Amanhã, 5 de julho, Brasilino Godinho vai cumprir essa promessa. Aos 85 anos, o estudante e investigador vai defender a tese de Doutoramento em Estudos Culturais sobre Antero Quental e tornar-se, provavelmente, num dos estudantes a concluir o doutoramento com mais idade do mundo. E volta a prometer seguir em frente: “Quero fazer um pós-doutoramento”.
Aos 15 anos já tinha lido autores como Platão, Aristóteles, Pascal, Descartes, Kant, Tomás de Aquino ou Bertrand Russel. Aos 16 queria ir para a universidade estudar engenharia, mas o avô não lhe quis pagar as propinas e o sonho ficou adiado por largas décadas. “Ainda bem que assim aconteceu, caso contrário não seria o homem que sou hoje”, exclama Brasilino Godinho.
Natural de Tomar, onde nasceu a 25 de outubro de 1931, foi nessa cidade que tirou o Curso Industrial de Serralharia Mecânica. Iniciou a vida profissional como desenhador de construção civil e onze anos depois passou a exercer a profissão de topógrafo e a projectar na área de engenharia rodoviária, tendo desenvolvido a actividade por diversas localidades do país.
Foi no ano de 2008 que a Brasilino Godinho se lhe proporcionaram condições para se candidatar ao ingresso na Universidade. Então, com 77 anos e através do concurso para Maiores de 23 anos, candidatou-se tendo obtido a classificação de 17 valores. O gosto antigo pela escrita (é autor de três livros e tem sido cronista em vários jornais) e pela leitura foram determinantes na opção pelo Curso de Licenciatura em Línguas, Literaturas e Culturas. Em dezembro de 2012 concluiu a formação com a média de 15 valores.
Ir cada vez mais além
O mérito permitiu-lhe avançar para o sonho seguinte: inscrever-se no Programa Doutoral em Estudos Culturais desenvolvido em parceria pelas Universidades de Aveiro e do Minho. Um sonho que amanhã se antevê preenchido com a defesa da tese "Antero de Quental: um Patriotismo Prospectivo no Porvir de Portugal” e que Brasilino Godinho quer que seja de “exaltação da pessoa e obra de Antero de Quental, insigne poeta, extraordinário pensador, grande patriota e figura maior da História de Portugal”.
Depois será tempo de continuar a avançar. Propõe-se fazer um pós-doutoramento, leccionar Cultura Portuguesa e Cultura Espanhola Contemporânea, retomar a atividade de cronista, editar as suas “Crónicas Irreverentes”, reeditar o seu livro “A Quinta Lusitana” e publicar uma obra que mantém em “prudente reserva”. Quer ainda trabalhar numa instituição de Ensino ou exercer gerência de uma empresa que atue nas áreas de serviços, de urbanismo e de construção civil.
“Aqui fica enunciado um conjunto de hipóteses concernentes a actividades que hão-de ser convenientemente articuladas e organizadas, com recurso ao capital acumulado de experiências profissionais e de conhecimentos académicos; o qual foi adquirido e cimentado ao longo de uma existência que conta quase 86 anos de vida”, afirma Brasilino Godinho. Desejos que ousa dizer “preenchidos com sistemático ardor juvenil”.
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