Entraram e não mais voltaram a sair: pelo menos 153 pessoas desapareceram no metropolitano da Cidade do México nos últimos quatro anos. Ninguém sabe delas e nem as mais de três mil câmaras de vigilância foram eficazes para perceber o que aconteceu a cada uma delas.
As 195 estações que integram a rede de metro da capital do México converteram-se nos últimos quatro anos num verdadeiro "Triângulo das Bermudas", numa alusão aquela região no Oceano Atlântico que se notabilizou por ser palco de diversos desaparecimentos de aviões e navios, para os quais se popularizaram explicações sobrenaturais.
Desde o início de 2018 foram abertas 43 investigações relacionadas com utilizadores do metro que foram vistos pela última vez nas estações ou nas carruagens da rede. De acordo com o jornal El País, a Procuradoria-Geral da Cidade do México garante que 65% destes casos acabam por ser resolvidos, quando as pessoas aparecem passado algum tempo.
No entanto, os outros 35%, que representam 15 dos casos do ano passado, ficaram sem solução, juntando-se às 138 pessoas que desapareceram sem deixar rasto entre 2015 e 2017.
Fotos da rede de metro
O estranho caso de Graciela
"Dói pensar que podia fazer parte dessas estatísticas", confessa ao referido jornal Graciela, de 30 anos, que dia 13 de janeiro quando regressava a casa foi cercada por cinco homens e uma mulher que a tentaram raptar, sem êxito. Inclusivamente, recorda que ouviu como lhe puseram um preço. "Por esta dão-te 20", contou ao El País.
Entre 2007 e abril de 2018, segundo estatísticas governamentais, 37 435 pessoas desapareceram no México. Um número que pode ser mais elevado, uma vez que só uma parte acaba por ser reportada.
Depois de lutar, de punhos cerrados, Graciela conseguiu fugir. "Penso naquelas pessoas que não puderam escapar e que agora lembramos como um mero número nas mesas do Ministério da Segurança Pública", frisou, depois do incidente que sofreu em Chabacano, uma estação próxima do centro histórico da cidade, onde confluem três linhas de metro e por onde passam milhares de pessoas todos os dias.
A violência no México não é de agora. As vítimas são, sobretudo, mulheres. No metro da capital há carruagens exclusivas para mulheres, com o objetivo de reduzir o número de casos de assédio sexual.
Em média, todos os dias desaparecem 11 cidadãos no México. Alguns, nunca voltam a aparecer.
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