No seu último relatório, a Organização Meteorológica Mundial (OMM), agência das Nações Unidas, mostra que, mais uma vez, as concentrações dos três principais gases com efeito de estufa, que retêm o calor da atmosfera, atingiram o pico em 2020.
A desaceleração económica imposta pela pandemia de covid-19 "não teve um impacto percetível" sobre o nível e a progressão dos gases com efeito de estufa na atmosfera, apesar de um declínio temporário nas novas emissões, observa a OMM.
A taxa anual de aumento nas concentrações de dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O) até superou a média do período 2011-2020 do ano passado, assinala a agência.
“A este ritmo de aumento das concentrações de gases com efeito de estufa, o aumento das temperaturas no final do século ficará muito acima das metas do Acordo de Paris, 1,5 a 2 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais. Estamos muito longe da meta”, alerta o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas.
“Muitos países estão a fixar objetivos de neutralidade carbónica e esperamos ver um aumento espetacular de compromissos na COP26. (...) Devemos repensar a indústria, o setor de energia e transporte, e todo o nosso modo de vida. As transformações necessárias são economicamente acessíveis e tecnicamente viáveis. Não há tempo a perder”, instou.
De acordo com a última avaliação da ONU, os compromissos assumidos por quase 200 países para reduzir as atuais emissões de gases com efeito de estufa estão longe da meta do Acordo de Paris e não evitarão um aquecimento "catastrófico" de 2,7 graus Celsius.
A ONU espera que os líderes mundiais que se vão reunir em Glasgow, na Escócia, dentro de seis dias, no quadro da COP26, tomem medidas para manter o planeta numa trajetória de aquecimento suportável nos próximos anos, já que os dados mostram que os níveis de CO2 continuaram a aumentar em 2021.
O CO2, proveniente principalmente da queima de combustíveis fósseis e da produção de cimento, é de longe a principal causa do aquecimento global.
E como o CO2 permanece na atmosfera por séculos e ainda mais no oceano, o aquecimento já observado persistirá por décadas, mesmo que as emissões líquidas sejam reduzidas a zero rapidamente, alerta a OMM.
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