Um crédito multiopções é um empréstimo concedido pelos bancos a quem tenha um imóvel e condições específicas para o fazer. Pode ser pedido e utilizado para melhorias da casa, ou até para reduzir encargos com outros créditos. Mas como funciona e em que situações pode ser aprovado?
O que é um crédito multiopções?
Só pode pedir um crédito multiopções se tiver um imóvel, ou seja, uma casa própria. Esse imóvel pode estar livre de ónus ou mesmo associado a um crédito habitação. Se for esse o caso, é feita uma segunda hipoteca sobre a casa, sendo que o valor extra de financiamento pode ser usado, por exemplo, para obras de melhoria, ou até para acabar de pagar o crédito automóvel, saldar a dívida de um cartão de crédito ou outro tipo de financiamento.
Uma das vantagens de recorrer a um crédito multiopções para liquidar outros créditos pessoais é o facto de beneficiar de taxas de juro mais baixas do que nos outros tipos de financiamento, à semelhança do que acontece com um crédito habitação. Daí ser um produto que pode contribuir, significativamente, para o reequilíbrio do orçamento familiar mensal.
Mas o crédito multiopções só é concedido em situações específicas e perante a consideração de determinados fatores.
Que fatores são avaliados para a aprovação do crédito?
Se o seu imóvel já tiver associado a um crédito habitação, a contratação de um crédito multiopções implica a constituição de uma segunda hipoteca sobre a sua casa, de forma a obter um valor de financiamento extra. Mas, para a aprovação deste crédito, o banco irá avaliar dois fatores referentes ao cliente:
Loan-To-Value (LTV)
No caso de ter contratado recentemente o crédito habitação, o LTV pode estar entre os 85% e 90% (rácio entre o valor emprestado e a avaliação do imóvel). O que pode tornar mais difícil a contratação de um crédito multiopções. Isto porque quanto menor for o LTV, maior é a possibilidade de ver este produto aprovado pelo banco.
De acordo com as normas do Banco de Portugal, na aquisição de uma habitação própria e permanente, o LTV deve ser igual ou inferior a 90%. E num crédito habitação com garantia hipotecária ou equivalente, só pode atingir, no máximo, 80%.
Porém, há bancos que só aceitam fazer uma segunda hipoteca se tiver um LTV entre os 60% e 70%.
A fórmula de cálculo do LTV corresponde a: Montante do empréstimo/Valor do imóvel x 100%. Mas atente que, como neste cálculo é considerado o valor de financiamento, se tiver um crédito habitação, além do valor do empréstimo, também é tido em conta o valor extra que vai pedir.
Taxa de esforço
De forma a perceber se consegue suportar mais um crédito, o banco vai ter em conta a sua taxa de esforço, um indicador que tem em conta as prestações de todos os créditos que tem contratados. Mesmo que o objetivo de contratar um crédito multiopções seja liquidar um ou mais empréstimos, o banco não tem garantias de que o vai fazer. Ou seja, a taxa de esforço não exclui nenhum dos empréstimos.
Isto é, se tiver o crédito habitação, mais um crédito automóvel e cartões de crédito por liquidar, a estas prestações é somada a prestação do crédito multiopções. O que pode levar a que a sua taxa de esforço seja elevada, e os bancos recusem este financiamento.
Exemplificando: tem uma prestação de crédito habitação de 600 euros, outra do multiopções de 200 euros, a do crédito automóvel correspondente a 150 euros e um cartão de crédito com 50 euros por liquidar mensalmente. Se o agregado familiar tiver rendimentos mensais de 2.500 euros, a taxa de esforço é calculada da seguinte forma: (1.000/2.500) x 100%. O que significa que a sua taxa de esforço é de 40%.
A taxa de esforço aconselhada para os bancos poderem aprovar este tipo de créditos corresponde a 30%, sendo que a máxima permitida é de 50%. Pelo que, neste caso, se tivesse um LTV de valor aceitável pelo banco, seria possível conseguir a aprovação de um crédito multiopções.
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