Deus na Escuridão
No seu novo romance, Valter Hugo Mãe convida os leitores para uma viagem pela beleza natural da Ilha da Madeira. Esta é a narrativa de dois irmãos, ambientada no lugar de Campanário, em Ribeira Brava, onde Valter Hugo Mãe passou algumas temporadas conhecendo e inspirando-se com as pessoas que ali vivem, as suas histórias, a forma como nutrem e expressam os sentimentos. Felicíssimo e Pouquinho crescem em circunstâncias peculiares, com vidas a entrelaçarem-se numa relação igualmente peculiar, numa união muito íntima, apenas comparável ou até superando pelo amor das mães, que amam como Deus.
Valter Hugo Mãe completa com o presente título a tetralogia irmãos, ilhas e ausências, inaugurada em 2013 com A Desumanização, seguida de Homens Imprudentemente Poéticos, em 2015, e As Doenças do Brasil, em 2021, a que agora se junta Deus na escuridão.
Deus na Escuridão (Porto Editora), de Valter Hugo Mãe, tem o preço de 18,85 euros.
Marés de Fogo
O Projeto Titan, cujo quartel-general é uma estação de investigação internacional situada ao largo da costa da Austrália, faz uma descoberta extraordinária: uma zona de um mar supostamente “morto” onde prosperam formas de vida até hoje desconhecidas. A área está repleta de um estranho coral luminoso, que desafia a ciência e encerra uma imensa, e misteriosa, promessa de futuro. Contudo, o desaparecimento de um submarino militar durante uma missão desencadeará um ataque brutal e dará azo a um desastre geológico que se estenderá por toda a região.
Sismos de grande escala, tsunamis assustadores e erupções vulcânicas terríveis anunciam uma tragédia ainda maior, pois algo despertou nas profundezas do oceano. Uma ameaça escondida há milénios…
Poderá a Força Sigma estancar seja o que for que acordou, à medida que as águas se tornam tóxicas e as orlas costeiras sucumbem ao fogo, em especial quando um velho adversário regressa para os perseguir e impedir todas as suas ações?
Marés de Fogo (Bertrand Editora), de James Rollins, tem o preço de 19,9 euros.
A Vergonha
Quinze de junho de 1952. A primeira data precisa e certa da infância de Annie Ernaux. Foi nesse dia que a autora, então uma menina de 12 anos envergando um vestido azul de bolas brancas, viveu o pavor indizível de ver o pai ameaçar de morte a mãe com um podão de rachar lenha. Já mulher feita, no outono de 1996, decide escrever e refletir em público pela primeira vez sobre aquela cena transformadora, que nunca mais a abandonou. A Vergonha é o resultado desse exercício de catarse. “A pior vergonha é acreditarmos que somos os únicos a experimentá-la”, admite Ernaux nestas páginas. Simultaneamente assertiva e delicada, a autora assume-se de novo etnóloga de si própria, recuperando as suas memórias mais recalcadas sobre o ambiente familiar e aquele, não menos rígido e estratificado, vivido numa escola privada católica. Fotografias esquecidas, jornais antigos, canções e filmes de tempos passados ajudam-na/nos a completar o puzzle de uma época nesta narrativa de final desconcertante.
A Vergonha (Livros do Brasil), de Annie Ernaux, tem o preço de 14,4 euros.
Um Lugar Tranquilo
Neste seu regresso à escrita, Marta Gautier apresenta-nos um caminho feito de reflexão, silêncio e evolução. Mais do que crónicas e pensamentos, este é um livro que nos mostra o que se torna necessário e essencial para nos percebermos a nós mesmos enquanto indivíduos, com todas as nossas falhas e os nossos acertos, todas as nossas derrotas e as nossas vitórias.
Este livro, com textos escritos entre 2016 e 2023, convoca o leitor a abrir o coração para, assim, alcançar um lugar tranquilo.
Um Lugar Tranquilo (Arena), de Marta Gautier, tem o preço de 15,95 euros.
Hiroshima, Meu Amor
A palpável tensão entre dois mundos nunca desaparece em Hiroshima, cenário de uma das maiores tragédias da humanidade e do argumento que Marguerite Duras escreveu e deu origem a um dos maiores clássicos da história do cinema, Hiroshima, Meu Amor. Um sussurro entre dois amantes fugazes que contém em si toda a emoção da humanidade.
Ele é japonês, ela é francesa. O absurdo da guerra, posto a nu, paira sobre os seus corpos indistintos. Ambos são casados, com filhos. Ela é atriz de um filme sobre a paz e os dois conversam sobre Hiroshima, como se não fosse impossível falar de Hiroshima. Ambos carregam uma ferida aberta do passado, numa dança de amor e morte, paixão e guerra. Um livro que é considerado uma obra incontornável da literatura francesa do século XX.
Hiroshima, Meu Amor (Quetzal), de Marguerite Duras, tem o preço de 16,6 euros.
O Fantasma Negro do Império
Nesta obra, o historiador e professor Kris Manjapra identifica cinco tipos de emancipação e explica-os por ordem cronológica, bem como o duradouro impacte que tiveram nos grupos escravizados nas duas margens do Atlântico.
Entre as décadas de 1770 e 1880 ocorreram por todo o mundo atlântico diferentes géneros de emancipação: as Emancipações Graduais da América do Norte, a Emancipação Revolucionária do Haiti, as Emancipações Compensadas dos impérios ultramarinos europeus, a Emancipação pela Guerra do Sul Americano e a Emancipação da Conquista que alastrou por toda a África subsariana. Tragicamente, não obstante um século de abolições e emancipações, persistem sistemas de servidão social disfarçados e reconfigurados. Ainda hoje vivemos com estes finais inacabados. Na prática, todas as emancipações que alguma vez ocorreram reacenderam a violência racial contra as comunidades negras e reafirmaram a teimosa persistência da ideia da supremacia branca.
Manjapra mostra como, no meio desta história inacabada, organizadores e ativistas vindos das bases se tornaram guardiões da recuperação e reabilitação coletivas; não só para o nosso presente, mas também para a nossa relação com o passado.
O Fantasma Negro do Império (Temas e Debates), de Kris Manjapra, tem o preço de 18,8 euros.
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