosta da forma como o influenciador comunica e cria conteúdos.
“Mas o mercado está tão saturado, como é que escolho o influenciador certo para a minha marca?’’.
O mercado está de facto cheio, mas isso não significa que existam (boas) opções de escolha. Por exemplo, faz sentido escolher um criador de conteúdo com muitos seguidores, mas pouco engagement? Isso vai reverter? Escolher um criador que não tenha forte contacto com a sua audiência, à partida, é deitar dinheiro ao lixo.
Vamos colocar isto num exemplo do quotidiano: precisa de comprar um presente e vai até uma loja que não conhece bem, mas é quase certo que irá encontrar o que precisa. Até estava predisposto a gastar algum dinheiro e vê algumas coisas que poderiam fazer sentido, mas é uma loja com produtos que até nem domina. O ideal era ter algum tipo de aconselhamento, mas o comerciante não troca uma palavra consigo e a pouca interação torna-se estranha. Mas, entretanto, lembra-se da loja do senhor Paulo, que conhece relativamente bem. Sabe que ele lhe vai recomendar o melhor do produto da sua loja e tem a certeza que ficará bem entregue, porque, ali, só tem produtos que o próprio consumiria. O comerciante e o senhor Paulo são os influenciadores e o internauta é o comprador.
Este é o poder das fortes presenças no digital. Mas vamos agora ver o outro lado da moeda e voltar à pergunta inicial: ‘’o que é que uma marca deve ter para que um influenciador se queira associar a ela?’’.
Eu não sou criadora de conteúdo, mas trabalho com eles há alguns anos, e já me passaram vários briefings pelas mãos, muitas vezes com ideias e ângulos superfechados, com formas de comunicar completamente díspares do criador que contrataram. Ora, se por um lado precisamos de um influenciador que seja capaz de recomendar com autenticidade à sua audiência, por outro precisamos de uma marca que o deixe ser livre de o fazer à sua maneira. Esta é, muitas vezes, a causa de morte de uma boa campanha ou de uma boa relação. O vínculo marca/influenciador melhora a 200% quando ambos se permitem ser o que melhor sabem ser. E não importa escolher o maior dos influenciadores e até ter um enorme budget para apostar neles.
Sem partilhas orgânicas, proximidade com a audiência e uma relação com a marca, é possível que o resultado fique aquém. É que, assim, nunca teremos ligações como a que o senhor Paulo construiu.
Um artigo de opinião de Ana Patrícia Silva, da Talents Agency.
Comentários