“Os consumidores continuam a ter problemas nos setores que já são habituais e muitos desses problemas são recorrentes, não obstante as regras que existem para proteger o consumidor”, comentou à agência Lusa a coordenadora do Gabinete de Apoio ao Consumidor (GAC) da Deco, Ana Sofia Ferreira.
Ao todo, a associação de defesa do consumidor recebeu 34.956 reclamações no setor das comunicações, sendo os principais motivos de reclamação o período de fidelização, a faturação, práticas comerciais desleais e dificuldade no cancelamento do contrato.
A compra e venda ocupou o segundo lugar dos mais reclamados, com 25.345 queixas, destacando a Deco nesta área o aumento das reclamações das vendas online da Worten, e em terceiro lugar dos mais reclamados no ano passado surgem os serviços financeiros, com 19.249 queixas.
O setor da energia e água, com 16.981 queixas, desceu um lugar na posição que ocupava em 2017 e tornou-se o quarto setor mais reclamado, sendo a principal razão os problemas na faturação, dupla faturação ou atraso no envio da fatura.
Neste setor, as empresas mais reclamadas foram, por ordem, a EDP Comercial, Endesa, Galp On, Goldenergy e Iberdrola.
A Deco lembra que estes quatro setores — telecomunicações, compra e venda, serviços financeiros e energia e água — “são já os habituais” no ‘ranking’ de reclamações à associação para a defesa do consumidor.
“Nas reclamações apresentadas pelos consumidores muitas das práticas das empresas mantêm-se inalteradas e os motivos de reclamação são os mesmos”, afirma a jurista, defendendo que o aumento de casos mediados pela Deco em 2018 “significa que os consumidores não conseguem, muitas vezes sozinhos, resolver” os conflitos e recorrem a entidades como a Deco.
Pela primeira vez, a Deco divulgou, no ranking dos mais reclamados, o que chamou de ‘menções desonrosas’ e que são reclamações que se destacam, não pela quantidade, pela apreciação que a associação faz do setor.
Em 2018, receberam menção desonrosa a CP, devido à qualidade do serviço (atrasos e supressões e relação com clientes), e os CTT pela qualidade do serviço e incumprimento dos prazos.
O transporte ferroviário, que foi motivo de 900 reclamações à associação em 2018, motivadas pelas supressões e atrasos “constantes”, mas, segundo a Deco, a maioria das reclamações ou não são respondidas ou, quando são, a resposta é igual para todos.
“Os consumidores concluem que já nem adianta apresentar reclamação [à CP] pois não tem impacto”, afirmou a jurista, explicando que esta empresa ganhou uma menção pela reação aos clientes.
Já nos serviços postais, a Deco diz ter registado um “grande aumento” nas reclamações em 2018, nomeadamente pela falta de qualidade de serviço e incumprimentos de prazos: “São encomendas que não chegam, que são entregues noutro local, correspondência paga como urgente que chega no prazo da correspondência normal”, precisa a mesma fonte.
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