Foi comparado ao futebolista argentino Diego Maradona em 2009 e chegou a fazer testes em grandes clubes espanhóis como o Real Madrid CF e o Real Betis de Sevilha, em Espanha, mas acabou a trabalhar numa fábrica de reciclagem. À semelhança do que sucedeu com o jogador de futebol português Fábio Paím, o brasileiro Luiz Henrique dos Santos, Pety, prometia ser um desportista brilhante mas a burocracia, a falta de apoios e a indisciplina adiaram-lhe o sonho que, aos 21 anos, continua a ter.
Ainda não tinha 10 anos quando um empresário desportivo viu um vídeo dele a jogar que o pai tinha colocado no YouTube e desafiou o progenitor a investir na carreira desportiva do filho. "Levou-me, juntamente com a minha família, para fazer um teste no Olé Brasil FC, uma equipa de Ribeirão Preto. Ele gostou do meu futebol e acabei por jogar entre três e quatro anos no clube", recorda Luiz Henrique dos Santos, numa reportagem publicada no portal UOL. Seguiu-se, pouco depois, o Cruzeiro EC.
Antes de assinar contrato com o popular clube de Belo Horizonte, o adolescente ainda viajou para Espanha. Fez um teste no Real Betis de Sevilha mas, para poder treinar com a equipa, teria, de acordo com a legislação local, de ter um parente responsável no país, uma vez que ainda não tinha 18 anos. Forçado a retornar ao país natal, foi surpreendido por um volte-face que lhe reacendeu a esperança de ficar. "Estávamos num restaurante, já com os bilhetes de regresso ao Brasil comprados e, do nada, tivemos um contacto de uns tipos do Real Madrid. Era para eu ficar um mês com eles e disputar até campeonatos", relembra Luiz Henrique dos Santos.
Mas, rapidamente, o entusiasmo deu razão à desilusão. Nessa mesma semana, tirou fotografias nos balneários do clube, publicou imagens de treinos nas redes sociais e já imaginava a disputar campeonatos com a camisola da equipa mas o sonho durou pouco. Para poder permanecer em Espanha, era necessário que o Real Madrid CF suportasse as despesas da mudança familiar para a capital espanhola, o que acabaria por não suceder. O empresário prometeu-lhe que voltaria quando fizesse os 18 anos.
A desilusão e a frustração acabaram, no entanto, por afetá-lo e, ao fim de dois anos e meio no Cruzeiro EC, acabaria por deixar o clube devido a problemas disciplinares. "Fui mandado embora por irresponsabilidade minha. Eu não ia à escola e essas coisas... Eles não tinham nada a apontar-me dentro de campo. O meu problema era mais na questão escolar", reconhece o antigo desportista, que, nos anos seguintes, jogaria no Flamengo FC, no Botafogo e no Goiás EC, mas já sem a chama de antigamente.
Em vez dos relvados mais ambicionados, as circunstâncias da vida encaminharam Luiz Henrique dos Santos para uma fábrica de reciclagem de plástico e papel em Minas Gerais, no sudeste do Brasil. Mas a vontade de Pety se afirmar como profissional de futebol mantém-se intacta. "Eu trabalho como ajudante numa empresa de reciclagem mas o meu sonho é voltar a jogar", confidencia. "Só preciso de uma oportunidade para mostrar o dom que Deus me deu", garante o ex-desportista de 21 anos.
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