O prémio salarial associado à educação tem vindo a diminuir nos últimos anos para quem tem licenciatura, mas no caso dos jovens com mestrado aumentou, segundo o documento elaborado pela Fundação José Neves, pelo Observatório do Emprego Jovem e pelo Escritório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) para Portugal.
“O prémio salarial da educação continua a existir de forma clara, mas tem vindo a diminuir o que, por sua vez, pode reduzir os incentivos dos jovens ao prolongamento do seu percurso educativo e formativo”, pode ler-se no Livro Branco.
Em 2010, um jovem adulto (entre os 25 e 34 anos) com licenciatura ganhava, em média, mais 95% do que um jovem com ensino básico e mais 59% do que um jovem com o ensino secundário, mas, em 2019, estes diferenciais caíram para 60% e 42%, respetivamente.
Por outro lado, o prémio salarial associado ao mestrado “aumentou substancialmente”, salientam os autores, indicando que em 2019 os jovens mestres ganhavam em média mais 22% do que os licenciados, 12 pontos percentuais acima do registado em 2010.
Em 2019, segundo o Livro Branco, o salário médio de um jovem mestre, com idades entre 25 e 34 anos, era de 1.617,16 euros, enquanto o de um licenciado se fixava 1.326,76 euros. Já um jovem com o ensino secundário ganhava em média 934,44 euros e para um jovem com o ensino básico a média era de 827,65 euros.
Olhando para os salários reais, o Livro Branco revela ainda que as remunerações dos jovens trabalhadores licenciados recuaram 14,5% entre 2010 e 2019, enquanto para os mestres e doutorados a queda salarial real foi de 5,1% e de 5,6% respetivamente.
Para os jovens com o ensino secundário, a queda salarial real foi de 4,6% no mesmo período, tendo, no entanto, os salários subido em 3,7% no caso dos jovens com o ensino básico.
“Os baixos salários dos jovens refletem-se na proporção expressiva de jovens a auferir o salário mínimo”, referem os autores, indicando que a percentagem era de 33,9% no caso dos jovens até 25 anos e de 25,8% entre os 25 e 29 anos, em junho de 2021.
De acordo com o Livro Branco, em Portugal, o emprego jovem continua a ser de baixa qualidade e esta tendência é acentuada durante as crises económicas, como a da pandemia de covid-19.
Desde 2015, a taxa de desemprego dos jovens com menos de 25 anos tem sido mais do dobro da população em geral e, durante a pandemia, chegou a ser 3,5 vezes superior.
Ainda segundo o estudo, existe um “desfasamento entre as competências dos jovens trabalhadores e as profissões que exercem”, com cerca de 30% dos graduados, dos 25 aos 34 anos, a serem considerados sobrequalificados para a profissão que exercem.
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