Em antecipação ao Dia Mundial da Alimentação, celebrado a 16 de outubro, a ANP|WWF apresenta, em Lisboa, o projeto Eat4Change, projeto internacional que pretende consciencializar para a necessidade de mudança de hábitos alimentares, através da apresentação dos resultados de um inquérito realizado em nove países europeus (Áustria, Bélgica, Suécia, França, Grécia, Finlândia, Portugal, Estónia e Reino Unido).
O inquérito revelou que os europeus, e nomeadamente 87% dos portugueses inquiridos, têm interesse em comer de forma mais sustentável, mas carecem de conhecimentos sobre como comprar e consumir alimentos sustentáveis.
Ângela Morgado, Diretora-Executiva da ANPlWWF, indica que “a alimentação é um tema central para atingirmos uma natureza positiva e a promoção de uma dieta sustentável pode travar as alterações climáticas e a degradação do nosso capital natural. É essencial todos entendermos que cada refeição conta”.
Os resultados deste inquérito internacional foi o mote para uma mesa redonda que teve lugar na Casa do Impacto, em Lisboa, e que envolveu organismos públicos, empresas, nutricionistas e sociedade civil.
“Como ajudar os portugueses a melhorar a sua alimentação?” foi o mote do debate que contou com as presenças da Secretária de Estado do Ambiente, Inês dos Santos Costa, Laura Rodrigues, Presidente da Câmara Municipal de Torres Vedras, Ana Margarida Santos da Agência Portuguesa do Ambiente, Rosário Palha da Fundação Calouste Gulbenkian, Joana Mendonça, Nutricionista e Clara Gonçalves, da Agência Brandfire. A moderação do debate ficou a cargo de Cecília Delgado, especialista em Políticas Públicas dos Sistemas Alimentares Urbanos. Da parte da tarde houve ainda lugar para uma segunda mesa redonda, dedicada aos jovens, com o tema “Os jovens e a Alimentação Sustentável: Dificuldades, Preocupações e Ações”.
A produção alimentar contribui para cerca de 25% do total das emissões globais de gases com efeito de estufa, e espera-se que este número duplique nos próximos anos. A expansão da agricultura e da pecuária nas regiões tropicais continua a ser a maior ameaça para as florestas e outros ecossistemas naturais. A produção agroalimentar ocupa já cerca de 40% das terras habitáveis do planeta e é o principal motor da perda de biodiversidade e da desflorestação e conversão de habitats.
Este inquérito mostra ainda que apenas um em cada dois adultos europeus pensam que os alimentos que produzimos e consumimos têm um impacto negativo sobre o ambiente. Além disso, os europeus não estão claramente conscientes das ligações que estes impactos têm nas suas dietas pessoais, dissociando a questão ambiental da saúde nutricional. Apenas um terço dos europeus considera que a sua alimentação tem um impacto negativo sobre o ambiente. Um terço dos inquiridos portugueses revelaram uma posição bastante crítica sobre os impactos ambientais da produção nacional, considerando que esta tem um impacto mais negativo do que positivo.
Este inquérito vem revelar que os europeus estão preocupados com os impactos ambientais causados pelos alimentos produzidos e consumidos em grande escala. As principais preocupações são a poluição (80%), a perda de biodiversidade (79%), a destruição de terras (78%), o aquecimento global (77%) e as alterações na qualidade de lagos, rios e oceanos (77%). No entanto, o inquérito mostrou que falta conhecimento sobre o impacto da produção alimentar em grande escala e hábitos de consumo na saúde do planeta.
O inquérito foi realizado no âmbito do projeto Eat4Change, uma iniciativa internacional que promove hábitos alimentares sustentáveis que contribuam de forma positiva não apenas para a saúde dos cidadãos, mas também para o nosso planeta. Tendo como principal público-alvo jovens entre os 15 e 35 anos, a iniciativa tem como objetivo promover a transição para dietas sustentáveis, procurando também trabalhar em conjunto com empresas e autoridades para que sejam adotadas práticas de produção e consumo mais sustentáveis.
Em 2020, a WWF apresentou o relatório Achatar a Curva: O Poder Restaurador das Dietas que Respeitam o Planeta, onde demonstra como a mudança para dietas sustentáveis melhora a nossa saúde e ajuda a salvar o planeta. No caso de Portugal, o relatório revela que a mudança para Dietas que Respeitam o Planeta levaria a uma redução de aproximadamente 14% na mortalidade prematura, sobretudo através de uma diminuição da ingestão diária de alimentos (cerca de 13%); de um aumento do consumo de leguminosas em detrimento de carnes vermelhas, aves, laticínios e ovos; e da preferência por alimentos locais, sazonais ou biológicos.
A infografia sobre o inquérito pode ser consultada aqui e o relatório completo está disponível aqui.
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