O Ministério das Relações Exteriores do Peru exigiu nesta quarta-feira (19) à petrolífera espanhola Repsol que responda pelo derrame de cerca de 6 mil barris de óleo no litoral central do país, na sequência do tsunami causado pela erupção vulcânica em Tonga.
"O derrame de petróleo da Repsol em Ventanilla é o pior desastre ecológico ocorrido em Lima nos últimos tempos, causando um grave prejuízo para centenas de famílias de pescadores. A Repsol deve ressarcir este dano de maneira imediata", afirmou o ministério peruano através do Twitter.
Segundo o texto, "esta terrível situação põe em perigo a flora e a fauna nas áreas naturais protegidas", que incluem a Reserva Nacional do Sistema de Ilhas, Ilhotas e Pontas Guaneiras, Ilhotas de Pescadores e Zona Reservada Ancón.
As autoridades peruanas encontraram, cobertas de petróleo, diversas espécies marinhas mortas e outras com vida, que foram resgatadas.
O derrame ocorreu no passado sábado, na refinaria La Pampilla, situada em Ventanilla, um distrito da província de Callao, na região da capital peruana, durante o processo de descarga do navio-tanque "Mare Dorium", de bandeira italiana e carregado com 985 mil barris de petróleo - supostamente devido à força da maré.
Consultada pela rádio RPP, a porta-voz da Repsol no Peru, Tine van der Wall Bake Rodríguez, disse "não não conseguir apontar um responsável" pelo derrame e acrescentou: "estamos extremamente abalados por este lamentável incidente".
No relatório do incidente, a representante da Repsol disse que comunicou com a Marinha peruana após a notícia da erupção do vulcão em Tonga "para ver se havia alerta de tsunami": "Confirmam-nos que não havia nenhum tipo de alerta para o litoral peruano e que podíamos continuar com a descarga do navio", que tinha começado na sexta-feira.
A empresa havia informado que tinha ocorrido um "derrame limitado" com volume aproximado de 0,16 litro de petróleo.
O petróleo espalhou-se por, pelo menos, 18 mil metros quadrados.
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A Repsol reiterou posteriormente, em comunicado, que está "a executar os trabalhos de solução do litoral e de limpeza de praias após a situação gerada pelo aumento da maré registado pela erupção vulcânica em Tonga".
"Foram instaladas barreiras de contenção que cobrem todas as áreas afetadas com equipamentos especializados por mar e terra", acrescentou.
Na praia Cavero, em Ventanilla, dezenas de trabalhadores com equipamentos de proteção individual usava pás para recolher, pelo terceiro dia, o petróleo que chegou à costa, enquanto membros da Marinha vigiam as praias, constatou a AFP.
Javier Vega, um dos trabalhadores, disse que "o trabalho é intenso, estamos a recolher o petróleo das seis da manhã às seis da tarde".
A operação é realizada sob o forte sol do verão no hemisfério sul, com temperaturas que superam os 25ºC e forte cheiro de combustível.
O Ministério Público do Peru abriu uma investigação pelo suposto crime de poluição ambiental contra os representantes legais e funcionários da refinaria, advertindo que as multas poderiam chegar aos 35 milhões de euros.
As comunidades de pescadores e moradores da região dirigiram-se para a sede da refinaria a pedir sanções e soluções para conter a contaminação ambiental que os impede de desenvolver o seu trabalho e exigir responsabilidades.
La Refinaria La Pampilla tem capacidade para processar cerca de 117 mil barris diários, mais da metade do volume total refinado no Peru.
*artigo com base em informações constadas pela AFP
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