Quase 11 km de profundidade. Para além de novas espécies de animais, o explorador norte-americano Victor Vescovo descobriu também um saco de plástico, papéis de rebuçados e rochas com cores vibrantes. Serão químicos?

Victor Vescovo desceu ao ponto mais profundo do planeta Terra no submersível "The Limiting Factor". Ao entrar na Depressão Challenger, a equipa crê ter descoberto quatro novas espécies de crustáceos, semelhantes a camarões.

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Na expedição, que decorreu no dia 1 de maio, Vescovo e equipa fizeram em 12 horas cinco mergulhos. Foram também lançados no terreno meios robóticos para explorar as imediações do local.

"Vi coisas muito interessantes no fundo", disse o norte-americano no fim do mergulho, citado pela BBC.

"É quase indescritível o entusiasmo de todos nós em termos alcançado o que acabámos de fazer. Este submersível e a sua nave-mãe, junto com a equipa de expedição extraordinariamente talentosa, levaram a tecnologia marinha a um novo nível ridiculamente superior do mergulho na área mais profunda e mais dura do oceano", comentou o norte-americano.

Victor Vescovo, mergulhador créditos: The Five Deeps

O submersível em que o explorador mergulhou tem cabine com controlo de pressurização, 4,6 metros de comprimento e 3,7 metros de altura, capacidade para duas pessoas e foi construído pela Triton Submarines.

Durante a expedição, foram avistados pepinos-do-mar e formações rochosas "de cores vibrantes", que podem no entanto ser depósitos químicos, admite o investigador.

A viagem fez parte de uma missão intitulada "Five Deeps Expedition", cujo objetivo é realizar mapas detalhados dos cinco pontos mais profundos dos oceanos.

O sucesso da expedição ficou, no entanto, marcado pela descoberta de lixo humano. Para além de alguns animais, a equipa recuperou um saco de plástico e vários invólucros de rebuçados no ponto mais profundo do planeta Terra.

Os animais vão ser analisados por cientistas para averiguar se têm no seu sistema microplásticos, um problema cada vez mais comum entre as espécies marinhas.

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"Muitos cientistas acreditam que os oceanos podem mostrar-nos novas espécies de vida com características bioquímicas únicas, que podem vir a desbloquear novos materiais e medicamentos. Entender como a vida existe nestas profundezas extremas pode ajudar-nos a entender como surgiu a vida na Terra e como se poderia desenvolver em outros planetas. E geólogos marinhos podem aprender como a crosta terrestre se move, o que pode ajudar a entender os terramotos e como os tsunamis são gerados", comentou o Victor Vescovo, o mais recente recordista das profundezas oceânicas.

Além da Fossa das Marianas, no Pacífico, nos últimos seis meses Victor Vescovo e a sua equipa realizaram mergulhos na fossa de Porto Rico, no Oceano Atlântico (a 8.376 m / 27.480 pés), na fossa South Sandwich no Oceano Antártico (7.433 m / 24,388 pés) e na Java Trench no Oceano Índico (7,192m / 23,596 pés).

Em agosto de 2019 espera chegar às profundezas do Oceano Ártico, uma zona conhecida como Molly Deep.