![Mathilda Paatz, piloto de Fórmula 4:](/assets/img/blank.png)
"Estar num mundo de homens nunca me impediu de lutar pelos meus sonhos. O que importa é a performance, não o género." Aos 16 anos, Mathilda Paatz já soma mais de 200 corridas e tem um objetivo claro: chegar à Fórmula 1. Determinada e apaixonada pelo desporto motorizado, enfrenta desafios num ambiente competitivo, mas recusa-se a ser definida pelos estereótipos.
Desde os primeiros passos no karting até à Fórmula 4, Mathilda tem desafiado as barreiras de um desporto historicamente masculino. Com dedicação e resiliência, equilibra treinos intensivos, estudos e a pressão de competir contra pilotos mais experientes. Apesar do caminho difícil, vê cada obstáculo como motivação para provar o seu valor. Como embaixadora do programa "Women in Motorsport", incentiva jovens raparigas a acreditarem que o talento e a determinação são as verdadeiras forças que levam ao sucesso.
Olhando para o futuro, a jovem piloto traça um caminho ambicioso e não esconde a sua maior meta: tornar-se a primeira mulher em mais de 50 anos a competir uma temporada completa na Fórmula 1.
Começaste no desporto motorizado muito jovem. Como surgiu esta paixão e o que te fez querer seguir esta carreira profissionalmente?
Começou quando eu era muito jovem, foi crescendo com o tempo e, à medida que entrei no mundo deste desporto, percebi que era realmente isto que queria fazer. Quanto mais treinava, mais queria competir e superar-me. O desporto motorizado é único porque exige não só habilidade física, mas também força mental, estratégia e conhecimento técnico. Essa combinação é o que o torna tão emocionante para mim. Desde o início, soube que era isto que queria fazer. Correr é onde me sinto mais em casa e, sempre que entro em pista, estou motivada para continuar a melhorar e provar que pertenço a este mundo.
Acredito na importância de quebrar barreiras e mostrar que o talento e o potencial não têm género
Olhando para trás, quais foram os maiores desafios que enfrentaste ao entrar neste mundo competitivo tão jovem?
Um dos maiores desafios foi encontrar um equilíbrio entre as corridas, a escola e a minha vida pessoal. O desporto motorizado exige muito tempo e dedicação, e, sendo jovem, foi difícil gerir tudo eficazmente. Outro desafio foi lidar com a pressão de competir a um nível elevado desde cedo. Estar num ambiente competitivo e procurar melhorar constantemente pode ser mentalmente exaustivo. No entanto, estes desafios ajudaram-me a desenvolver competências como a gestão do tempo, a disciplina e a resiliência mental, que têm sido cruciais no meu percurso.
Alguma vez sentiste que, por seres rapariga, tinhas de provar o teu valor ainda mais em pista?
Sim, definitivamente. O desporto motorizado sempre foi dominado por homens, e, como mulher jovem, por vezes senti a pressão de ter de me provar ainda mais. Houve momentos em que tive de demonstrar que consigo competir tão bem, ou até melhor, do que os meus colegas do sexo masculino. Mas, em vez de ver isso como um obstáculo, uso-o como motivação para me superar. Acredito na importância de quebrar barreiras e mostrar que o talento e o potencial não têm género.
Tento lembrar-me do motivo pelo qual estou aqui e que este é o meu lugar, onde mereço estar! Não foi sempre fácil estar num ambiente tão dominado por homens, mas isso não define, nem definirá, a minha carreira.
O desporto motorizado continua a ser dominado por homens. Como tem sido a tua experiência ao competir contra uma grelha maioritariamente masculina?
Competir contra uma grelha maioritariamente masculina tem sido uma experiência única. No início, foi um pouco intimidante, mas, com o tempo, aprendi a apreciar esse desafio. Isso obriga-me a ser melhor e lembra-me da importância da resiliência e da determinação. Nunca deixei que o facto de ser a única mulher em pista me limitasse. Sempre acreditei que o mais importante é a performance, e não o género. O ambiente pode ser desafiante por vezes, mas isso apenas me motiva a trabalhar mais e a provar que as mulheres podem competir ao mais alto nível.
Já enfrentaste preconceito ou foste subestimada por seres mulher? Como lidas com essas situações?
Sim, já aconteceu e, por vezes, ainda acontece. Nem sempre é fácil lidar com isso, mas tento lembrar-me do motivo pelo qual estou aqui e que este é o meu lugar, onde mereço estar! Não foi sempre fácil estar num ambiente tão dominado por homens, mas isso não define, nem definirá, a minha carreira.
Acreditas que as oportunidades para as mulheres no desporto motorizado estão a aumentar ou ainda há um longo caminho a percorrer?
Houve, sem dúvida, um aumento significativo das oportunidades para as mulheres no desporto motorizado, especialmente nos últimos anos. No entanto, ainda há muito a fazer. Precisamos de mais apoio, mais visibilidade e mais representação feminina nas categorias superiores do desporto. O futuro parece promissor, mas temos de continuar a lutar pela igualdade dentro da modalidade.
Já competiste em mais de 200 corridas e participaste em grandes campeonatos. Como foi adaptar-te a um ambiente tão competitivo desde tão jovem?
Foi desafiante, mas também extremamente gratificante. Competir em mais de 200 corridas ensinou-me muito sobre resiliência, pressão e foco. Tive de aprender rapidamente a lidar com a pressão das altas expectativas e a manter a força mental. Correr contra alguns dos melhores pilotos do mundo obrigou-me a melhorar constantemente, e cada corrida tem sido uma oportunidade de aprendizagem. Tem sido uma jornada incrível de crescimento, tanto como piloto como pessoa.
Para competir contra pilotos mais experientes, é fundamental ter disciplina física e mental
Tens apenas 16 anos e já competiste em várias categorias, do karting à Fórmula 4. Qual foi a maior lição nesta transição?
A maior lição que aprendi ao passar do karting para a Fórmula 4 foi a importância de me adaptar e melhorar continuamente. Os carros são muito diferentes e o nível de competição é muito mais elevado. Tive de aprender rapidamente a gerir o aumento da velocidade e da complexidade da condução, assim como os aspetos estratégicos da corrida. Esta transição também me ensinou o valor da paciência e da persistência. É um processo constante de aprendizagem e adaptação, e estou muito grata por tudo o que tenho aprendido até agora.
![Mathilda Paatz, piloto de Fórmula 4 com apenas 16 anos: Mathilda Paatz, piloto de Fórmula 4 com apenas 16 anos:](/assets/img/blank.png)
Como te preparas, física e mentalmente, para competir contra pilotos mais velhos e experientes?
Para competir contra pilotos mais experientes, é fundamental ter disciplina física e mental. Fisicamente, sigo um plano de treino rigoroso que inclui treino de força, corrida e kickboxing. É essencial estar em excelente forma para suportar as exigências físicas das corridas. Mentalmente, foco-me em manter a calma, a confiança e a concentração. Lembro-me sempre de que a experiência não torna automaticamente alguém melhor piloto — o desempenho é que conta. Confio no meu treino, nos meus instintos e na minha capacidade de aprendizagem.
Saber que a minha jornada está a inspirar outras jovens a seguir os seus sonhos é algo muito especial
És embaixadora da "Women in Motorsport". Na tua opinião, qual a importância destas iniciativas para encorajar mais raparigas a entrarem no desporto motorizado?
Acho que iniciativas como a "Women in Motorsport" são extremamente importantes. Elas dão visibilidade, apoio e incentivo às raparigas que talvez nunca tenham considerado o desporto motorizado como opção. Estas iniciativas permitem-lhes conhecer melhor a modalidade, ter modelos a seguir e perceber que há um lugar para elas no desporto. É uma forma poderosa de inspirar a próxima geração de pilotos femininas e mostrar-lhes que podem ter sucesso tanto quanto qualquer outra pessoa.
Como te sentes ao ver jovens raparigas olharem para ti como uma inspiração?
É, sem dúvida, um dos sentimentos mais gratificantes. Saber que a minha jornada está a inspirar outras jovens a seguir os seus sonhos é algo muito especial. Lembro-me de estar no lugar delas, a admirar pilotos mais velhos e a sonhar em seguir os seus passos. Agora, poder ser essa referência para outras raparigas é algo que valorizo muito. Espero continuar a ser um exemplo positivo e a mostrar que nenhum sonho é demasiado grande para ser alcançado.
Se pudesses mudar algo sobre a forma como as mulheres são integradas no desporto motorizado, o que seria?
Garantir mais apoio e oportunidades para as mulheres em todos os níveis do desporto motorizado, não apenas na base. Existem programas como a F1 Academy, mas acredito que as mulheres devem ter oportunidades iguais para competir nos grandes campeonatos, obter patrocínios e ter acesso a treino de alta qualidade.
Gostava muito de ser a primeira mulher, após mais de 50 anos, a competir na Fórmula 1
A Fórmula 4 tornou-se um ponto de entrada importante para jovens pilotos. Como vês o futuro do desporto motorizado para as próximas gerações?
Acredito que o futuro do desporto motorizado para as próximas gerações é muito promissor. Com mais plataformas para os jovens pilotos mostrarem o seu talento, como a Fórmula 4, veremos um número crescente de jovens e talentosos pilotos a entrar na modalidade. Também penso que, com o avanço da tecnologia, surgirão mais oportunidades para as mulheres e um maior foco na igualdade e inclusão. O desporto continuará a evoluir, e estou entusiasmada para ver para onde se dirige nos próximos anos.
Acreditas que veremos mais mulheres a competir nas categorias de topo, como a Fórmula 2 ou até a Fórmula 1, nos próximos anos?
Chegar à Fórmula 2 já é muito difícil e ainda mais difícil chegar à Fórmula 1. É um caminho longo, com várias etapas a percorrer. Gostava muito de ser a primeira mulher, após mais de 50 anos, a competir na Fórmula 1. Algumas mulheres já tiveram essa oportunidade, mas não para uma temporada inteira. Estou a trabalhar arduamente para dar o meu melhor e para tornar isso uma realidade.
Que conselho darias a uma jovem rapariga que sonha seguir os teus passos no desporto motorizado?
O meu conselho seria nunca desistir dos seus sonhos, por mais difícil que o caminho possa parecer. Mantém-te focada, trabalha arduamente e nunca deixes que ninguém te diga que não consegues atingir os teus objetivos. Acredita em ti própria, continua a aprender e rodeia-te de pessoas que te apoiem e acreditem em ti. O caminho para o sucesso no desporto motorizado pode ser exigente, mas, com determinação e paixão, podes alcançar tudo o que te propuseres.
Aos 16 anos já conquistaste títulos e pódios. Qual é o teu maior objetivo para os próximos anos?
O meu maior objetivo para os próximos anos é continuar a melhorar, ganhar experiência e progredir para categorias superiores. Quero competir na Fórmula 3 ou Fórmula 2 e chegar à Fórmula 1. Na verdade, no ano passado tive a oportunidade de testar um simulador de Fórmula 1 da Mercedes e da Audi, o que faz com que este sonho se torne uma possibilidade real. Quero continuar a aprender com cada corrida, superar-me a cada dia e, no final, alcançar o meu grande sonho de competir ao mais alto nível no desporto motorizado. Quero muito correr num carro de Fórmula 1. Não tenho um circuito favorito, mas já estive no Mónaco e acho que o ambiente e a atmosfera lá são incríveis.
Se pudesses deixar uma mensagem para todas as jovens raparigas que querem seguir os seus sonhos, qual seria?
A minha mensagem seria: segue os teus sonhos sem medo e não deixes que nada nem ninguém te impeça. O caminho pode não ser sempre fácil, mas, se trabalhares arduamente, te mantiveres dedicada e acreditares em ti própria, podes alcançar tudo o que quiseres. Confia nas tuas capacidades e nunca aceites menos do que aquilo que desejas. Os teus sonhos valem a pena e são para ser conquistados.
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