O que se está a passar?

Vemos que nos últimos anos, apesar das medidas de estímulo económico, a taxa de inflação tem vindo a cair, estando muito perto de zero (o objetivo do BCE é que fique perto mas abaixo de 2%). Adicionalmente, as economias não estão a conseguir crescer, tendo inclusivamente sido reduzidas as estimativas de crescimento económico (contrariamente ao otimismo que vemos generalizado). Por fim, ainda estamos a assistir a crises como a crise dos refugiados, a crise do setor financeiro (especialmente em Itália), crises políticas, entre outros. O ambiente não está famoso… e o seu impacto poderá vir a ser sentido em breve.

O que foi decidido

Na prática, as medidas de estímulo ao setor financeiro não têm surtido grandes efeitos. Os bancos, apesar da maior abertura para conceder crédito, continuam ainda cautelosos. Em Portugal, por exemplo, começam a conceder crédito habitação e crédito automóvel, mas estão ainda relutantes em abrir completamente “os cordões à bolsa” como no passado.

Neste cenário, serão implementadas novas medidas, como sendo:

  • Redução da taxa de juro para 0% - Os bancos já não pagam nada para pedir dinheiro emprestado ao Banco Central. Assim, não existirá certamente desculpa de falta de liquidez para emprestar. É uma medida simbólica mas que deverá continuar a marcar o sentimento;
  • Taxa de Depósitos é mais negativa – Os bancos têm de pagar mais para depositar o seu excesso de dinheiro no BCE (agora 0.4%). O objetivo passa por levar os bancos a ter mais incentivo em “livrar-se” do excesso de liquidez através de empréstimos aos clientes. Infelizmente, contudo, isto vai-se traduzir também na queda das taxas de juro dos melhores depósitos a prazo;
  • Compra de Ativos – O Banco Central Europeu vai aumentar o seu programa de compra de dívida e alarga estas compras à divida de empresas. Assim, aumentando-se a procura pela dívida será de esperar que as taxas de juro sejam reduzidas (o Estado e as empresas vão pagar menos pela sua dívida);
  • Pagar aos bancos para emprestar – Em alguns casos o BCE poderá mesmo pagar aos bancos que emprestem dinheiro às empresas e às famílias (ou seja, pagar aos bancos para fazerem o seu trabalho…)

Qual o impacto para si?

Os impactos destas medidas deverão ser:

  • Redução das taxas de juro dos depósitos a prazo e dos certificados de aforro – Penalizam a poupança;
  • Redução das taxas de juro dos créditos, em especial do crédito para compra de habitação (já temos ouvido que podemos ter, em breve, spreads abaixo de 1%);
  • Maior abertura dos bancos para a concessão de crédito;
  • Aumento das comissões cobradas pelos bancos aos seus clientes (na prática, se os bancos não concederem crédito irão ter rentabilidade mais reduzida, pelo que terão de a compensar como fazem sempre… aumentando comissões).
  • Aumento do investimento imobiliário em Portugal, com consequente subida de preços das casas (as pessoas estão a voltar-se para a compra para arrendamento como forma de obter mais rendimento).

O que fazer?

Em breve esperamos estes impactos. Assim, poderá ser boa altura para rever as condições dos seus créditos, consolidar créditos, comprar casa para investimento… isto porque a poupança será muito penalizada e porque o crédito deve-se tornar mais barato.