Em declarações aos jornalistas junto àquela Escola Secundária, o diretor do Liceu Camões, João Jaime Pires, adiantou que houve uma reunião hoje de manhã em que ficou decidido que a escola voltará a funcionar normalmente a partir de terça-feira e que fica desta forma aberto o compromisso, por parte da direção, para que o tema das alterações climáticas e do combate aos combustíveis fósseis seja debatido em ambiente escolar.
Inês Esteves, uma das porta-vozes da Greve Climática Estudantil, por detrás do protesto integrado no movimento internacional “End Fossil: Occupy!”, confirmou que os alunos aceitaram suspender a ocupação da escola a partir de terça-feira e que irão permanecer no liceu até à meia-noite de hoje.
“Assumimos o compromisso de hoje, por volta da meia-noite, retirarmos a nossa presença do Liceu Camões e de amanhã [terça-feira] compactuarmos com o normal funcionamento das aulas”, adiantou a ativista, acrescentando que este compromisso com a direção da escola não significa o fim das ações de protesto.
A ativista confirmou que o movimento já foi contactado pelo Ministério da Economia e do Mar e afirmou que os estudantes estão disponíveis para se reunir com o ministro Antonio Costa Silva.
Fonte do ministério tinha dito antes à Lusa que o gabinete do ministro entraria ainda hoje em contacto com os ativistas climáticos para marcarem uma reunião, após um convite público feito pelos manifestantes.
Questionada sobre a forma do protesto de hoje, de ocupação de uma escola, Inês Esteves defendeu que o movimento acredita “piamente” que as escolas, ao longo dos tempos, têm sido “palcos de revoluções, palcos de mudança, e palco do decurso da ação”.
“A nossa escola é uma escola extremamente democrática, que nos apoia na medida do possível. Há abertura para este tipo de movimentos”, apontou, sublinhando que a ocupação de hoje “não é um movimento contra as escolas”, mas antes de uso de um local que tem como função preparar os alunos para o futuro.
No entanto, o diretor João Jaime Pires afirmou não poder ser solidário com uma ação que resulta no fecho da escola e na paragem das aulas, dizendo apenas que concorda com a luta pelo planeta.
“As minhas palavras só podem dizer que eu estou solidário com o planeta, pela causa do ambiente, por esta causa. Não posso estar solidário por a maioria dos alunos dever estar em aulas e não estar. (…) Não posso ser solidário, por ser a escola a prejudicada”, explicou o responsável.
Acrescentou que, do ponto de vista pedagógico, não pode compreender os meios escolhidos para o protesto, defendendo antes que é preciso explicar aos alunos que têm de conseguir convencer a sociedade, a comunicação social de que “isto é mais prioritário do que a guerra da Ucrânia, por exemplo”.
Por outro lado, alertou que “estes jovens precisam de falar” e querem mostrar que “para eles o mundo vai acabar”.
“Se acabar para eles, acaba para todos nós e todos temos de contribuir para que estes jovens possam eventualmente refletir e terem confiança na vida porque a escola é um direito que não pode ser retirado e a vitória deles é eles continuarem na escola”, defendeu João Jaime Pires.
Disse ainda que da parte da escola ficou o compromisso de “poder haver debates sobre a questão climática” e abertura para o pensamento crítico, “como sempre houve”.
Da parte dos manifestantes, pela voz de Inês Esteves, ficou também a certeza de que continuarão as ações de luta sempre com o mesmo objetivo: o fim dos combustíveis fósseis e a preservação do planeta.
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