Joana, 34 anos, funcionária pública, sempre foi adepta de sair na sua hora do almoço nem que fosse por meia hora para respirar fundo e, principalmente, não comer a comida que confecionou no dia anterior: “Estou cansada de estar enfiada no meu cubículo e de comer sempre a mesma coisa. Preciso de sair, ver montras, passear, conversar com outras pessoas, mas infelizmente até isso esta crise me retirou.

Desde meados do ano passado que a jovem teve de reavaliar as suas contas e começou a trazer comida de casa, pois só assim poderá sonhar com umas férias minimamente decentes: “Fiquei sem o subsídio e para o meu próprio bem-estar decidi poupar nos almoços e investir nas minhas férias”

Não fosse o estado deprimente em que manifesta estar, até que a solução parece bastante plausível, dado o contexto financeiro atual. António, 42 anos, é diretor financeiro de uma pme e já ”cedeu” parte do seu subsídio no Estado: “ Tenho três filhos e apesar do meu status o dinheiro cada vez é mais curto. A minha marmita é muito simples: uma sandes e uma peça de fruta. Não estou para trazer comida de garfo para o escritório , simplesmente não me sinto bem”.

Contudo, o António diz poupar cerca de 10 euros por dia, o que totaliza 220 euros por mês, pois fazia grandes almoçaradas com os seus colegas que acabavam por beber até um digestivo no final das refeições.

Nada complexado é o informático Jorge de 25 anos que todos os dias leva a comidinha da mamã numa marmita - também escolhida por ela! – para confecionarna cantina da empresa: “Na verdade, até prefiro. Sou esquisito a nível da alimentação e tenho um estômago grande, pelo que se fosse almoçar fora lá, se ia o meu ordenado todo. Prefiro gastá-lo nas minhas sextas-feiras à noite. Ou em cd’s, ou no cinema, enfim, em coisas que me divertem”.

Questionado sobre o futuro, o jovem prefere não pensar: “Não consigo poupar. Para poupar teria de deixar de viver a minha juventude e não posso abdicar dela, pois o tempo não volta atrás.

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