"Às vezes ando só trocando passos com a solidão, momentos que são meus e que não abro mão..."
No meio do caminho, da voz intensa e dos acordes melódicos do seu "violão", começo a perder-me nas estradas do pensamento. Volto ao passado. Avanço futuro adentro. Reconheço-me uma e outra vez, amando cada segundo desta excursão etérea.
"Já sei olhar o rio por onde a vida passa, sem me precipitar nem perder a hora, escuto no silêncio que há em mim e basta..."
Regresso ao presente. Percebo que não concordo com o aforismo, tantas e tantas vezes usado, de que quem lembra o passado e sonha o futuro se esquece de viver em pleno o presente. Discordo. Em absoluto.
"Outro tempo começou p'ra mim agora. Vou deixar a rua me levar, ver a cidade se acender..."
Adoro lembrar o passado. Faz parte de mim, compõe-me a essência. Amo sonhar o futuro. Também ele um dia fará parte da estrada percorrida. E então percebo, com a notável clareza que me costuma acompanhar estas singelas conclusões, que o presente é tão mais intenso quanto nele conseguimos condensar as vivências passadas e as aspirações futuristas. Na verdade parece-me que só assim é que o "agora" se intensifica e exponencia a ponto de se tornar inesquecível.
Ana Amorim Dias
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